No dia 21 de maio de 2024, a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) testemunhou um momento singular e emocionante durante a última aula do professor Carlos Manuel Gonçalves. Enquanto o professor conduzia a sua aula habitual, já decorridos 30 minutos da aula, e de uma forma inesperada para o docente e estudantes presentes na aula, um grupo considerável inesperado de alumni, docentes, estudantes de diferentes anos e técnicos da FPCEUP entrou na sala, criando uma atmosfera de expectativa e surpresa.

Esta intervenção resultou, em grande medida, da mobilização de um conjunto significativo de pessoas oriundas de diferentes contextos profissionais, à qual se associaram docentes e técnicos da FPCEUP, e visou expressar a profunda gratidão e reconhecimento pela notável contribuição do professor Carlos Gonçalves para a comunidade académica da FPCEUP ao longo de 25 anos de dedicação como docente e investigador.

Representando diferentes áreas e anos letivos, as pessoas presentes uniram-se para celebrar não apenas a carreira distinta do professor Carlos Gonçalves, mas também a sua influência positiva como mentor, colega e amigo. Neste contexto, organizaram um álbum memorial com testemunhos pessoais, proferiram palavras de estima e admiração, destacando não apenas as suas contribuições académicas, mas também a sua humanidade, empatia e compromisso com a excelência no ensino e na investigação. A genuinidade dos testemunhos proferidos, do momento, e da reação do homenageado foi, também, um momento de aprendizagem significativo para as e os estudantes presentes.

Este gesto simboliza não apenas o reconhecimento institucional da FPCEUP pela notável trajetória do professor Carlos Gonçalves, mas também a profunda gratidão e estima da comunidade académica por um colega cujo legado transcende as fronteiras da sala de aula.

Sobre Carlos Gonçalves

Em texto elaborado pelo próprio para a Revista Universitária de Psicologia (RUP)

Face ao desafio com que fui confrontado pela Revista Universitária de Psicologia (RUP), de partilhar a minha experiência de 33 anos no duplo papel de Frade e sacerdote Carmelita Descalço (licenciado em Teologia) e de Psicólogo, elaborei esta breve revisitação intencionalizada, embora a venha a experienciar estruturalmente ao longo do tempo.

Em 1987, precisamente com 33 anos de idade, candidatei-me à licenciatura na FPCEUP, no contingente de supranumerário, como licenciado em Teologia na Universidade Pontifícia de Salamanca em 1977, para enfrentar o desafio da formação inicial na Licenciatura em Psicologia, uma decisão não alinhada com a Instituição a que pertenço desde o ano 1973: A Ordem dos Padres Carmelitas Descalços! 

A experiência inicial na FPCEUP foi surpreendente para os meus colegas de curso, jovens entre os 18 e 19 anos, e para os próprios docentes, ao confrontarem-se com um estudante adulto, nada comum nesses tempos! Obviamente que a minha presença diária nas aulas era fator de questionamento! Mas nem colegas nem professores me identificavam como frade e sacerdote! Intencionalmente não me auto revelei aos colegas e aos professores. Foram-me identificando progressivamente através na minha forma singular de ser e estar. 

Ao longo dos cinco anos da Licenciatura em Psicologia, constatei que as temáticas da espiritualidade, da religião, do cristianismo, da Igreja eram silenciadas e ostracizadas no contexto da Faculdade de Psicologia. Inclusive, alguns professores, explicitamente um que tinha sido ex-sacerdote, realizavam frequentemente comentários inadequados e anti Igreja Católica, explicitando que a espiritualidade e a religião eram discursos da irracionalidade e não científicos. A minha postura sempre foi de silêncio intencional face a tais provocações, porque o principal objetivo que me movia era a apropriação dos saberes dos vários domínios da Psicologia em ordem à promoção do diálogo interdisciplinar com outras ciências humanas e sociais, especificamente a Teologia. 

Após a Licenciatura, em 1994 candidatei-me a uma vaga como Assistente Estagiário, na área da Psicologia e Orientação Vocacional, com a intencionalidade de continuar a minha formação em Psicologia, através da docência e da investigação. Após um concurso polémico, precisamente por ser licenciado em Teologia e ter apenas publicações na área da espiritualidade, fui selecionado, de forma não consensual, para lecionar as aulas práticas de Psicologia Orientação Vocacional, área de investigação onde realizei o Mestrado (1997) e o Doutoramento (2006). 

