Em 2019, cabe ao Porto receber alguns dos mais talentosos jovens programadores do mundo.

Chegou ao Porto a maior, mais antiga e mais prestigiada competição de programação informática do mundo. Organizada este ano pela Universidade do Porto, a Final Mundial do Internacional Collegiate Programming Contest (ICPC) 2019 arrancou este domingo, dia 31 de abril, e vai até 5 de abril, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto. Por ali vão passar os mais talentosos jovens programadores do mundo, numa semana em que o Porto vai tornar-se uma verdadeira capital mundial da tecnologia e da inovação.

Resultado de uma operação inédita, que vai mobilizar a presença de 1500 participantes e também de cerca de 150 estudantes voluntários oriundos de todas as faculdades da U.Porto, o ICPC 2019 terá como ponto alto a Final Mundial agendada para quinta-feira, 4 de abril, dia em que 135 equipas de jovens programadores de 47 países diferentes vão defrontar-se durante cinco longas horas de competição. Entre eles inclui-se, pela primeira vez, uma equipa portuguesa, que vai competir em representação da U.Porto.

A Final Mundial do ICPC 2019 vai juntar 135 equipas de 47 países diferentes(Foto: Bob Smith)

Foi em outubro passado que a Universidade do Porto foi selecionada para organizar, pela primeira vez em Portugal, a Final Mundial da edição 2019 do ICPC. No momento da assinatura do protocolo entre as entidades, o Diretor Executivo do ICPC, Bill Poucher exprimiu a sua gratidão à U.Porto por “assumir a liderança” nesta edição do evento e o Vice-Reitor da instituição, Fernando Silva, deixou o seu desejo de que a presença edição se torne não só um momento memorável para os participantes, mas também que tenha um grande impacto na cidade e no norte de Portugal.

Com o evento à porta, também o Reitor da U.Porto destaca aquela que será “uma excelente oportunidade de promoção internacional do país, da cidade do Porto e da sua Universidade”. Num artigo de opinião publicado no jornal PÚBLICO, António de Sousa Pereira nota que o ICPC 2019 vai ser um evento que potencia “o brain gain”, “se conseguirmos promover eficientemente as nossas vantagens competitivas: qualidade dos centros de I&D, dinamismo do ecossistema empreendedor, oportunidades de realização profissional, ambiente tech-friendly, mas também qualidade de vida, cultura, património, clima e segurança”, acrescenta.

A primeira vez de Portugal

Ricardo Pereira, Alberto Pacheco e Gonçalo Paredes vão representar, pela primeira vez, Portugal e a U.Porto na grande final do ICPC. (Foto: U.Porto)

A primeira edição da Final Mundial do ICPC em Portugal marca também a estreia de uma equipa portuguesa na grande decisão da competição. Uma história que começou a desenhar-se em dezembro do ano passado, quando Alberto Pacheco, Gonçalo Paredes e Ricardo Pereira, todos eles estudantes da Faculdade de Ciências da U.Porto, viajaram até Paris para participar no Southwestern Europe Regional Contest (SWERC) 2018, uma das várias eliminatórias que, a nível global, serviram para apurar os maiores talentos do mundo na área da programação a fim de os poder juntar no Porto. Nesse evento, a equipa “FCUP 1” cimentou a posição da U.Porto enquanto melhor universidade nacional no concurso  (a instituição já era responsável por 16 das melhores classificações de equipas portuguesas, nas últimas duas décadas). Mas a equipa da U.Porto foi mais longe e, amealhando uma medalha de bronze, garantiu o acesso à grande Final Mundial.

Em entrevista ao Notícias U.Porto, Alberto, Gonçalo e Ricardo recordaram o sucesso da prova de Paris e partilharam as expectativas para a grande Final Mundial. Ricardo contou que “o ambiente de prova é sempre muito interessante” e também que “foi agradável vermos pessoas que já tínhamos conhecido anteriormente, participantes de outros países.” O seu colega Gonçalo explicou o grande repto que aceitaram: “O facto de haver 12 problemas em 5 horas é um desafio difícil e que requer trabalho e trabalho de equipa e de coordenação, e de criatividade para resolver os problemas.” Em antevisão à final, Alberto perguntou aos colegas: “Há quantos anos é que Portugal participava na Eurovisão?” A prova que vão enfrentar não será, de facto, fácil, mas, para Alberto, “estar acima do meio da tabela, ficar à frente das outras equipas europeias já era um bom começo, visto que nós fomos medalha de bronze [na eliminatória de Paris].”

