“O primeiro passo para uma verdadeira fusão” e para a consolidação de “uma instituição com gestão única e integrada”. É deste modo que o novo diretor do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, Claudio Sunkel, classifica a constituição da nova Associação i3S, oficializada esta sexta-feira, numa cerimónia que contou com a presença de Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Quatro anos após a criação da que é hoje a maior unidade de investigação em saúde de Portugal, o “super instituto” que reúne os esforços do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) e do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da U.Porto (IPATIMUP) prossegue assim o seu caminho de consolidação, agora na forma de “uma associação de direito privado de carácter científico e tecnológico, sem fins lucrativos” e com estatutos próprios.

“Os novos estatutos são mais do que um conjunto de normas.  São a constituição formal de uma nova Instituição de Investigação no panorama português e internacional”, concretiza Claudio Sunkel.

O que muda com a nova associação?

“O i3S já era uma unidade de investigação, reconhecida pela FCT [Fundação para a Ciência e Tecnologia], mas era composta por três instituições diferentes. Os aspetos formais e administrativos eram separados, complicando a forma como a unidade se articula interna e externamente o que, de certa forma, impede um sentido de pertença pleno. O passo que hoje estamos a assumir é o primeiro para uma verdadeira fusão; o de uma instituição com gestão única e integrada, para a qual os recursos das anteriores irão transitar”, explica Claudio Sunkel.

E se, do ponto de vista científico, “as linhas mestras da investigação que fazemos, mantêm-se tal como as concebemos para o consórcio”, o novo diretor realça as mudanças no funcionamento do instituto. “Os estatutos da nova instituição têm coisas inovadoras, como o maior envolvimento dos investigadores na gestão e orientação científica do i3S”. Ou seja, “todos os colaboradores estarão representados em órgãos onde podem ser ouvidos e contribuir de forma positiva para o sucesso do i3S”.

Claudio Sunkel sucede a Mário Barbosa na liderança do i3S. (Foto: Anabela Nunes/i3S)

Mas a nova realidade coloca também novos desafios no horizonte do instituto. A começar pela garantia do “financiamento base para o funcionamento de uma estrutura desta dimensão”, o que passará por “ter sucesso na candidatura a Laboratório Associado”.

Desafiante será também a “integração completa dos três institutos no i3S”. A este propósito, Claudio Sunkel admite que o plano acordado “irá demorar algum tempo para ser finalizado”. Contudo, “aquilo que estamos a fazer hoje demonstra que é possível e desejável encontrar novas formas de integração que permitam alcançar outros patamares de excelência nesta área de investigação. E isso leva-nos ao nosso maior desafio e que nos serve de mote: «transformar a saúde através da investigação»”, remata o também docente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Esforço conjunto

Para além dos três institutos base, a cerimónia de assinatura dos estatutos do “novo” i3S contou com a participação das várias entidades que passam a integrar a nova associação, na qualidade de associados fundadores.  São elas a Universidade do Porto, o Politécnico do Porto, o Centro Hospitalar Universitário o Porto (CHUP), o Centro Hospital Universitário de São João (CHUSJ), a farmacêutica Bial e o Health Cluster Portugal.

Para o Reitor da U.Porto, “esta assinatura marca o início de um caminho verdadeiramente partilhado dentro do i3S, que passa também também pela reorientação estratégica do instituto, agora mais centrado na condução de investigação clínica“, destaca António de Sousa Pereira.

A cerimónia de assinatura dos estatutos da nova associação decorreu no Auditório Mariano Gago, do i3S. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

 “Maior otimização de recursos”

A história do i3S começou a ser contada em 2003, com a assinatura de um primeiro protocolo de cooperação entre o IBMC, o INEB e o IPATIMUP. Mas o que começou por ser “uma confluência de aspirações de investigadores e órgão dirigentes dos institutos fundadores” rapidamente se transformaria no objetivo de constituir um centro de investigação de excelência internacional na área das Ciências da Saúde.

“Esse objetivo claro levou-nos à constituição da unidade de investigação i3S, com caraterísticas únicas no País, pela sua interdisciplinaridade, abrangência temática e ligação à Universidade e à sociedade”, recorda Mário Barbosa, o diretor cessante.

A criação do i3S enquanto unidade de investigação foi formalizada em maio de 2015, ano em que os três institutos fundadores passaram também a ocupar um edifício comum, no polo da Asprela. Aqui, nota Mário Barbosa, “passou a ser prevalente o espírito de partilha e pertença ao novo instituto”, cuja estrutura conta atualmente com um corpo científico composto por 823 investigadores (533 doutorados ) 67 grupos de investigação e 13 plataformas científicas.

Sobre o “novo” i3S, o diretor cessante acredita que “os estatutos irão permitir uma gestão mais integrada, com uma maior otimização de recursos, mas mantendo, no essencial, a estrutura científica que foi construída coletivamente desde a criação da unidade de investigação”.

A cerimónia contou com as intervenções do Ministro da Ciência, Ensino Superior e Tecnologia, Manuel Heitor, do Reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, e do diretor cessante do i3S, Mário Barbosa. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)