Ao longo dos 25 anos da minha carreira de docente e investigador na FPCEUP, sinto uma forte integração nesta Comunidade, onde fui construindo profundas amizades com os colegas de várias mundividências, que progressivamente foram desconstruindo estereótipos acerca a minha forma singular de ser e estar no mundo. 

Na minha relação com os estudantes, intencionalmente nunca me auto revelei nas minhas convicções religiosas nem na minha missão de sacerdote, mas procurei ser, de forma persistente, respeitador das múltiplas formas de estar e ler o mundo, focalizando-me, a partir da construção de uma relação próxima e segura, nos objetivos de ensino aprendizagem das várias Unidades Curriculares que lecionei ao longo destes 25 anos. Alguns estudantes foram-me descobrindo na minha dupla missão, à medida que me iam sendo mais próximos, sobretudo nas orientações de estágios curriculares e nas dissertações de mestrado e espontaneamente quando, de forma surpreendente e inesperada, participaram em atividades pastorais a que presidi. 

Numa cultura contemporânea que faz a apologia da diversidade, da multiculturalidade, do diálogo democrático, da tolerância, do respeito pelas várias mundividências, da multidisciplinaridade, não fazem sentido os discursos redutores da exclusividade e dos saberes fragmentados, ––nomeadamente em ciências que tem como objeto de análise a mesma realidade: o humano ––, mas deve-se afirmar progressivamente uma epistemologia alicerçada nos princípios da complementaridade, onde os vários níveis de análise e de compreensão da complexidade do humano devem ser integrados, em ordem a transformar a realidade, tornando-a mais viável em qualidade de vida. É no diálogo cooperante dos vários discursos dos saberes que se poderá contribuir para a qualidade de vida biopsicossocial/transcendental da condição humana. 

Testemunhos

Meu muito querido Amigo Carlos Gonçalves
As palavras ditas (e ouvidas) tiveram quase sempre uma vida efémera e diluíram-se à medida que as memórias delas se perdiam. De Jesus temos novas pelo testemunho de quem O seguiu, de outros que sobre Ele escreveram e mesmo que não tendo o registo da Sua voz, hoje somos muitos os que O escutamos.
Actualmente, com as maquinetas que cercam a nossa vida, tenho muito menos certezas e assusta-me que os meus longínquos descendentes, num futuro distante (e num modo de vida improvável), possam ter notícia dos meus movimentos, dos meus escritos, da minha voz e que com esses (meta)dados tentem (re)construir o meu modo de vida.
Mas se tal acontecesse, gostaria que ficasse registado para sempre a amizade e admiração que tenho por ti, meu amigo Carlos.
Estive a ler o admirável elogio de Tolentino Mendonça fez de Eduardo Lourenço e nele encontrei uma frase que, com as devidas distâncias, dá significado aquilo que me inspiras: “um explorador e um cartógrafo, um detetive e um psicanalista do destino, um sismógrafo e um decifrador de signos…”
E deste modo, tudo estará amarrado às surpresas inesquecíveis do que (ainda) não vivemos, onde o futuro será sempre um lugar estranho, mas sem desassossegos por antecipação. Como lembra Mateus “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo”.
Um grande abraço meu querido e fraterno amigo, com os desejos de que muitos bons amanhãs estarão p´ra chegar!
E como todos somos irmãos, retomo aqui uma citação do próprio Francisco: “Sozinho, corres o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é juntos que se constroem os sonhos
Vamos então continuar a construir mais sonhos, juntos!
José Manuel Castro

 (*) Reconstrução preguiçosa, mas emocionada, de duas mensagens enviadas nos teus aniversários em 8/10.2020 e 8/10/2021

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Foi entre os anos de 2001 e 2006 que os meus caminhos cruzaram os seus nas salas da faculdade, nos tempos do Campo Alegre. Ora com olhares cúmplices com o Professor Coimbra, ora com olhares cúmplices com a Professora Isabel Meneses, o Professor Carlos Gonçalves começou a inspirar-me, primeiro pelo seu gosto pela Intervenção Comunitária, mais tarde pela Orientação Vocacional. O profundo respeito que demonstrava por todos os alunos, a sua postura Humanista (e Humana), dentro e fora da sala de aula, marcaram-me enquanto aluna e profissional.
Desde então foram várias as oportunidades de nos voltarmos a cruzar e de continuar a sentir que marca o meu percurso… de vida. Foi generoso por me conceder (e à minha família), no outro papel de vida, o privilégio de celebrar o momento mais importante da vida cristã das minhas filhas, celebrando o batizado da Leonor, em 2014, e mais tarde da Laura, em 2018. Tornou estes momentos ainda mais especiais, porque tem o dom de fazer refletir, fazer sentir, e preencher de significado estes dias em família.
É uma pessoa inspiradora, pela amizade que, de forma evidente, nutre pelos amigos, pelo tempo que dedica aos outros, de entre eles os seus alunos e “alunos” (aqueles que como eu já não se sentam na sala de aula há 18 anos). Percebe-se que traz na memória, com carinho, os nossos nomes, assim como está na nossa e no nosso coração. Queria transmitir-lhe o meu agradecimento pelo entusiasmo com que me ensinou, pela empatia e delicadeza com que sempre me tratou, pelo tempo que me dedicou e especialmente pelo exemplo de ser humano que é.

