Glaucoma pode custar ao país mais de 160 milhões de euros por ano. (Fonte: DR / Google Images)

Um estudo pioneiro desenvolvido por um grupo de investigadores portugueses, entre os quais se encontram Luís Azevedo e Ana Miguel da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), conclui que em Portugal, por ano, o Sistema Nacional de Saúde poderá gastar mais de 144 milhões de euros no glaucoma, e, numa perspetiva geral da sociedade (incluindo a redução de produtividade laboral) os custos podem ascender a mais de 160 milhões de euros.

O estudo, denominado “Custo do Glaucoma em Portugal”, é a primeira e única avaliação económica realizada até à data sobre o custo do glaucoma e revela que os custos envolvidos neste caso particular são elevados.

Através de uma amostra de 120 doentes com glaucoma, com uma idade média de 65 anos e sendo 50% do sexo feminino, os investigadores concluíram que na sociedade portuguesa, por doente e por ano, o custo da doença foi em média de 759,74€ (incluindo os custos do doente, custos do Sistema de Saúde e custos indiretos relacionados com as perdas de produtividade no trabalho).

Assim, e analisando agora a perspetiva dos doentes, estes atribuíram um custo de 5,24% do seu rendimento mensal para tratar o glaucoma, incluindo a consulta, transporte, perda de um dia de trabalho e custo mensal da medicação. Ao assumir a comparticipação de 90% da medicação, cada doente gastou em média 96,80€ por ano com esta doença. Caso nenhum dos doentes obtivesse comparticipação, o custo médio por doente e por ano seria 355,28€.

Para os investigadores, e dada a crescente atenção aos custos e benefícios dos cuidados de saúde, este estudo constitui uma primeira estimativa e incentivo para posteriores avaliações económicas mais completas efetuadas a nível nacional na área do glaucoma.

artigo original foi recentemente publicado na Revista Portuguesa de Oftalmologia, tendo sido distinguido em dezembro de 2011 com o Prémio SPO/DÁVI-PFIZER – Melhor trabalho científico na área de Glaucoma.

O grupo que levou a cabo o estudo foi constituído por Luís Azevedo, docente do Departamento de Ciências da Informação e da Decisão em Saúde (CIDES) da FMUP; Ana Miguel, interna Complementar de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; Nádia Lopes, assistente hospitalar de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Aveiro; e Rui Andrês, Filipe Henriques, Filipe Rito e João Filipe Silva, assistentes hospitalares de Oftalmologia também do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.