Ajudar os socorristas a salvar (ainda) mais vidas: é esse o objetivo de um projeto internacional multicêntrico, liderado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) com cerca de 50 mil euros e pela Fundação Laerdal (Noruega) com cerca de 21,5 mil euros, este projeto vai avaliar uma série de fatores que influenciam o desempenho dos socorristas durante a ressuscitação cardiopulmonar, sendo este um elemento chave na taxa de sobrevivência das vítimas que são assistidas.

O sucesso desta manobra de emergência, utilizada em situações de paragem cardiorrespiratória, depende muito da rapidez com que é iniciada, mas também da qualidade com que é aplicada. Entre os fatores que podem interferir na eficácia da ressuscitação incluem-se, por exemplo, a fadiga ou a posição do socorrista.

Esta equipa de investigadores da FMUP, em conjunto com investigadores alemães e finlandeses, vai agora explorar a relação entre esses vários fatores no desempenho dos socorristas e na eficácia da ressuscitação cardiopulmonar, com foco nas compressões torácicas.

“A maioria dos estudos publicados investiga a influência de um único fator na qualidade da ressuscitação, não explorando a combinação de diferentes fatores. Consideramos esta lacuna na literatura uma oportunidade para explorar a forma como esses fatores se correlacionam entre si e influenciam a eficácia das compressões torácicas”, explica Carla Sá Couto, professora da FMUP e investigadora responsável do projeto.

Novas recomendações em perspetiva

Os resultados deste projeto irão permitir desenvolver novas recomendações dirigidas a todos os que fazem ressuscitação cardiopulmonar, promovendo alterações que garantam que esta manobra é executada sempre com a maior qualidade possível.

Uma das alterações deverá ser a recomendação do uso de simuladores com sistemas de monitorização e gestão, no âmbito da formação e treino de profissionais e de leigos, de acordo com a melhor evidência científica. A utilização destes simuladores é já recomendada, nomeadamente, pela American Heart Association, tendo em vista a melhoria dos resultados.

O projeto deverá ter a duração de 18 meses, tendo como parceiras duas universidades europeias: a ARCADA University of Applied Sciences – Arcada Patient Safety and Learning Center (Finlândia) e o Institut für Notfallmedizin und Medizinmanagement (Institute for Emergency Medicine and Management in Medicine) – Klinikum der Universität München (Alemanha).

Além de Carla Sá Couto, como investigadora responsável, e de Marc Lazarovici, da Universität München, como corresponsável, participarão neste projeto Christoffer Ericsson, da ARCADA, Abel Nicolau e Pedro Marques, da FMUP.