Combater o discurso de ódio e a violência nas escolas e universidades portuguesas através da criação de grupos de “embaixadores contra o ódio” formados por estudantes/alunos, mas também por pais e professores. Esta é uma das iniciativas propostas no âmbito do “EducHate: An educational approach to detect, combat and prevent online hate speech”, um projeto liderado pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) e um dos seis contemplados pela linha de apoio “Impacto COVID-19 nos crimes de ódio e violência”, promovida pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

A decorrer ao longo dos próximos 10 meses, este projeto piloto assenta então no encorajamento à criação de grupos que, com o apoio de investigadores da FPCEUP, terão por missão “diagnosticar discurso de ódio flagrante e subtil que ocorrem na sua instituição”, especialmente em contexto online.

O objetivo passa por promover o “desenvolvimento de competências individuais (empatia, auto-regulação moral) e sociais (responsabilidade cívica e social) junto destes grupos e dos seus pares para combater o discurso de ódio“, antecipa Isabel R. Pinto, docente da FPEUP e coordenadora do projeto.

Adicionalmente, o projeto encoraja a “implementação/ reforço de normas anti-discriminação e da adoção de identidades institucionais «anti-ódio» e «pró-diversidade» no sentido de promover  contextos sociais/instituições «anti-ódio»”, acrescenta a investigadora.

Dar o exemplo no combate ao ódio

Para apoiar o trabalho dos “embaixadores”, o projeto prevê a dinamização de materiais e atividades pedagógicos (blogs, cursos online, campanhas, debates, workshops, atividades pro-diversidade) com suporte digital criados pelas equipas e que será dirigido à realidade de discurso de ódio de cada contexto envolvido.

Em cada instituição participante será ainda criado um mapa de deteção e reporte de discurso de ódio que permita monitorizar a evolução deste fenómeno e que contribua para a avaliação do impacto da intervenção.

Através destas iniciativas, pretende-se igualmente incentivar a “criação de uma rede de trabalho entre as equipas do projeto que partilhe boa práticas, metodologias, materiais e inspire outros contextos educativos (e de outra natureza) a aderir a esta rede”, explica Isabel R. Pinto.

No total, o projeto EducHate receberá um financiamento de cerca de 36 mil euros, o mais alto entre os seis projetos contemplados pela pela linha de apoio “Impacto COVID-19 nos crimes de ódio e violência”.