Helena Maia (Geração 2001/06)

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Querido Professor Carlos Gonçalves,

Na ânsia de procurar palavras grandes o suficiente para transmitirem todas as recordações que tenho de si enquanto sua aluna, percebi que não existe léxico capaz de expressar totalmente a marca inolvidável que colocou nas minhas grelhas de leitura sobre o mundo e em mim enquanto pessoa e profissional da psicologia.
Li algures que “ser professor é deixar um legado que se perpetua através das mentes e corações dos alunos” e percebi que o Professor Carlos deixa, nesta sua missão, um legado enorme, pela forma como procurou partilhar com paixão o conhecimento e inspirar com amor!
Recordarei para sempre a sua generosidade, simplicidade, bondade e sorriso aberto enquanto traços de alguém que sempre se apresentou como porto seguro para jovens que procuravam construir o seu caminho de aprendizagem e desenvolvimento!
Recordarei, também, para sempre, o Mestre que procurou guiar-nos e mostrar-nos para onde olhar, sem impor ou dizer o que ver!
Rubem Alves dizia que ensinar é um exercício de imortalidade, pois o professor continua a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da sua palavra! Saiba, querido Professor Carlos Gonçalves, que, em mim e nos meus olhos, o seu legado será, de facto, imortal!

Ângela Bragança
Psicologia 1997 – 2002 (Campo Alegre)

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Caro Professor, Padre, Amigo Carlos,

Independentemente do papel que desempenha, aquilo que se destaca sempre é a Pessoa! A Pessoa Carlos que escuta com os olhos, num sorriso e numa curiosidade mais frequentes nas crianças ou nas pessoas que se mantêm curiosas e interessadas pelo outro. A Pessoa Carlos que sempre teve o seu espaço, o seu lugar, o seu reconhecimento individual, mas onde o vi mais feliz foi na partilha dos espaços, das esferas e dos protagonismos. Seja com os eternos amigos Professor Coimbra, Professor Bártolo ou Professor José Manuel Castro, ou com o mais novato dos psicólogos ou seminaristas. A Pessoa Carlos que se dispõe ao outro, seja para a aprendizagem, evangelização ou presença, de uma forma próxima, atenta, fraterna e humilde!
Sinto-me tão privilegiada por ter a oportunidade de aprender consigo!
Obrigada,

Joana Fernandes

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Caro professor Carlos Gonçalves, queria deixar registrado que para mim foi uma honra e um grande privilégio ter sido sua aluna. Acredito que aprendemos com quem gostamos, nos identificamos, com quem nos consegue cativar, estimular a curiosidade e a motivação pela aprendizagem. E nas aulas com o professor eu sentia isso, o seu entusiasmo, crença, espírito de missão e paixão pela psicologia e orientação vocacional, o professor me cativou e inspirou o meu percurso académico e profissional!
Além de professor, as suas cerimónias religiosas que fui assistindo ao longo do tempo por diferentes intenções, foram sempre singulares, intensas e significativas. Obrigada pela pessoa maravilhosa que é e por me fazer ter esperança e fé na humanidade!
Grata por o conhecer e por ter influenciado a construção da minha identidade profissional e pessoal. Uma pessoa única, singular, que não usa telemóvel, mas consegue estar à frente do seu tempo!
Orgulho em ter sido sua aluna na FPCEUP! E que nós os alunos, as sementes que plantou, sejamos capazes de continuar o seu legado, de colocar o nosso ser, o nosso talento, a psicologia ao serviço dos outros e de contribuir para uma sociedade pautada pelo amor, solidariedade e justiça.
Até sempre caro professor!