Para os três estudantes da FCUP, mas também para aspirantes a programadores de todo o mundo, a Final Mundial do concurso vai ser o ponto alto de vários meses de competição. Só na presente edição, a maior de sempre, já participaram cerca de 50 mil estudantes, acompanhados por mais 5 mil treinadores, representando mais de 3 mil universidades de 111 países, distribuídos por eliminatórias em 530 pontos diferentes do globo. Ao Porto chegam agora 400 dos mais dotados programadores, dispostos por 135 equipas que, depois de ultrapassarem todas as fases preliminares, vão agora lutar pelo título de Campeões Mundiais. Os países mais representados nesta edição são os EUA, a China, a Índia e a Rússia (atual detentora do troféu), mas há também comitivas numerosas de países como o Brasil, a Síria ou o Egito, entre um total de 47 nacionalidades.

Uma semana de ebulição tecnológica

Mas nem só da grande Final Mundial de dia 4 se fará a passagem do ICPC pelo Porto. Ao longo de seis dias, a cidade Invicta vai tornar-se uma autêntica capital mundial da tecnologia e da inovação, em resultado de um programa alargado de iniciativas a decorrer na Alfândega do Porto e no Porto Innovation Hub.

Do programa de atividades consta uma competição de programação – o TOPAS – organizada pela Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP), a edição 2019 das Olimpíadas Nacionais de Informática, uma hackathon, encontros privilegiados entre grandes empresas e jovens empreendedores, conferências sobre o futuro da tecnologia ou debates sobre o mercado único digital. A pensar nos concorrentes do concurso, mas também no público em geral, será ainda disponibilizado um espaço de Tech Showcase/Chillzone, para que todos os concorrentes possam relaxar e interagir com outras equipas, mas também para que toda a comunidade possa conhecer e experimentar tecnologia inovadora.

A decorrer entre os dias 1 e 4 de abril, esta iniciativa –  cortesia da U.Porto, da Porto Digital e da ICPC Foundation – dará ainda aos visitantes a oportunidade de descobrir em é que as grandes empresas estão a trabalhar e também de fazer contactos com responsáveis de algumas das maiores marcas da área, como a Huawei, a JetBrains ou a Endure.

Ainda durante esta segunda-feira, vários participantes de edições anteriores do ICPC e que, entretanto, singraram também a nível profissional, vão debater “The Future of Tech Industry Jobs: Learning from ICPC Alumni and Key Industry Leaders” numa sessão promovida pela ICPC Alumni Association. Tendo como mote o futuro do trabalho na indústria tech, os ex-concorrentes vão partilhar as suas experiências enquanto fundadores e engenheiros de software em grandes multinacionais.

O ICPC Challenge é um pequeno concurso que dá aos participantes a oportunidade de aprender sobre temas da computação com atualidade e pertinênca para a indústria. Este challenge apresenta sempre um problema de algum domínio da computação mas que pode ser muito diferente dos típicos problemas das várias eliminatórias do ICPC, que os concorrentes tão bem conhecem. Dura 3 horas e vai desenrolar-se ao longo da tarde desta terça-feira, dia 2 de abril. Para o mesmo dia, está agendada uma excursão que vai mostrar as maravilhas do centro histórico do Porto a todos os que nesta semana vão passar pela Invicta.

A cerimónia de abertura decorre esta terça-feira, a partir das 17 horas, na Sala Suggia da Casa da Música.

O ICPC vai assegurar a transmissão em direto de vários momentos da semana, incluindo os Tech Showcase/Chillzone, ICPC Challenge ou a Final Mundial do ICPC, através do canal YouTube ICPC Live.

Acompanhe a par e passo os eventos do ICPC através das redes sociais da U.Porto (Facebook, Instagram e Twitter) e do ICPC (Facebook, Instagram e Twitter).