Chama-se MoveWaste e pretende reduzir o desperdício alimentar, reintroduzindo-o novamente na cadeia económica e na sociedade através de diversas aplicações. A ideia, da autoria de uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), venceu a edição nacional da competição DigiEduHack – Hack the Food System, cabendo-lhe agora representar Portugal na corrida ao prémio internacional patrocinado pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT).  

“O MoveWaste fornece dicas para reduzir o desperdício alimentar e proporciona uma plataforma de conexão entre os “produtores” deste desperdício e os “investidores” que irão transformá-lo em produtos de elevado valor económico”, explica Vítor Freitas, docente e investigador da FCUP, responsável pelo grupo de investigação de Química Orgânica Aplicada, do Laboratório de Química Verde.

Para fazer face a um “problema urgente”, os investigadores idealizaram uma “plataforma digital” que se pretende interativa. Com recurso a alguns elementos de gamificação, o objetivo é “reunir e consciencializar a indústria, os serviços de restauração, supermercados, cantinas e os consumidores domésticos para reduzir o desperdício alimentar”.

A equipa do Departamento de Química e Bioquímica da FCUP, composta por Catarina Bessa Pereira, Elsa Brandão, Ricardo Dias, Rosa Pérez-Gregorio e Susana Soares, pretende unir consumidores, empresas, municípios e organizações sem fins lucrativos, envolvidas na transformação de resíduos alimentares, em novos produtos de valor acrescentado e recursos valiosos, como fertilizantes, materiais de construção, energia entre outros produtos inovadores com aplicação têxtil e farmacêutica.

Um projeto a pensar nos municípios 

Caso a ideia venha a ser implementada, os municípios serão os principais beneficiários. “A nossa plataforma constitui uma oportunidade única para as autarquias não só reduzirem gastos relacionados com a gestão e monitorização de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários, mas também de intervirem ativamente na reutilização e valorização de lixos”, refere Vítor Freitas.

O objetivo é que os estabelecimentos de restauração, cantinas escolares e hospitalares, supermercados e zonas residenciais possam agendar ou ter acesso a horários de recolha coletiva e seletiva de resíduos orgânicos de acordo com o interesse e articulação do sector industrial.

Para além disso, a app MoveWaste disponibilizará também receitas simples e criativas de sobras que podem ajudar os utilizadores a economizar tempo, dinheiro e a alimentar-se de forma saudável.

Segundo Vítor Freitas, “a ideia de criar este projeto surgiu no âmbito do evento nacional, Lisbon DigiEduHack – Hack the Food System, organizado pela Business Global Innovators (BGI) que pretendeu identificar abordagens empreendedoras e métodos educacionais tendo em vista a inovação e o empreendedorismo na área alimentar”, conta. À conta desta ideia, vão entrar numa próxima fase da competição em que o júri de especialistas vai selecionar entre 10 a 12 soluções finalistas.

Por agora, já existe um pedido de patente em relação à ideia desenvolvida e será desenvolvido um plano de negócios. “Depois vamos avançar com o processo de construção da plataforma e arranque de contactos com os potenciais clientes”, remata Vítor Freitas.

Sobre o Lisbon DigiEduHack – Hack the Food System

O Lisbon DigiEduHack – Hack the Food System, que decorreu nos dias 12 e 13 de novembro, pretendeu identificar abordagens empreendedoras e métodos educacionais tendo em vista a inovação e o empreendedorismo na área alimentar.

Esta iniciativa foi realizada paralelamente a nível mundial e patrocinada pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT) no âmbito do Plano de Ação de Educação Digital da Comissão Europeia.

Próximos passos do concurso…

A seleção das 10 a 12 soluções finalistas decorre entre novembro deste ano e janeiro do próximo ano. Esta seriação será feita com base na avaliação de um painel de 13 profissionais ligados à área da educação, empreendedorismo e consultadoria. As soluções selecionadas serão então afixadas no website Unite Ideas website para votação pública.

Em abril de 2021, as três soluções mais votadas serão declaradas vencedoras globais do DigiEduHack 2020, e cada equipa receberá um prémio de 5 mil euros para investir na sua ideia.