Uma equipa de investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), liderada por Elsa Logarinho, publicou um artigo na prestigiada revista científica Nature Aging onde descreve os efeitos do gene FOXM1 em modelos de ratinho de envelhecimento prematuro (progeria) e de envelhecimento natural e demonstra que a indução deste gene não só melhora os danos existentes nos órgãos, como aumenta a longevidade em cerca de 30%. A descoberta teve honras de capa de revista.

O envelhecimento é caracterizado por uma perda gradual das funções molecular, celular, tecidual e do organismo, o que representa um fator de risco para doenças crónicas e declínio da saúde em geral.

Neste novo trabalho, Elsa Logarinho avançou com estudos pré-clínicos em modelos animais de progeria e envelhecimento natural. O estudo forneceu um suporte in vivo para o desenvolvimento de terapias baseadas em FOXM1 para atrasar o envelhecimento. Esta abordagem, garante a investigadora, “representa uma intervenção unificada contra várias comorbilidades do envelhecimento e uma terapia eficaz para a progeria”.

A descoberta mereceu honras de capa na edição de maio de 2022 da revista «Nature Aging».

A equipa de investigação do i3S já tinha descoberto que o envelhecimento de células da pele humana está intimamente relacionado com a repressão do gene FOXM1 ao longo da idade. Este trabalho anterior, desenvolvido in vitro com modelos celulares, foi publicado na Nature Communications e descrevia como o aumento da expressão deste gene revertia as características de envelhecimento celular.

No seguimento dessa descoberta, os investigadores questionaram se a expressão deste gene, com amplo efeito em processos celulares, seria capaz de inibir o envelhecimento patológico e fisiológico de um organismo.

“Descobrimos que a indução cíclica de FOXM1 neutraliza o envelhecimento associado à repressão deste gene nos ratinhos com progeria e idade avançada, o que resulta na atenuação de várias características do envelhecimento celular (incluindo instabilidade genómica, alterações epigenéticas e senescência)”, explica Elsa Logarinho.

Os primeiros autores do artigo, Rui Ribeiro e Joana Macedo, adiantam que “o esquema de indução cíclica também melhorou as anomalias esqueléticas, a lipodistrofia (perda de gordura), a disfunção cardíaca e a aterosclerose da aorta nos ratinhos com progeria Hutchison-Gilford (Fig. 1)”.

O estudo demonstra ainda que a expressão de FOXM1 neutraliza características de envelhecimento natural da aorta e do músculo esquelético, restaurando sinais pró-inflamatórios e metabólicos dos tecidos normalmente associadas a algumas intervenções de longevidade.