Um novo projeto da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) vai estudar células cardíacas de homens e mulheres com o objetivo de identificar os mecanismos biológicos específicos de cada sexo que se associam à disfunção endotelial e a doenças cardiovasculares cada vez mais prevalentes na população portuguesa.

Com início previsto para janeiro de 2023, e duração de 18 meses, este foi um dos projetos da FMUP contemplados no último Concurso de Projetos de I&D em Todos os Domínios Científicos, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), tendo ganho um financiamento de aproximadamente 50 mil euros.

A equipa de investigadores vai incidir sobre os mecanismos celulares e moleculares que estarão na génese de um tipo de insuficiência cardíaca – com fração de ejeção preservada (ICFEP) – que é mais prevalente em mulheres (cerca de 60%), principalmente na pós-menopausa. Até agora, as razões para essa predominância são pouco compreendidas, havendo estudos que apontam para o papel das hormonas sexuais.

“Uma melhor compreensão dos mecanismos moleculares e celulares associados à disfunção endotelial (envolvida no desenvolvimento deste tipo de insuficiência cardíaca) é de suma importância, pois pode fornecer pistas fundamentais para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais eficazes”, afirma a equipa, liderada por Rita Ferreira, investigadora da FMUP e da UnIC – Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular.

O projeto, intitulado “Impacto do sexo na (dis)função endotelial para o tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada”, irá estudar células endoteliais microvasculares cardíacas provenientes de homens e mulheres. Serão avaliadas a função celular, mediadores associados ao stress oxidativo e à via do óxido nítrico, recetores de hormonas sexuais e suas vias de sinalização, utilizando técnicas de imunodeteção, e será realizada análise do proteoma.

Espera-se que este projeto identifique alvos moleculares para melhorar o tratamento deste tipo de insuficiência cardíaca, através de uma estratégia terapêutica personalizada.

Marina Dias Neto (coinvestigadora principal), Raquel Costa, Francisco Vasques Nóvoa, João Sérgio Neves, António Barros, Fábio Sousa Nunes, Ricardo Fontes de Carvalho e Adelino Leite Moreira são os nomes dos investigadores envolvidos neste projeto, que contará ainda com a colaboração do Centro Hospitalar Universitário de São João e do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

Este trabalho enquadra-se no âmbito do novo Laboratório Associado RISE – Rede de Investigação em Saúde: do Laboratório à Saúde Comunitária.