A vida de um desportista é feita de altos e baixos, e no caso do campeão nacional universitário de Kickboxing Low Kick, Philippe Mirault, está cheia de altos e baixos… golpes altos e baixos.
Praticante de K1 e Muay Thai, o estudante do Programa Doutoral em Engenharia e Gestão Industrial traça paralelismos entre esta arte milenar e a disciplina que aplica em todas as vertentes da sua vida.
Ao fim de seis anos na FEUP e de sete anos de treino na Iron Legs Academy, o jovem de 23 anos tem os olhos postos no campeonato europeu universitário, que se realiza em agosto, na Polónia, e onde tentará trazer mais uma medalha para a Faculdade de Engenharia.
Como é que o Kickboxing surgiu na tua vida?
Durante o secundário tinha um amigo que praticava esta modalidade, e depois de algumas insistências dele para experimentar, lá decidi seguir a sua recomendação e apaixonei-me. Pouco tempo depois entrei para uma academia (2018) e segui lá até agora.
O que é gostas mais na prática do Kickboxing?
Antes de tudo, gosto do desporto em si, em termos técnicos, e todo o treino envolvido. Depois há toda uma disciplina que é necessária, e que aprendemos também a transferir para o nosso quotidiano, em aspetos não relacionados com o Kickboxing, como aprender a lidar com a pressão e frustração, o que ajuda bastante no trabalho e estudo.
Praticas uma disciplina de Kickboxing chamada Low Kick. Em que é que consiste e em que é que se diferencia da disciplina mais comum?
Eu pratico K1 e Muay Thai. Neste campeonato competi em Low Kick pela primeira vez. No Low Kick só podemos fazer boxe e dar circulares (“pontapés”). O K1 é similar, mas também podemos usar joelhos, enquanto no Muay Thai há muita mais liberdade, com o uso de cotovelos, corpo a corpo, etc. Fazer Low Kick foi uma experiência desafiante, porque senti-me limitado às opções de jogo que poderia recorrer.
Venceste, no mês passado, a medalha de ouro no Campeonato Nacional Universitário de Kickboxing Low Kick. Como é que foi saborear esse momento?
Foi bom, principalmente o resto do dia, pois passamos todos como equipa da Universidade do Porto e deu oportunidade de conhecer colegas que partilham a mesma paixão.

Philippe Mirault depois da conquista da medalha de ouro no Campeonato Nacional Universitário de Kickboxing Low Kick.
Estavas à espera de conseguir esta medalha? O que mais te marcou nesta competição?
Sim, tenho bastante confiança na minha técnica e um excelente treinador no meu canto do ringue, portanto não dava como falhar. Como referi, foi o meu retorno ao ringue e um colega meu, que também é um excelente atleta, Tiago Melo, decidiu vir apoiar-me. Tê-lo no meu canto, juntamente com o treinador Ricardo Quintela, tornou a experiência mais “divertida” e deu para experienciar os combates com mais alegria e menos pressão.
Apesar de jovem, já tens um currículo competitivo muito interessante, com a conquista e vários títulos nacionais. Qual é o momento mais alto da tua carreira até agora?
Durante os estudos, tive a oportunidade de estar na Holanda, durante um semestre, e cheguei a combater lá, pela primeira vez, sem proteções. Essa experiência por si só foi incrível, complementada pelo facto de ter ganho, o que ainda a tornou melhor.

Philippe Mirault em competição na Holanda.
Esperavas ter este tipo de desempenho quando começaste a carreira de atleta?
Quando entrei nunca pensei em competir, só me queria tornar bom no desporto.
Até onde esperas chegar na tua carreira desportiva?
Neste momento o objetivo é o campeonato europeu universitário. De resto, não tenho grandes ambições, só quero usufruir do desporto e o que surgir depois vê-se.
Que ídolos é que tens nesta modalidade?
Eu gosto de muitos atletas, pelos diferentes pormenores que têm. Presumo que haja aqueles atletas em que tentamos copiar a nível técnica, como o Miguel Trindade ou o Stuart Stabler. Agora, considerando ídolos como fontes de inspiração, diria que são o Tiago Melo e Gonçalo Noites da minha academia. São pessoas onde consigo ver e sentir não só as partes boas, como todos os sacrifícios que fazem. E aí sim, sabendo que eles vêm do mesmo sítio que eu e conseguem o que conseguem, são uma grande inspiração.
Estás a frequentar o Programa Doutoral em Engenharia e Gestão Industrial. Qual é o foco da tua investigação?
Aprender! Cada dia que passa ouço e leio coisas novas e percebo que ainda sei muito pouco. Então quero assimilar todo o conhecimento possível, tanto em áreas que me interesso, como em áreas que numa primeira instância até nem possa estar interessado.
O que é que te fez escolher a FEUP e a área da Engenharia e Gestão Industrial? Sempre foi um objetivo para ti entrar aqui na FEUP?
A FEUP é uma faculdade com grande prestígio e eu ambiciono sempre o melhor. Quanto a Engenharia e Gestão Industrial, no secundário fui à Universidade Júnior, na semana das Engenharias, e foi a que mais me interessou.
Como é que é concilias os trabalhos diários com os estudos na FEUP?
Como sei que os treinos são a um horário fixo, só tenho de fazer/estudar o necessário antes desse horário.
O que é que mudarias para poder facilitar esta conciliação?
Construiria a FEUP ao lado da academia (risos).
Quais é que são os grandes objetivos para a tua vida enquanto atleta e engenheiro?
Como referi, por enquanto não tenho grandes ambições. Quero aproveitar e usufruir ao máximo o momento, aprendendo o máximo possível, e quando for altura para mudanças já pensarei de forma diferente.