O investigador Nuno Bastos, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi distinguido com uma bolsa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), no valor de seis mil euros, para estudar uma possível terapia contra o cancro do pâncreas. A bolsa inclui a realização de um estágio de seis meses no prestigiado MD Anderson Cancer Center, no Texas (EUA).

O projeto com o qual Nuno Bastos se candidatou a este financiamento está a ser desenvolvido no grupo de investigação do i3S «Intercellular Communication and Cancer», no âmbito do Programa Doutoral em Patologia e Genética Molecular, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP). “Estamos a estudar a formação e o desenvolvimento de exossomas, que são vesículas libertadas por todas as células. Estas vesículas medeiam a comunicação intercelular e, no contexto do cancro, têm sido caraterizadas como promotoras do crescimento tumoral e metastização”, explica o investigador.

Neste projeto “foi desenvolvido um modelo geneticamente modificado de murganho que permite inibir a libertação de exossomas por parte das células cancerígenas e avaliar o seu impacto nas diferentes populações presentes no microambiente tumoral, assim como na progressão do cancro do pâncreas”. Em última instância, adianta Nuno Bastos, “estamos a explorar a possibilidade de usar a biogénese destas vesículas como alvo terapêutico no cancro do pâncreas”.

À conquista dos Estados Unidos

Para o investigador, este estágio, que decorrerá no laboratório do investigador Raghu Kalluri do MD Anderson Cancer Center, representa “o reconhecimento de um trabalho árduo realizado, não só ao longo do doutoramento, mas também de todo o percurso académico. Demonstra também que a nossa linha de investigação é reconhecida e tem um potencial impacto clínico, que é o nosso grande objetivo”.

Licenciado em Bioquímica pela U.Porto e mestre em Medicina e Oncologia Molecular pela FMUP, Nuno Bastos não poderia, por isso, estar mais satisfeito com mais esta oportunidade: “Vai ser fundamental para mim tanto a nível pessoal como profissional. Do ponto de vista profissional, a possibilidade de trabalhar num dos melhores institutos de investigação em cancro do mundo, com investigadores experientes e impactantes na área, vai ser fundamental para o meu crescimento como investigador. Adicionalmente, vivenciar uma nova cultura e estar em contacto com novas pessoas vai revelar-se certamente uma experiência enriquecedor”».

O investigador faz ainda questão de elogiar este tipo de iniciativas de financiamento: “Não só representa um importante apoio à investigação realizada em Portugal, como fomenta o intercâmbio com instituições norte-americanas durante o doutoramento, uma altura crucial da nossa carreira científica”.