O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e o Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP), através do seu Centro Académico Clínico, adquiriram recentemente 25 mesas de simulação para os Serviços Clínicos do CHUP, com o propósito de complementar a formação dos estudantes nas várias áreas da Medicina.

Em tempos de pandemia, este apresenta-se como um projeto diferenciador no modelo formativo dos anos pré-clínico e clínicos do Mestrado Integrado em Medicina do ICBAS, sendo o CHUP o primeiro hospital central universitário do país a dispor deste equipamento em todas as áreas clínicas.

Esta plataforma digital de doentes virtuais – designada ‘Body Interact’  – permite, nas diferentes especialidades médicas, simular de uma forma realista e ensinar entrevista clínica, exame físico, avaliação diagnóstica e gestão do doente. Por outro lado, permite expor os futuros médicos a vários contextos e diferentes níveis de complexidade, garantindo uma aprendizagem adaptativa e evolutiva.

A disponibilidade de uma grande variedade de casos clínicos possibilita igualmente um ensino estruturado, organizado e não dependente da oportunidade do doente real internado num dado momento, capacitando os estudantes de medicina para a abordagem de cenários menos frequentes e em ambiente isento de risco.

“Muito intuitiva” e “realista”

Para já, as primeiras interações com a ‘Body Interact’ mereceram a aprovação por parte dos estudantes. Carolina Pires (21 anos) e Tomás Araújo (22 anos) frequentam o terceiro ano de Medicina no ICBAS e descrevem a plataforma como “muito intuitiva” e “realista”, para além de que transmite “confiança” na aprendizagem.

A plataforma ‘Body Interact’ permite simular diferentes cenários da prática clínica. (Foto: DR)

A ferramenta torna-se ainda mais importante num momento em que os alunos estão com acesso condicionado ao hospital. “Neste momento existem constrangimentos no acesso dos estudantes e ao contacto com os doentes [devido à COVID-19] e, assim, têm oportunidade de, antes de passar ao doente, passar pela simulação. Adequamos o ensino aos tempos atuais, mas isto é algo para ficar”, afirma o presidente do conselho de administração do CHUP, Paulo Barbosa.

“Já o fazíamos com outro tipo de técnicas e outro tipo de simuladores, mas este é um passo em frente. Ninguém pensa em meter-se num avião, sem que o piloto antes não tenha feito simulação”, acrescenta.

Já para o diretor do ICBAS, “este é um acréscimo ao modelo formativo, que nesta fase é particularmente importante porque as condições do ensino e da aprendizagem se modificaram”. “O resultado não é sempre o sucesso. Se for mal orientado, vai ser o insucesso, mas insucesso em simulação é formativo”, acrescenta Henrique Cyrne Carvalho.

Os estudantes terão acesso à plataforma através dos seus telefones e tablets, pelo que poderão aceder a um determinado cenário e treiná-lo em casa.

Além dos estudantes dos 3.º, 4.º, 5.º e 6.º anos do ICBAS, também médicos em formação ou especialistas do CHUP que queiram treinar novas técnicas terão acesso às mesas de simulação.