Joana Barbosa, FPCEUP (2001-2006)

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Estimado Professor e Pe Carlos,

 Entre 2001 e 2006, no âmbito da licenciatura em Psicologia, escrevi nas minhas notas: Empatia, Humanismo, Coerência, Apoio Incondicional, Carl Rogers. Pela primeira vez me identifiquei completamente com uma teoria psicológica e lembro-me do entusiasmo com que falava. Posteriormente, apelava a uma reflexão crítica e mais complexa de projetos de intervenção psicológica nas aulas com o Professor Bártolo Campos. No projeto de Mestrado e Doutoramento, com o seu grande amigo e nosso estimado orientador – o Professor Joaquim Luís Coimbra, sempre me acompanhou com incentivo, apoio e desafio. É muito bom recordar as reuniões de discussão com as temáticas da orientação vocacional, psicologia comunitária e cinema como pano de fundo.
Sem dúvida, a constante presença do Professor Carlos tornou-me mais e melhor pessoa e profissional. Citando as suas palavras, um dia que fomos com a Fabiana a Viana: “a presença é o melhor presente para partilharmos o que temos: a nossa estima, amizade e cumplicidades construídas nestas trajetórias que a História e as nossa histórias nos proporcionaram.”
 Além desta companhia e amparo em momentos cruciais a nível profissional, não posso deixar de mencionar a minha dívida de gratidão pessoal, que é extensível a toda a família, quando celebrou o funeral da minha mãe, Maria Natividade, e como ainda se vai recordando desse dia 11 de novembro- nem que não seja pelas castanhas de Vinhais!
O carinho com que o meu pai se sentiu acolhido, o meu irmão e toda a minha família é algo que vou guardar na minha memória para sempre, com um forte abraço e testemunho da sua amizade.
Diálogo, Fé, Espiritualidade, Orientação Vocacional, Família, Amizade, Vivacidade, Humanismo e Humanidade são palavras que o definem e hoje, numa fase em que são tão necessárias, adquirem ainda mais valor, profundidade e pertinência. Agradeço-lhe imenso, tem toda a minha estima e admiração.
Conte comigo, aqui ou lá para os outros lados da montanha, em Trás-os-Montes, seja na Moimenta ou nos planaltos de Vinhais!
Que Nossa Senhora do Carmo, interceda pelas suas orações, sabendo o Bem que fez a cada pessoa com a qual se cruzou e os frutos visíveis e invisíveis da sua marca pessoal. Com imensa estima e admiração, envio-lhe um enorme beijinho e dou-lhe toda a força para uma nova etapa,

Sofia Rodrigues

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Querido profesor Carlos:

Hoy busco inspiración en mi corazón para expresar emociones y sentimientos que guardo desde el año 2010 cuando lo conocí en el doctorado, con su humildad y mirada siempre curiosa por querer saber más, por escudriñar en la vida todo lo que ella ha preparado para usted y compartir con el mundo, especialmente eso: compartir con el mundo, como el pan de la eucaristía, el pan de vida, el pan de la sabiduría.
Tiempo después, nunca olvidaré su alegría el día en que hice la entrevista para entrar a la Maestría Integrada en Psicología, fue un excelente apoyo y luego después aún en su aula de Psicología Comunitaria, comunicando el entusiasmo y el significado que tiene para usted trabajar con grupos de personas vulnerables, discutir con los alumnos sus ideas, todo aquello que trae dentro de su corazón y en sus manos, con todo y especialmente esto: ver en su rostro la tristeza y aflicción por la pérdida de un gran amigo, elevar sus manos al cielo con la luz de los vitrales del fondo sobre su cuerpo en la iglesia, fue una sensación muy emotiva y espiritual.
Hoy quiero agradecerle por haberme recordado lo que significa el compromiso conmigo misma y mi camino, así como ser coherente con mis decisiones, Gracias por lo que me ha entregado y por su comprensión. Espero que la vida continúe bendiciéndolo y que pueda disfrutar el descanso merecido de una vida en la que ha recogido tantos frutos.
Un saludo cálido de Martha Patricia Chaves Rodríguez (su alumna colombiana)
Porto, Mayo 21 de 2024

