A obesidade abdominal, que se traduz numa maior circunferência da cintura, está associada a maior incapacidade e a mais problemas cognitivos em doentes com esclerose múltipla. A conclusão é de um estudo desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e publicado na revista científica Multiple Sclerosis and Related Disorders.

“Este estudo corrobora a hipótese de que a síndrome metabólica, especialmente a obesidade abdominal, pode ser um fator importante no curso da esclerose múltipla, associando-se a mais incapacidade e compromisso da função cognitiva”, explica Joana Guimarães, investigadora da FMUP e responsável da consulta de Esclerose Múltipla do Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar Universitário de São João.

Os autores deste trabalho avaliaram a relação entre uma série de indicadores de síndrome metabólica, como a circunferência da cintura e o colesterol HDL, com o curso da esclerose múltipla em cerca de meia centena de doentes com idades entre os 19 e os 61 anos e três anos, em média, de evolução da doença.

Os parâmetros foram medidos através de análises clínicas, ressonância magnética e avaliação neuropsicológica. Foram analisados os vários componentes da síndrome metabólica, designadamente a obesidade abdominal, o colesterol e a tensão arterial. Nesta amostra, 33,3% dos doentes estudados tinham valores de circunferência da cintura acima do normal e 29,4% tinham um compromisso da função cognitiva.

De acordo com este trabalho, a obesidade abdominal está associada ao aumento da incapacidade, o que vem corroborar outros estudos realizados nesta área.

“Esta investigação reforça a necessidade de monitorizar outras doenças em pessoas com esclerose múltipla. A monitorização e o controlo do perfil lipídico (colesterol) podem contribuir para melhorar o prognóstico”, concluem os autores.

Além de Joana Guimarães, este artigo tem como coautores outros investigadores da FMUP, designadamente Ana Sofia Silva, Ricardo Soares dos Reis e Pedro Abreu, bem como investigadores do Centro Hospitalar Universitário de São João.