Sábado amanheceu carancudo, cara de cão, a modos que a querer desbancar o axioma  – «que não há sábado sem sol»… – Um vento diabólico, nuvens pesadas, parcadentas (…) Mas os ares desanuviaram-se. Depois da da alvorada- os 34,5 morteiros da praxe – a cidade ficou sabendo que nem haveria catástrofes, nem rabistrazanismos, nem falta de sol. Ao invéz – e à míngua de melhor – estava-lhe reservada uma hora de deliciosa alegria, festa rija, uma das desbundantes rapaziadas da rapaziada das escolas. Era a Festa da Pasta e – como sempre – o povo havia também este ano de rir a bom rir. (in O Jornal de Notícias, 15 de Maio de 1926)

    A história da agora centenária Queima das Fitas no Porto tem origens na “Festa da Pasta”, que se terá realizado pela primeira vez em 1920 (ainda que as suas origens remontem ao início do século), entre os finalistas de Medicina da Universidade do Porto.

    A “Festa da Pasta” era um evento que comemorava a passagem da pasta dos estudantes que estavam a terminar o seu curso – os quintanistas – aos que entravam na reta final, os quartanistas, a quem era também imposto o grelo.

    Tendo como ponto alto a cerimónia de “investidura” realizada na faculdade, a Festa – que incluía ainda um baile de gala – já então saía às ruas do Porto através das “passeatas” bem-humoradas protagonizadas pelos estudantes. Seria esta tradição que se haveria de difundir, ao longo dos anos, pelas diversas faculdades da Universidade do Porto. Até que, em 1943, passou a haver uma só para todas as faculdades, altura em que nasce então a designação “Queima das Fitas”.

    Em finais da década de 60, fruto da crescente convulsão política em Portugal, a Queima começou a ser contestada por alguns setores estudantis, o que acabaria por decretar a sua suspensão a partir de 1971. Após o ressurgimento, em 1978,  a Queima das Fitas do Porto começou a tomar os moldes atuais, com a realização de inúmeras atividades desde a Serenata, ao Cortejo, passando pelo concerto Promenade, ou a Missa da Benção das Pastas.

    Esta evolução ao longo dos últimos 20 anos fez com que a Queima das Fitas deixasse de ser uma festa restrita aos estudantes para passar a ser a segunda maior festa da cidade do Porto e a maior festa Académica do País. Atualmente, a Queima das Fitas é realizada pela Federação Académica do Porto (FAP) e tem lugar no início de maio.