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Educar é impregnar de sentido cada acto quotidiano. (Paulo Freire)
A primeira vez que tive uma aula com o Professor Carlos terá sido no ano de 2000. Cativou-me pelo seu fascínio pela psicologia e pela consulta psicológica de orientação vocacional, pelo entusiasmo com que nos dava as aulas, e pelas suas gargalhadas contagiantes. E contagiou-me também com esta paixão pela consulta psicológica de orientação vocacional.
Quando regressei à faculdade, durante o mestrado e desde então, tornou-se fonte de apoio constante: gentil, amável, generoso, genuíno e responsivo. Alguém com quem podemos sempre contar. E que, enquanto nos desafia a pensar, promove aprendizagem e desenvolvimento. Agradeço ao Professor todo o apoio que me tem dado! Por tudo que aprendemos consigo.
Não tenho nenhuma verdadeira foto com o Professor, mas aqui vai (com muito má qualidade) o Professor num dos momentos importantes em que me acompanhou:
Continuaremos a ver-nos pelos caminhos da consulta psicológica de orientação vocacional!

Mariana Casanova

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Professor/Padre/Amigo
A ordem não é (nunca foi) relevante mas, neste caso, é só consequente… A vida assim o ditou….
O Carlos (o amigo) esteve sempre presente…. o sorriso (não conheço nenhum igual) abraça-nos desde o  momento que o vemos (sentimos) e envolve-nos carinhosamente num abraço!
Somos (sou) uns privilegiados pelo facto dos nossos caminhos se terem cruzado….
Um abraço sentido (de um aluno amigo)

Pedro Lourenço

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“Somos, fluindo de forma em forma docilmente. Movidos pela sede do ser, atravessamos o tempo. Ora caminhamos sempre, ora somos sempre o visitante.” (H. Hesse, n’O Jogo das Contas de Vidro)

Caríssimo Professor,
talvez não se recorde já de mim, um seu aluno de uma entre tantas turmas de Psicologia – a do Campo Alegre, a de 1997/2002 – , um dos inúmeros privilegiados que o ouviram e escutaram naqueles tempos e que o recordam, saudosamente, como um mestre sempre alegre e bem-disposto, sempre disponível para nos ouvir e sempre pronto para nos ajudar a aprender.
Naqueles tempos, o Professor acompanhava o nosso querido e saudoso Joaquim Luís Coimbra e, nas aulas que juntos lecionavam no anfiteatro, sentíamo-nos inspirados, desafiados a investigar, a caminhar olhando sempre em frente.
Expresso aqui toda a minha admiração e gratidão por tudo o que fez ao longo da sua extraordinária carreira docente, ao longo de toda a sua vida.
Obrigado por, sendo quem é, docilmente, caminhar connosco, atravessando o nosso tempo, sendo connosco visitante.
18-05-2024

António S. Costa

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Querido professor e amigo,

Há pessoas que deixam a sua marca na nossa vida, independentemente da distância e do tempo. Pessoas que nos ensinam, nos inspiram, nos fazem crescer, questionar e refletir. Raro é quando essas pessoas têm também o dom de nos fazer rir.
Guardo com carinho o seu sorriso genuíno, momentos de aulas, de conversas, de análises estatísticas em sua casa, de traduções para inglês e de viagens. Guardo com redobrada estima os momentos em que passou a fazer parte da família, ajudando-nos a unir e a acolher novas vidas, momentos de grande felicidade e significado.
Sei que a muitos trouxe essa alegria, esse simbolismo e mensagem. Sei que tocou e continuará a tocar a vida de muitas pessoas, quer pelo caminho da psicologia, quer pela da fé, quer ainda pelo da amizade.
Por tudo isso, o meu obrigada. Um abraço cheio de ternura.

Sara Ramos

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Caríssimo Professor Carlos Gonçalves,

O seu sorriso aberto, paciência e dedicação ficar-me-ão sempre na memória.
As suas aulas foram lições, não apenas de conteúdo, mas de vida e de ética.
Por isso, é com alegria e gratidão que me junto a esta homenagem, certa de ter tido o privilégio de poder ser aluna de alguém cujo lado humanista sempre se destacou e marcou indelevelmente o processo de construção pessoal e profissional de muitos (como eu!) que consigo se cruzaram. Obrigada por ter partilhado de forma tão genuína quanto altruísta a tolerância e o respeito pelo outro, e o gosto pela aprendizagem, educação e formação ao longo da vida!

