Nuno Rodrigues dos Santos liderou a equipa de investigadores do i3S e do CBMR. (Foto: i3S)

Uma equipa de investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) e do CBMR – Centro de Investigação em Biomedicina, da Universidade do Algarve (CBMR) publicou recentemente um artigo na revista Carcinogenesis, no qual revelam que, no caso da leucemia linfoblástiga aguda, as células saudáveis podem influenciar o processo de desenvolvimento e formação da doença.

No caso específico, o artigo aborda a forma como as células epiteliais (não malignas) do timo – um órgão que está localizado no esterno e é responsável pelo desenvolvimento e seleção de linfócitos tipo T – pode colaborar no desenvolvimento de leucemia linfoblástica aguda de células T, um cancro do sangue, especialmente frequente em crianças, que se caracteriza por um aumento descontrolado do número de glóbulos brancos.

O estudo, desenvolvido em modelos animais, «mostra que os linfócitos malignos surgem no timo e que este sofre uma série de alterações celulares à medida que a doença progride», explica Nuno Rodrigues dos Santos, investigador do i3S que liderou o trabalho. Uma análise detalhada revela ainda que este tipo de linfócitos se tornam malignos precisamente no timo, aquando do seu processo de maturação.

Os investigadores observaram também que as células epiteliais de linfomas tímicos apresentam características distintas das de timos saudáveis. Assim, e de acordo com a equipa, foi possível observar que «os murganhos transgénicos TEL-JAK2 com expressão reduzida de FoxN1, um fator de transcrição vital para as células epiteliais do timo, desenvolviam leucemia de forma mais lenta do que os restantes».

A investigação permite ao grupo de cientistas concluir que um melhor conhecimento dos fatores microambientais que favorecem o desenvolvimento e progressão da doença pode contribuir para revelar novos alvos terapêuticos. Os resultados, sublinhe-se, são de particular interesse na investigação da leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T, uma doença que se estima que afete cerca de 0,3 por cada 100.000 pessoas.