A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) promoveu um debate entre os oito professores da FMUP que integram as cinco listas candidatas à eleição dos representantes dos Professores e Investigadores no Conselho Geral da U.Porto, que se realizarão nos dias 14 e 15 de junho de 2021.

No debate, que se realizou no passado dia 8 de junho, participaram Amândio de Sousa e Carla Lopes (Lista A), Célia Cruz (Lista B), Paula Soares e Bernardo Sousa Pinto (Lista C), António Sarmento e Adelino Leite Moreira (Lista D) e João Paulo Araújo Teixeira (Lista E), com moderação de Sandra Marisa Oliveira, presidente da mesa de voto da FMUP dos representantes de Professores e Investigadores.

De acordo com Amândio Sousa, o grande objetivo da sua recandidatura ao Conselho Geral tem que ver com a necessidade de recentrar a Universidade, articular melhor e dar autonomia às unidades orgânicas, bem como “emagrecer” a Reitoria. “É muito importante que as unidades orgânicas sejam senhoras do seu dinheiro, quer em termos de responsabilidade, quer em termos de gasto”, diz. Desiludido com a falta de renovação do corpo docente neste último mandato, afirma que a autonomia das unidades orgânicas irá permitir essa renovação, com base no mérito.

Carla Lopes, também da Lista A, considera “central a ideia de fomentar um verdadeiro espírito de escola”, com “uma visão e uma estratégia de gestão comum”. Outros pontos essenciais são a inovação pedagógica, um modelo educativo mais flexível e menos burocrático, a interdisciplinaridade, a multidisciplinaridade, a aposta na internacionalização e a promoção do papel social da Universidade, assim como o respeito e a inclusão.

Em representação da Lista B, Célia Cruz entende que a Universidade do Porto será obrigada a modernizar-se para responder aos novos desafios, ganhando mais identidade, mais motivação e mais mobilidade. As suas prioridades são definir compromissos estratégicos, fomentar a interação entre faculdades, abrir portas para o exterior, valorizar as carreiras, reduzir a precariedade, rejuvenescer o corpo docente, apostar na inovação pedagógica e exigir mais apoio à investigação.

Subfinanciamento, precariedade e envelhecimento: os problemas a combater

Paula Soares falou em nome da Lista C, que engloba docentes e investigadores de diversas Faculdades da U.Porto, tendo salientado a necessidade de maior abertura à comunidade, de pensar a estratégia e o futuro da instituição e de promover a diversidade dos saberes e das formações, numa lógica de democracia institucional. A bióloga elencou três grandes prioridades: o combate ao subfinanciamento, que coloca em causa a qualidade da formação e da investigação, a luta contra a precariedade, quer entre docentes, quer entre investigadores, e o rejuvenescimento da Universidade do Porto.

Bernardo Sousa Pinto, também candidato pela Lista C e atual membro do Conselho Executivo da FMUP, sublinhou o problema atual do envelhecimento do corpo docente (a proporção de docentes com mais de 55 anos tem aumentado, tendo passado de um quarto para mais de um terço no período de uma década) e o problema do subfinanciamento crónico da Universidade. “As soluções deverão passar por mapear o que existe, conhecer os dados, torná-los públicos e transparentes para a sociedade, de modo que a sociedade possa começar a lutar pela Universidade do Porto e a senti-la como sua”, asseverou.

António Sarmento, da Lista D, admitiu que todas as listas são boas e que tudo dependerá da postura de cada um dentro do Conselho Geral. Unidade, sustentabilidade, humanismo, transparência, comunicação e responsabilidade social são valores fundamentais, mas elege, sobretudo, o humanismo. “Temos de resistir à vaga desumanizante que está a varrer toda a sociedade”, disse.

Também pela Lista D, Adelino Leite Moreira admitiu que as listas candidatas defendem pontos comuns, nos quais se revê. “Não sendo um órgão de governo, o Conselho Geral é um órgão importantíssimo para aprovar documentos relevantes e para discutir aspetos críticos da Universidade. Mais importante que a minha eleição individual, é importante que a nossa Faculdade tenha uma representação muito significativa no Conselho Geral”, declarou.

Pela Lista E, João Paulo Araújo Teixeira disse-se independente de qualquer grupo e cingiu-se à realidade da FMUP, expondo algumas questões atuais, como o numerus clausus de estudantes, e elegendo a transparência, o respeito, a ética e a coesão como valores fundamentais.

A importância da terceira missão e da internacionalização

No final das oito intervenções, Altamiro da Costa Pereira, como diretor da FMUP, expressou palavras de “júbilo” porque “a Faculdade de Medicina nunca teve tantos e tão bons candidatos”. Além disso, aplaudiu a diversidade de candidatos, quer os mais jovens, quer os mais experientes.

Por outro lado, frisou que “a Faculdade nunca teve tantos votantes, o que também se deve ao facto de este conselho executivo ter terminado com a pecha dos docentes voluntários.

No período de discussão, debateu-se, sobretudo, a relação entre a reitoria e as unidades orgânicas, os problemas sentidos na centralização dos recursos e a importância da terceira missão. Paula Soares, da Lista C, reconheceu que o Conselho Geral deve ir às Faculdades, aproximar-se das unidades orgânicas e ouvir as pessoas, como numa “presidência aberta”, pois “só uma comunidade informada pode exigir mais”. Complementando, Bernardo Sousa Pinto pensa que, “se queremos que a sociedade lute por nós, ela tem de perceber o que a Universidade tem para lhe oferecer”.

Célia Cruz concorda que o Conselho Geral não pode ser um mero espetador, que tem de ouvir as faculdades, propor medidas de ajuste e acarinhar mais a transferência de conhecimento, enquanto António Sarmento reconhece que, no que respeita à terceira missão, “temos de ser peritos numa série de saberes e temos de nos pôr ao serviço da sociedade”. Adelino Leite Moreira concordou que o Conselho Geral pode ter um papel crítico na promoção da terceira missão, que considera prioritária, enquanto João Paulo Araújo Teixeira insistiu na independência e no diálogo.

Do público, Francisco Cruz, subdiretor da FMUP, quis saber a opinião dos candidatos sobre a educação pós-graduada, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência. A opinião geral dividiu-se entre deixar às faculdades e unidades orgânicas a iniciativa pós-graduada versus um modelo mais centralizador.

Outro dos temas abordados foi o papel do Conselho Geral na estratégia de internacionalização da Universidade do Porto, nomeadamente através do fomento de estruturas de apoio à procura de financiamento, projetos, parcerias e redes nacionais e internacionais.

O debate pode ser visto, na íntegra, aqui. Toda a informação relativa ao processo eleitoral encontra-se disponível para consulta no SIGARRA da U.Porto.