Andreia Valquaresma

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“Um professor afeta a eternidade; ele nunca pode dizer onde sua influência termina.” – Henry Adams

Caríssimo e Amigo Professor Carlos Gonçalves,

Não sei se quem dita estas palavras é a nostalgia, a alegria, a gratidão ou se são todas ao mesmo tempo! Sabendo que se aproxima o momento de descansar (apenas formalmente) da sua missão de ensinar, gostaria de aproveitar esta oportunidade para expressar a minha mais profunda gratidão por todas as oportunidades que me proporcionou de crescer enquanto psicóloga, enquanto investigadora e enquanto pessoa.
A citação de Henry Adams, “Um professor afeta a eternidade; ele nunca pode dizer onde sua influência termina”, reflete perfeitamente o impacto duradouro que teve (e terá) na minha vida e na de todos os meus colegas. Cada lição que nos ensinou, cada palavra de encorajamento e cada momento de paciência e compreensão contribuiu de forma significativa para o nosso crescimento e desenvolvimento pessoal e académico.
O seu compromisso incansável com o nosso desenvolvimento e o seu entusiasmo contagiante pelo ensino inspiraram-me a alcançar novos patamares e a acreditar no meu potencial. Não só me transmitiu conhecimentos valiosos, como também me ensinou a importância de ser curiosa, crítica e, acima de tudo, humana.
Como sua aluna, levarei comigo os valores e princípios que nos ensinou. Embora esta seja a sua última aula, saiba que o seu legado continuará a viver em cada um de nós, nas nossas futuras realizações e nas vidas que, por nossa vez, tocaremos.
Agradeço de coração por cada aula, cada conselho e cada momento de apoio. Desejo-lhe todas as felicidades na próxima fase da sua vida e espero que saiba o quão profundamente valorizado e apreciado é.
Um abraço amigo,

Ana Ramos

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Professor Carlos,

As palavras são singelas para demonstrar o meu reconhecimento pela experiência de aprender consigo. Enquanto professor, semeou um pensamento reflexivo e construtivo, que ficou em mim raíz, contribuindo para uma evolução pessoal em permanente questionamento.
Muito para além dos modelos convencionais de professor, encontrei em si sempre acolhimento e acompanhamento, afeto e sorriso, que levo no meu caminho e que, enquanto aluna, significou a minha experiência e acrescentou confiança e motivação.
Enquanto professor e enquanto orientador, o seu carácter humano e autêntico é exemplo e inspiração, sendo um privilégio fazer parte deste momento tão marcante da sua vida.
Um abraço,

Márcia Oliveira

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Caro amigo e Professor Carlos,

É difícil exprimir por palavras a influência, e o lugar especial, que o Professor tem na minha vida. Conhecemo-nos há quase três décadas e, nessa altura, estava longe de imaginar o que se seguiria e tudo aquilo que fomos capazes de construir em conjunto. Hoje reconheço que as palavras serão sempre insuficientes, mas sobretudo incapazes de exprimir a marca indelével que o Professor tem deixado na minha vida, sendo para mim uma referência, uma inspiração e uma presença constante nos momentos mais significativos que fui vivendo ao longo destes anos.
Foi no Campo Alegre que comecei a ouvir o Professor, as suas aulas, os seus conselhos. Sempre com a preocupação de fomentar o espírito crítico, de promover o desenvolvimento individual de cada futuro psicólogo que se sentava nas suas aulas, mas sobretudo com o objetivo de capacitar todos e cada um para a resolução de problemas. São muitas as memórias das aulas, das conversas, das horas de Seminário, sempre marcadas pela gentileza dos gestos, pelo cuidado das palavras, pelos comportamentos fraternos, pela amizade sincera.
Já no atual edifício da FPCEUP, em 2008, iniciamos um caminho de exploração pelo mundo da investigação. Eu seguia a ilusão de saber mais sobre Psicologia Vocacional e o Professor alimentava a minha curiosidade guiando-me pelo mundo das interrogações que precisam de ter resposta. A orientação da Dissertação de Mestrado foi o mote para continuarmos a levantar questões que precisavam de resposta. Daí até embarcar no desafio do Doutoramento foi um passo… seguro, correto, acertado, porque é assim que o Professor Carlos faz sentir aqueles que consigo têm o privilégio de partilhar o seu tempo e absorver o seu conhecimento, o seu saber-fazer, mas sobretudo o seu saber-ser, que não deixa ninguém indiferente. Neste campo das perguntas que precisam de resposta e da investigação em Psicologia Vocacional continuaremos a fazer caminho em conjunto, o caminho que nos for possível fazer, mas sempre caminhando.
A FPCEUP fez com que as nossas vidas se cruzassem, mas esse cruzamento vai muito para lá da Psicologia e da referência científica que eu lhe reconheço. O Professor é um amigo que testemunhou, bem de perto, a minha união com a Mariana, o batismo do Francisco e o batismo do Diogo. É um amigo da nossa família, que nos mostra a relevância da espiritualidade numa vivência plena da vida, virada para fora e em comunhão com o outro. É uma pessoa que cativa, que cria laços, distribui afetos e dá expressão prática à conhecida passagem que se segue de Antoine de Saint-Exupéry em O Principezinho:
– Não – disse o principezinho. – Ando à procura de amigos. “Cativar” quer dizer o quê?
– É uma coisa de que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. – Quer dizer “criar laços”…
– Criar laços?
– Sim, laços – disse a raposa. – Ora vê: por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti… 

