A cerimónia dos Prémios APOM 2018 contou com a intervenção do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa. (Foto: Presidência da República).

A Galeria da Biodiversidade do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) acaba de ser distinguida pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM) com o Prémio “Trabalho de Museografia”, em reconhecimento da criatividade e qualidade da sua componente expositiva e da capacidade de ligação cognitiva e afetiva com o público.

Na presença do Presidente da República e do Ministro da Cultura, a cerimónia de entrega de prémios, que teve lugar na sexta-feira, 25 de maio, no Museu Nacional dos Coches (Lisboa), contou com mais de 200 profissionais ligados à área dos museus que se encontraram para ver reconhecidos os melhores trabalhos de museologia desenvolvidos ao longo do último ano.

Os Prémios APOM servem precisamente como forma de reconhecimento do mérito na área da museologia em Portugal. Anualmente, a associação distribui um conjunto de prémios em organizados em categorias como comunicação, marketing, conservação, museografia, entre outras, com o objetivo de incentivar a criatividade dos agentes e instituições de museologia nacionais, reconhecendo o seu contributo e dando visibilidade ao que de melhor se faz nesta área.

A edição deste ano contou com 253 candidaturas, envolvendo instituições de Portugal continental e regiões autónomas, bem como projetos expositivos e de divulgação cultural no estrangeiro.

A Galeria da Biodiversidade –  Centro Ciência Viva foi considerada um dos mais recentes casos de sucesso ao nível do envolvimento do público com um espaço museológico. Aberta ao público desde 30 de junho de 2017, mais de 70 000 pessoas visitaram até ao momento este polo do MHNC-UP, concebido numa lógica de integração e abertura universal, como espaço de encontro e conversação.

A Galeria da Biodiversidade foi distinguida com o Prémio “Trabalho de Museografia” pelo , em reconhecimento da criatividade e qualidade da sua componente expositiva.

Resultado do trabalho de uma equipa multidisciplinar liderada por Nuno Ferrand de Almeida, biólogo e diretor do MHNC-UP, Jorge Wagensberg, museógrafo e comunicador de ciência espanhol, e Luís Mendonça, designer e criativo, a Galeria da Biodiversidade apresenta uma linguagem museográfica que tem como princípio orientador a indução do estímulo sensorial, afetivo e cognitivo. Nela convivem objetos reais e fenómenos, desafiando os visitantes a compreender a diversidade da vida e os processos evolutivos que a originam e moldam.

A Galeria da Biodiversidade está instalada na Casa Andresen, em pleno Jardim Botânico do Porto, onde, entre o final da última década do século XIX e a década de 1930, viveram os avós de Sophia de Mello Breyner Andresen e onde a poeta e contista e o seu primo, também escritor, Ruben A. passaram muito do seu tempo de infância, o que acabaria por influenciar consideravelmente a sua obra, tal como se pode perceber pelas múltiplas referências que nela existem a este lugar mágico.

O trabalho de reabilitação arquitetónica do edifício, coordenado pelo arquiteto e docente da FBAUP Nuno Valentim, decorreu em duas fases: a primeira, desenvolvida tendo em vista o destino final do espaço, mas visando primeiramente acolher a grande exposição “A Evolução de Darwin”, ficou concluída em 2010. A segunda fase, desenvolvida em plena sintonia com a delineação do discurso museográfico e narrativa pensados para este polo do MHNC-UP, ficou finalizada em 2015, tendo permitido dotar o espaço de todas as condições necessária ao seu pleno funcionamento como espaço expositivo permanente.

Desde a sua abertura, em junho de 2017, a Galeria da Biodiversidade já recebeu mais de 70.000 visitantes.

No inovador trabalho de museografia patente na Galeria da Biodiversidade, a expressão artística de objetos de história natural e ciência torna-se predominante, expandindo o seu valor intrínseco. Surgindo como um espaço de confluência de saberes, em que a arte, literatura, história e ciência se combinam para contar as mais surpreendentes e entusiasmantes histórias sobre a vida, a Galeria da Biodiversidade constrói-se em torno metáforas museográficas, que, tal como descreveu Jorge Wagensberg, são “uma combinação de objetos e fenómenos capaz de tornar visível um pedaço invisível da realidade”.

O prémio para melhor trabalho de museografia concedido pela APOM é, assim, um reconhecimento do trabalho empreendido e uma validação deste projeto único.

Integrada num projeto museológico mais amplo que reflete a aposta da Universidade Porto numa maior ligação à comunidade através da promoção cultural e divulgação científica, a Galeria da Biodiversidade é, em conjunto com o Jardim Botânico do Porto, em que se inscreve, um de três polos do MHNC-UP que prometem alterar significativamente a face cultural da cidade do Porto.

Neste momento, enquanto esta se consolida como espaço de fruição intelectual e sensorial, o polo central cresce, num profundo processo de requalificação de espaços, reabilitação de coleções e definição de discurso museográfico atualmente em curso.