O projeto NEUROSENSE, liderado pelo investigador Carlos Conde, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi recentemente financiado com quatro milhões de euros no âmbito do Programa Pathfinder Open do Conselho Europeu de Inovação. O projeto, que irá arrancar em junho e será desenvolvido durante os próximos quatro anos, tem como objetivo criar o primeiro sensor para antecipar ataques de epilepsia com risco de vida e desencadear a administração automática de drogas para prevenir a morte súbita.

A Morte Súbita em Epilepsia (SUDEP) é a principal causa de morte relacionada com epilepsia e não existe qualquer dispositivo médico preditivo ou tratamento preventivo disponível, pelo que a criação de um sensor que acompanhe o paciente, proposta por esta equipa de investigadores, reveste-se de particular importância.

Este sensor, revela Carlos Conde, “é um pequeno aparelho de 3-4 centímetros que está desenhado para ser aplicado sobre a pele e que, através de um conjunto de microagulhas e microcapilares, consegue extrair e processar o fluído intersticial de forma contínua”.

O dispositivo, acrescenta o investigador, “permitirá, pela primeira vez, uma avaliação contínua, totalmente automatizada e ilimitada de risco de morte súbita por epilepsia através da utilização de elementos de bioreconhecimento sintéticos e semi-sintéticos”. Para além disso, “permitirá também às empresas farmacêuticas desenvolver a primeira geração de fármacos visando a prevenção da SUDEP, cumprindo a sua contribuição para a erradicação da principal causa de morte relacionada com a epilepsia”,

Segundo o investigador do i3S, o NEUROSENSE “encontra-se numa posição única para ter sucesso e aumentar a competitividade europeia na área da epilepsia, especificamente no domínio estratégico dos dispositivos médicos de epilepsia orientada por Inteligência Artificial”.

Esta proposta resulta de uma colaboração com João Ferreira, da startup portuguesa BIOSTRIKE, a que se juntou também um consórcio de instituições científicas constituído pelo Karolinska Institutet (Suécia), Centre National de la Recherche Scientifique (França), Centre Hospitalier Universitaire Vaudois (Suíça), Filadelfia Epilepsy Hospital (Dinamarca) e Kinetikos – Driven Solutions S.A. (Portugal).

Sobre o Pathfinder Open

O Pathfinder Open é um instrumento financeiro do Conselho Europeu de Inovação de apoio a projetos de I&D que visam o desenvolvimento de novas tecnologias inovadoras, disruptivas e revolucionárias, em estágio inicial e de diversas áreas.

No programa deste ano, para além do projeto do i3S, foram financiados mais dois projetos coordenados por Portugal: CATCHER, um projeto na área das energias renováveis liderado pela NOVA.ID.FCT – Associação para a Inovação e Desenvolvimento da FCT; e um projeto do IST-ID, também na área da saúde, denominado NanoXCAN.