Agora é chegado o tempo de mais uma transição de vida… esta trará consigo reformulação de prioridades, reorganização de tarefas e redistribuição dos afazeres pelos minutos de cada dia. Não sei se será uma reformulação, de como diria um saudoso amigo de ambos, do “grande” projeto de vida ou dos “pequenos” projetos, mas será com certeza, uma oportunidade que farei questão de presenciar bem de perto!

Um forte abraço, André

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Querido Professor Carlos, chegar a esta fase da vida é um privilégio!
Ter sido uma referência para tantos psicólogos e psicólogas é motivo de orgulho!
Para mim, o Professor é mais do que um professor! É um amigo de família, que viveu connosco momentos muito importantes: o casamento com o nosso André (sei bem o carinho que tem por ele!), o batismo dos meus filhos, o casamento da minha irmã e o batismo do meu sobrinho e afilhado. Sinto-me uma privilegiada por o ter na minha vida!
Mas esta minha admiração por si já vem detrás… Corria o ano letivo de 2005/2006, estava eu a frequentar o 4º ano, quando o professor me deu a Cadeira de Consulta Psicológica e Desenvolvimento. Numa das reuniões com o professor sobre os trabalhos de grupo, lembro-me bem de lhe ter dito (de uma forma espontânea) que iria ler o resumo em Português de um artigo que estava escrito em Inglês, demonstrando-lhe a minha fragilidade na Língua Inglesa.
Nesse mesmo momento, o professor diz-me “a Mariana é mesmo autêntica!”. E eu guardei essa frase na minha memória e faço uso dela nas várias vezes em que questiono se a
autenticidade (que realmente faz parte de mim), será o melhor caminho para seguir neste contexto societal.
Já foram vários os momentos em que nos cruzamos profissionalmente, ora nos corredores do Serviço de Consultas, ora nos Congressos Norte Portugal Galiza, ora em eventos do IEFP e da FPCEUP. São vários os contextos que nos unem, sendo que há um muito relevante que, embora não esteja relacionado com a sua atividade de docente, relaciona-se com a atividade de sacerdote que não tem lugar a reformas…
Por isso, para mim será um até já, pois continuaremos a ter momentos de encontro!
Um grande beijinho com estima,

Mariana Pinto

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Uma homenagem a si, o professor, o orientador, o padre, o amigo, referência para mim e para os meus. Foi estando, ao longo dos anos, em tantos momentos especiais da minha história e temos todos, aqui em casa, memórias bonitas desses acontecimentos. Obrigada por nos trazer tanto na sua simplicidade e proximidade e na profundidade da sua narrativa que não deixa ninguém indiferente. Um beijinho

Ana Paulino

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O Carlos é uma pessoa especial.
Infelizmente não fui aluna do Professor Carlos por muitas aulas – já não me recordo porquê, os anos passam e pregam-nos partidas… Só sei que foi em Modelos, no 2º ano pré-Bolonha, ainda no Campo Alegre… Fiquei curiosa com a forma ágil e cativante como ensinava.
Mas a passagem dos anos também nos traz surpresas, neste caso a vida juntou-me ao Dr. Carlos através de um tema que nos apaixona: a consulta psicológica de orientação vocacional. Trabalhámos juntos durante cerca de uma década. Digo juntos, porque apesar de ter sido meu Coordenador no Serviço de Consulta Psicológica de Orientação Vocacional ao Longo da Vida, sempre senti que se colocou numa posição de parceria com a simpatia, a graça e sobretudo a humanidade que o caracterizam. Sempre confiou plenamente em mim, o que me fez sentir especial e valorosa.
Seja no seu papel de Professor ou de Dr agradeço ao Carlos do fundo do coração todo o tempo que passámos juntos. Aprendi muito.
Abraço amigo.

