Chegou, recentemente, pelo correio, ao departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), para surpresa do docente José Carlos Santos. Afinal, não esperava que o engenheiro civil húngaro Gábor Domokos  fosse oferecer à instituição um exemplar do Gömböc , o sempre-em-pé a que o professor da FCUP dedicou um artigo na revista Gazeta da Matemática, em março deste ano.

Mas o que é o Gömböc e o que tem de especial? “Um sempre-em-pé é um objeto que, pousado numa superfície horizontal e numa determinada posição, fica sempre da mesma maneira”, explica José Carlos Santos. “Esta propriedade do sempre-em-pé deve-se ao facto de a sua massa estar quase toda concentrada junto da base”, podemos ler no artigo que publicou. A diferença é que Gömböc é feito com um material homogéneo.

“O autor viu o artigo, enviou-me um e-mail a perguntar se eu era o autor e disse-me que tinha todo o gosto em oferecer-me um exemplar”, conta. “Ele teve o trabalho de ver em que ano é a FCUP foi fundada, em 1911, mas, infelizmente, o exemplar com esse número já tinha sido atribuído. Teve então o cuidado de ver as escolas mais antigas que deram origem à Universidade do Porto e o número 1836, ano em que foi criada a Escola Médico Cirúrgica, estava disponível”. A cada objeto é atribuído um número e, no Gömböc oferecido à FCUP, ficou gravado esse ano.

Agora, o Gömböc está à vista no departamento de Matemática, juntamente com um certificado emitido pelo autor.

(Foto: DR)

Os desafios do Gömböc

“Gömböc”, que se pronuncia “gombetz”, é um diminutivo de “gömb”, que significa “esfera” em húngaro.

“É possível provar que um tal corpo tem, além do ponto de equilíbrio estável, pelo menos um ponto de equilíbrio instável. E isto leva a um novo desafio: será possível construir um corpo monostático com um único ponto de equilíbrio instável? Um tal objeto vai ser designado por “corpo mono-monostático””, lê-se no artigo de José Carlos Santos.

Gábor Domokos foi desafiado, em 1995, pelo matemático russo Vladimir Arnold a saber se existia algum corpo mono-monostático. Juntamente com o seu aluno de doutoramento Péter Várkonyi, conseguiu demonstra-lo já em 2006, com a criação do Gömböc.