O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) vai assinalar, na tarde do próximo dia 5 de maio, o seu 46.º aniversário, prestando um tributo a Maria de Sousa, numa altura em que se assinala um ano sobre a morte da histórica professora da Universidade do Porto 

Para além do descerramento de uma placa de homenagem à imunologista, o Dia do ICBAS 2021 inclui ainda a realização do simpósio científico “Journeys with Maria de Sousa”, com a participação de investigadores de instituições científicas nacionais.

Ainda antes do simpósio e do descerramento da placa, caberá ao Diretor do ICBAS, Henrique Cyrne de Carvalho, abrir as comemorações, a partir das 14h30. A sessão contará ainda com as intervenções do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e do Reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira.

O Dia do ICBAS 2021 terá transmissão online e em direto no YouTube da Universidade do Porto.

Os interessados poderão assistir presencialmente ao simpósio científico “Journeys with Maria de Sousa”, a decorrer a partir das 16h00, no Salão Nobre do ICBAS. Para tal, deverão preencher o respetivo formulário de inscrição (pendente de confirmação pela comissão organizadora).

Sobre Maria de Sousa

Nascida em Lisboa em 1939 e licenciada em Medicina em 1963, Maria de Sousa (1939-2020) cedo deixou Portugal para prosseguir a sua carreira académica científica em Inglaterra, Escócia e Estados Unidos, onde dirigiu o Laboratório de Ecologia Celular do prestigiado Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova Iorque. Foi nessa fase que se distinguiu internacionalmente enquanto autora de vários artigos científicos fundamentais para a definição da estrutura funcional dos órgãos que constituem o sistema imunológico, entre os quais o que consagrou a descoberta da área timo-dependente (1966), hoje conhecida universalmente por área T.

Foi precisamente o seu trabalho em doentes com hemocromatose hereditária que trouxe Maria de Sousa para o ICBAS em 1985, para fundar o Mestrado em Imunologia. Enquanto docente e investigadora da U.Porto, foi responsável pela constituição de uma equipa de investigação nova no campo da hemocromatose, repartida pelo ICBAS, pelo Hospital Geral de Santo António e pelo então novo Instituto de Biologia Celular e Molecular (IBMC).

Em 1996, encabeçou a criação do Programa Graduado em Biologia Básica e Aplicada (GABBA), um programa pioneiro em Portugal, resultado da colaboração entre o ICBAS, as faculdades de Ciências (FCUP) e de Medicina (FMUP), o IBMC, o Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) e o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular (IPATIMUP) da U.Porto (estes três últimos, integrados atualmente no i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto).

Condecorada pela Presidência da República Portuguesa em três ocasiões (Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique em 1995, Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada em 2012 e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada em 2016, Maria de Sousa recebeu inúmeras distinções nacionais e internacionais. Entre as mais relevantes incluem-se o Grande Prémio Bial de Medicina (1995), o prémio “Estímulo à Excelência”, atribuído pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2004), o Prémio Universidade de Coimbra (2011), o Prémio Universidade de Lisboa, em 2017, ou o Prémio Mina Bissel, em 2018.

Em outubro de 2009, assinalou a sua jubilação como Professor Catedrática do ICBAS com uma Última Aula no Salão Nobre da Reitoria, o mesmo local onde, um ano mais tarde, lhe seria confiado o título de Professora Emérita da Universidade do Porto.

Maria de Sousa faleceu a 14 de abril de 2020, vítima de COVID-19. Em julho desse ano, o i3S prestou-lhe homenagem atribuindo o seu nome à biblioteca do instituto.