Marta Brito

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“Somos mais do que uma dimensão, estamos em mais do que um contexto. Para o Luís, a via da Psicologia foi a primeira, para a Maria, a via da fé. Para a nossa família, as duas.
Agradecemos a sua vida e a sua dedicação a ambas as dimensões, por se colocar inteiro e nunca dizer que não a um pedido que lhe façamos.
Acreditamos que, apesar de terminar o seu percurso enquanto professor universitário, continue a ter um papel ativo na vida dos seus alunos e ex-alunos, da comunidade carmelita e da comunidade em geral.
Obrigada pelo tanto que nos tem dado e que esperamos retribuir.
Com amizade,
Maria, Luís, Rodrigo e Tomás”

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Porto, 21 de Maio de 2024

Estimado Prof. Carlos Gonçalves,
Querido (meu primeiro) Director (no meu saudoso do GAF),
Quero agradecer-lhe o altruísmo e genuinidade com que, no seu generoso e inquebrantável sorriso, sempre partilhou os seus saberes, acolheu as minhas dúvidas e questionou as minhas certezas, constituindo-se como uma importante referência na minha formação em que o espírito crítico é alma mater. O Professor Carlos será sempre uma referência de sábia serenidade, disponibilidade, acolhimento e partilha.
Uma marca discreta mas perene. Consistente e segura. Está, igualmente, ligado aos meus primeiros passos como psicóloga naquela inigualável casa que é o GAF. Que obra. Que honra ter integrado aquele projecto.
Parabéns e obrigada!

Como gostava de ter sempre o seu sorriso para acolher quem me procura! Continuarei a tentar.
A minha imensa gratidão por tudo e os melhores desejos para a próxima etapa.
Um abraço de estima,
Corina Salvador
Licenciatura em Psicologia, Consulta Psicológica de Jovens e Adultos 2001-2006

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Professor,
As palavras são poucas para lhe agradecer o tanto que me ensinou nos caminhos do desenvolvimento vocacional.
O Prof. Carlos fez, faz e sempre fará parte de uma dream team de Orientação Desenvolvimento Vocacional da FPCEUP que marcou várias gerações de alunos
pelos profundos conhecimentos técnicos e científicos numa generosidade única da
partilha do saber.
A par disso o Prof. é um guia espiritual único que me reconciliou com a minha fé e com a minha relação com Deus. A sua presença na minha vida e na da minha Família será para SEMPRE…
Obrigada, muito obrigada por tanto…
Gostamos imensamente de si,
(Mariana, Pedro, Francisca, António e Benedita)
Mariana Paterna Dias

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Conheci o Carlos Gonçalves pelas palavras bondosas e firmes de uma amiga. É sempre um passe seguro chegar à alguém pelas mãos de quem tão bem queremos. Acabaria por confirmar cada palavra certeira dela, de cada vez que nos encontrámos, do modo mais simples, nas mais elevadas coisas dos meus dias. Foi coordenador do meu trabalho, já como profissional, e o melhor arguente que eu poderia ter tido, quando procurei, em forma de tese, levar mais um pedacinho de sentido ao acontecimento vocacional na tradição fenomenológica. Falou, então, dos que andam pela ciência em contraciclo, na radicalidade da entrega, que é do amor expressão. Foi mais pela sua discrição, do que pelas tantas e merecidas loas, que lhe perguntei se poderia casar-me a mim e ao Eduardo. Ainda hoje, a minha família e os meus amigos, falam do que vivemos juntos na igreja, do mais alto momento de comunhão de que fomos partilha e testemunhas nesse dia. Os nossos corações ficaram cativos da mensagem, tão clara quanto serena, que ali nos devolveu, fazendo, como Merton, a travessia do abismo que nos separa dos outros na mais suave e emotiva barca. Quis repetir, sabendo que não voltamos às alegrias, mas à constância de ter sido verdade o que vivemos. Foi nesta consciência que lhe pedimos que baptizasse o nosso Álvaro, já com quatro anos, para que ele pudesse ter, dessa memória, uma bússola despertada. O que hoje me espanta é perceber que, em tamanha simplicidade do encontro, nada houve de acaso no que pude viver perto de si, já que todos esses momentos resultaram de uma escolha decidida, de uma vigilância do coração sobre a desordem. Que possa saber, deste imenso abraço que hoje todos lhe damos, que é, em nós, presença que não declina.

Com estima e ainda maior carinho,
Ana Mouta