Um estudo que apresenta uma nova terapia celular para pacientes com enfarte do miocárdio, desenvolvido por uma equipa de cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), conquistou recentemente o terceiro lugar da 5.ª edição do Prémio AIDFM-CETERA, que distingue os melhores artigos científicos publicados em 2021 na área da investigação cardiovascular.

Neste estudo, publicado na revista Frontiers in Cell and Developmental Biology, os investigadores do grupo «Stem Cells in Regenerative Biology and Repair» do i3S avaliaram o efeito terapêutico de células mesenquimais estaminais isoladas de dois cordões umbilicais distintos num modelo animal de enfarte do miocárdio. E mostraram que ” a administração destas células do tecido do cordão umbilical tem efeitos terapêuticos consistentes e duradouros”, explica Tiago Laúndos dos Santos, estudante do programa doutoral GABBA e primeiro autor do artigo.

A eficácia desta terapia celular, “associada à facilidade de obtenção e alta compatibilidade com qualquer paciente, posicionam este produto terapêutico como um dos mais promissores para aplicação após enfarte de miocárdio, apresentando-se como um auxiliar terapêutico seguro e eficiente”, acrescenta Diana Nascimento, última autora do artigo e coordenadora deste trabalho de investigação.

Como explica a investigadora do i3S e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da U.Porto (ICBAS-UP), as células mesenquimais estaminais derivadas do tecido do cordão umbilical “são muito importantes num contexto de enfarte do miocárdio porque produzem fatores que estimulam a sobrevivência celular e a formação de novos vasos e ainda regulam a formação de fibrose”.

Além disso, acrescenta Diana Nascimento, “o processamento de apenas um cordão umbilical resulta na produção de um grande número de células e, ao contrário de outras terapias celulares, estas células têm mecanismos que lhes permitem “escapar” ao sistema imune do paciente transplantado, pelo que não é necessário verificar se existe compatibilidade”.

Adicionalmente, acrescentam os autores, “este trabalho mostra que existem dadores com maior potencial do que outros”, o que significa que “é necessária uma melhor caracterização destas células mesenquimais estaminais do cordão umbilical para ser possível selecionar os dadores que poderão ter maior eficácia terapêutica”.

O 1º lugar da 5ª edição do Prémio AIDFM-CETERA foi atribuído a Ana Catarina Elias, pelo artigo «The ratio of furosemide dosage to urinary sodium concentration predicts mortality in patients with chronic stable heart failure» e o segundo prémio coube a Tiago Pereira da Silva, primeiro autor do artigo «The Proinflammatory Soluble CD40 Ligand Is Associated with the Systemic Extent of Stable Atherosclerosis».

Os prémios foram entregues no XII Congresso Novas Fronteiras em Medicina Cardiovascular, que decorreu entre os dias 11 e 13 de fevereiro.