Mais de duas centenas de estudantes do 4.º ano do Mestrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) iniciaram este semestre a entrada nos anos clínicos do curso. O momento que se traduz numa nova e decisiva etapa do percurso académico serviu de tónica para a “Cerimónia do Ciclo Clínico”, realizada na passada sexta-feira, na Aula Magna.

Na presença de vários professores e regentes, a celebração culminou com uma oferta institucional inédita aos estudantes do curso – um emblema inspirado na Minerva, uma figura icónica da Faculdade de Medicina – mas também pelo juramento dos futuros médicos.

Neste juramento solene, os estudantes comprometeram-se, perante a comunidade, com os valores intrínsecos à prática da Medicina, como a dignidade humana e a competência profissional, na defesa intransigente dos doentes que vierem a ter “a honra de servir”.

Para os estudantes que iniciam agora o contacto clínico com os doentes, esta celebração é “muito especial” e representa um marco no percurso académico de cada um. “Conseguimos agora desvendar melhor o que é o mundo da medicina”, revelaram.

“Aproximarmo-nos das pessoas”

No discurso que iniciou a cerimónia, Dulce Madeira, diretora do MMED, partilhou um momento “muito especial” vivido enquanto estudante do 4.º ano. “Nesse ano, tive a primeira aula em frente a um doente e senti, naquele momento, que a minha vida tinha mudado”.

A professora da FMUP realçou a importância que representa para a formação médica destes estudantes “a prática clínica junto dos doentes, seja em enfermaria ou em consulta”.

Para o presidente da Associação de Estudantes da FMUP (AEFMUP), “ser estudante do ciclo clínico é afastarmo-nos dos livros e aproximarmo-nos das pessoas”. Henrique Moreira garantiu aos colegas que “não se vão esquecer da primeira vez que sentirem, da parte dessas mesmas pessoas, o olhar de esperança que a sua própria necessidade deposita em nós”.

Para o também estudante da FMUP, esta transição acarreta uma enorme responsabilidade, “em saber ouvir sem perder o foco, em ser racional não esquecendo a ética, em ser pessoal sem perder o sigilo”.

Na qualidade de representante local de Direitos Humanos e Ética Médica da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), Rita Ribeiro referiu-se a um “dia importante e repleto de simbolismo, o qual representa o momento de colocar em prática tudo aquilo que sonhamos, aceitando, com sentido de responsabilidade e ética, o patamar para o qual passamos”.

A celebração da passagem para os anos clínicos do curso juntou os professores e estudantes do 4.º ano de Medicina. (Foto: FMUP)

Imposição da Minerva

Altamiro da Costa Pereira, diretor da FMUP, começou o seu discurso por recordar as memórias de algumas personalidades que deram o seu contributo à Faculdade e que partiram nos últimos tempos, assinalando o momento simbólico com um minuto de silêncio.

Apresentando o emblema inspirado na Minerva, Altamiro da Costa Pereira recordou aos estudantes que “é isto que se devem lembrar com este emblema: um médico é alguém que pode ajudar a orientar, a conduzir os vossos doentes, no sentido de uma regeneração.”

Num discurso marcado por várias mensagens de incentivo para o futuro, o docente  e médico António Sarmento, em representação do Centro Hospitalar Universitário de São João, dirigiu-se aos estudantes do 4.º ano lembrando que “o vosso comportamento e a vossa atitude com os doentes é mais importante do que a cor da bata que vão envergar”.

“Não basta vocês gostarem da Medicina, têm de fazer por gostar e de cultivar esse amor pela nossa área todos os dias”, exortou antes do momento em que, de uma forma simbólica, cada estudante impôs o emblema da Minerva no pijama cirúrgico do colega.

A “C3 – Cerimónia do Ciclo Clínico 2021/2022” contou igualmente com as atuações das duas tunas – Tuna Feminina de Medicina do Porto e Tuna de Medicina do Porto –, do Grupo de Fados e do GATU – Grupo Amador de Teatro Universitário.