A Fundação Marques da Silva (FIMS) e a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) formalizaram oficialmente a junção dos respetivos arquivos, que resultará num novo centro de documentação da arquitetura portuguesa. Ao todo são cerca de 60 arquivos pessoais de arquitetos portugueses, relevantes para a caracterização da arquitetura desenvolvida em Portugal entre finais do século XIX e a primeira década do século XXI.

Definidas as condições de junção dos respetivos Centros de Documentação, a partir de agora, os acervos documentais passam a ser geridos, do ponto de vista operacional, pela FIMS. Os acervos incluem cerca 290.000 peças desenhadas, 550 maquetas, 23.000 publicações e 114.000 registos fotográficos e/ou digitais. O objetivo é exponenciar a produção de conhecimento, o desenvolvimento de linhas de investigação e a definição e metodologias de tratamento documental, nomeadamente no campo disciplinar da arquitetura e do urbanismo, enquanto áreas temáticas de especialização.

“Do ponto de vista institucional, e estando sob a égide da U.Porto, a junção destes dois arquivos faz todo o sentido”, afirma Fátima Vieira, Vice-Reitora da U.Porto e Presidente do Conselho Diretivo da FIMS. “São acervos de arquitetos fundamentais que nos permitem contar a história da arquitetura, do pensamento à praxis, entre finais do século XIX até à atualidade, que através de uma só coordenação passam a estar totalmente disponíveis ao público. O que torna tudo muito mais simples e acessível”. E acrescenta: “podemos fazer economia de recursos, agilizar os processos e, no fundo, prestar um melhor serviço a quem necessitar de ter acesso à informação”.

A junção dos arquivos foi formalizada numa cerimónia realizada, esta quarta-feira, na Fundação Marques da Silva, e que contou com a presença do Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, e do Diretor da FAUP, João Pedro Xavier.

Este foi também o momento para oficializar a doação dos acervos de Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez, professores eméritos da U.Porto e duas referências na arquitetura portuense. Álvaro Siza foi o “padrinho” de Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez foi apadrinhado por Jorge Figueira.

Dentro de um mês, a próxima cerimónia de doação à FIMS será a do arquiteto Manuel Graça Dias, sendo que estão já previstas doações para os próximos meses.

Os acervos de Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez estarão agora disponíveis para consulta da FIMS. FOTO: Ana Alves Costa

Cerca de seis dezenas de arquivos

Articulando as vertentes de conservação, valorização e tratamento de informação com a investigação e divulgação, a FIMS tem um vasto conjunto de documentação relativa ao percurso de vida e obra de múltiplos arquitetos e de obras tão emblemáticas como a Estação de São Bento, o Teatro de São João ou a Casa de Serralves de José Marques da Silva, a Quinta da Conceição ou o Mercado Municipal de Vila da Feira de Fernando Távora, ou a Camara Municipal de Matosinhos de Alcino Soutinho.

A FAUP integra, desde 1993, um Centro de Documentação de Urbanismo e Arquitectura que inclui o arquivo de arquitetos portugueses, em especial portuenses; documentos de projetos associados à construção dos edifícios da Universidade que remontam a 1807; assim como trabalhos académicos do curso de arquitetura desde 1870.

O novo centro de documentação

Do arquivo da FAUP fazem parte, por exemplo, nomes como Arménio Losa/Cassiano Barbosa, Januário Godinho, Rogério Azevedo, Viana de Lima e Manuel Vicente. Do arquivo da FIMS, há nomes que se associam à “Escola do Porto” como Fernando Távora, Alcino Soutinho, José Carlos Loureiro e Nuno Portas, mas não só. Há também arquivos de Bartolomeu Costa Cabral, Raul Hestnes Ferreira, entre outros.

O novo centro de documentação vai instalar-se nos jardins da FIMS, num projeto desenhado e pensado por Álvaro Siza. Este projeto vai afirmar o papel da Fundação como um dos mais relevantes arquivos de arquitetura portuguesa, com particular enfase para a “Escola do Porto” para congregar o arquivo da FAUP e futuros acervos.