drogasA Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) acolheu no passado dia 29 de setembro uma reunião de trabalho conduzida pela organização não-governamental Harm Reduction International (HRI). O encontro, integrado no projeto HARM REDUCTION WORKS!,  teve como objetivo apresentar os resultados preliminares de uma série de estudos levados a cabo em diversos países europeus, incluindo Portugal, sobre o financiamento e as técnicas usadas na redução de riscos para a saúde em grupos vulneráveis (pessoas que usam drogas, portadores de HIV/SIDA, trabalhadores do sexo, entre outros).

Estas reuniões estão a ser promovidas em diferentes regiões europeias, tendo a escolha do local para realização do encontro destinado às nações do sul da Europa recaído sobre a U.Porto por se estar a delinear uma possível futura parceria dessa ONG com o CINTESIS (Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde) –  uma Unidade de Investigação, sedeada na FMUP, com uma forte produção científica na área da Evidência Clínica, Avaliação de Tecnologias, Decisão e Políticas de Saúde.

A Harm Reduction International é uma organização não-governamental com grande influência ao nível da investigação, legislação e criação de políticas sobre o uso de drogas, questões de saúde e direitos humanos. Trabalha no sentido de promover e ampliar as medidas de redução dos riscos para a saúde entre grupos específicos da população, tais como os consumidores de drogas que habitualmente são vítimas de discriminação e afastados do acesso igualitário à Saúde. A redução dos riscos passa concretamente pela diminuição das hipóteses de infeção por VIH/SIDA e hepatite entre os utilizadores de substâncias psicoativas.

Olga Szubert, da HRI, foi uma das palestrantes do encontro, tendo sublinhado que a prevalência de HIV entre os consumidores de drogas é 28 vezes maior do que a referente à população em geral. De acordo com um relatório desta ONG, as novas infeções por HIV entre pessoas que injetam drogas poderiam ser virtualmente eliminadas até 2030, se uma pequena percentagem dos gastos globais do controlo de drogas fosse canalizada para programas de “redução de riscos”. Redirecionando 7,5 porcento do dinheiro gasto na luta contra as drogas, poderiam reduzir-se as mortes por o HIV entre os utilizadores de drogas em 94 porcento!

Em 2014, o nosso país investiu 3,3 milhões de euros em 38 projetos de redução de riscos, revelam dados preliminares do estudo desenvolvido por Marta Pinto, da Agência Piaget para o Desenvolvimento e representante da HRI em Portugal. A investigadora acrescenta que, embora haja empenho da parte do Estado em financiar estes projetos, existe uma suborçamentação dos mesmos.