Portugal é um dos principais produtores de talento na canoagem, modalidade que tem em Miguel Amaral Oliveira mais um motivo de orgulho nacional e também um enorme exemplo de dedicação.

Habituado a encarar de frente os desafios na canoagem, o estudante do 1.º do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores leva uma carreira recheada de títulos nacionais e internacionais, tendo representado a FEUP no último Campeonato Mundial Universitário de Canoagem, onde ficou num honroso 7.º lugar.

A dar os primeiros passos na carreira profissional, o canoísta traça paralelismos entre a engenharia e a canoagem, e a forma como aplica o que aprende na prática desportiva.

Como é que a Canoagem surgiu na tua vida?
O primeiro contacto deu-se através da minha família quando eu tinha sete anos, mais concretamente através o meu pai, que está envolvido neste desporto há cerca de 40 anos.

O que é gostas mais na prática da Canoagem?
O que mais aprecio é o contacto com a natureza, nomeadamente o rio, o local onde diariamente pratico este desporto; para além disso, o companheirismo da equipa que me permite evoluir a cada treino também é uma parte muito significativa; e o facto de este ser um desporto exigente física e mentalmente, que me desafia diariamente.
Miguel Amaral Oliveira 4Para quem vê “de fora”, a Canoagem e o Remo parecem modalidades semelhantes, mas são bastante diferentes. Em que diferem?
As diferenças são notórias, desde o facto que no remo o deslocamento é feito de costas e na canoagem é de frente. A nível de material, no remo usam-se pás e na canoagem, mais precisamente na vertente de caiaque que pratico, utiliza-se uma pagaia.

Alguma vez pensaste em seguir uma carreira no Remo?
Nunca me ocorreu esse pensamento exatamente por estar tão envolvido na canoagem e também pelo apego emocional que tenho com a modalidade.

Participaste, no ano passado, na Maratona do Mundial Universitário de Canoagem. Como é que surgiu essa oportunidade?
A possibilidade de participar na Maratona do Mundial Universitário de Canoagem surgiu no final da época passada, quando já me encontrava de férias, pelo selecionador nacional de maratonas. O convite surgiu no seguimento dos meus resultados nas competições nacionais nesta modalidade, que me colocaram entre os melhores atletas que se encontravam no ensino superior.
Miguel Amaral Oliveira 7Olhando em retrospetiva, o que achaste da tua performance, um 7.º lugar na Maratona?
Como qualquer atleta, fico sempre com o sentimento que podia ter feito melhor, no entanto, é um resultado que me orgulho bastante, uma vez que pude representar o meu país, e dadas as circunstâncias de preparação – no momento de chamada não me encontrava no país e estava em off-season há cerca de duas semanas – no final das contas, acho que fiz o meu melhor e fico satisfeito por isso.

Qual é o momento mais alto da tua carreira até agora?
Acredito que foram vários os momentos altos nestes 15 anos que tenho de canoagem. Começando pelos títulos nacionais, passando pelas chamadas a estágios da seleção, nas camadas jovens, que são sempre inesquecíveis e que me recordo como sendo marcantes e, obviamente, o Mundial Universitário onde pude representar o meu país.

Esperavas ter este tipo de desempenho quando começaste a carreira de canoísta?
Talvez no início nem tanto porque via a canoagem como uma diversão. A partir do momento em que comecei a levar mais a sério, e como qualquer atleta ambiciona os lugares mais altos do pódio e poder um dia representar o seu país, eu não sou diferente. Sabendo da dedicação que entreguei a este desporto, estes resultados são no fundo reflexo disso mesmo.

Até onde esperas chegar na tua carreira desportiva?
Tendo noção que este é um desporto com poucos apoios em Portugal e que, por isso, é difícil manter uma vida profissional nesta modalidade, bem como o facto de já me encontrar a construir o futuro profissional na área da engenharia, não perspetivo experiências a esse nível. Gosto de treinar e dar o meu melhor em cada desafio a que me proponho e, por isso, tento levar esta mentalidade comigo na canoagem.
Miguel Amaral Oliveira 2Que ídolos é que tens nesta modalidade?
Felizmente, Portugal está muito bem representado na canoagem, com atletas de grandíssimo nível e qualidade, que tanto nos orgulham, atletas que são uma referência para mim desde que comecei a praticar este desporto. Refiro-me principalmente ao Fernando Pimenta e ao João Ribeiro, mas também a canoístas mais novos como o Messias Baptista.

Estás a frequentar o Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Estás a gostar de estudar nesta área?
Sempre foi uma das áreas em que tive mais interesse e felizmente tenho gostado bastante daquilo que tenho vindo a aprender ao longo destes quatro anos.

O que é que te fez escolher a FEUP e a área da Eletrotécnica e de Computadores? Sempre foi um objetivo para ti entrar aqui na FEUP?
Para mim a FEUP sempre foi o meu objetivo. É das melhores faculdades do país e o seu prestígio reflete isso mesmo. A área da Eletrotécnica e de Computadores foi a minha primeira escolha pela sua abrangência e pela formação que me proporcionaria, e revelou-se uma ótima escolha.

Encontras algum paralelismo entre a canoagem e a engenharia?
Consigo encontrar algumas semelhanças… na questão da otimização de processos, ou seja, na canoagem queremos ser o mais eficazes possível na remada e por isso temos de a otimizar este movimento a nível mecânico, por exemplo. Paralelamente, em engenharia, somos um pouco levados a pensar e solucionar os nossos problemas da forma mais eficiente possível.
Miguel Amaral Oliveira 6Como é que é concilias os trabalhos diários com os estudos na FEUP?
De uma forma geral, tento adaptar a canoagem ao meu horário da faculdade. Gosto também de usar os treinos como um momento do meu dia em que liberto a minha mente dos estudos e dos trabalhos, o que me leva a estar mais focado e ter um melhor desempenho depois quando regresso a essas tarefas da faculdade, por isso nunca abdico deles.

O que é que mudarias para poder facilitar esta conciliação?
Se pudesse aumentaria o número de horas do dia para poder encaixar melhor os meus afazeres (risos). Brincadeiras à parte, acho que tenho conseguido conciliar bem a faculdade com o desporto e, por isso, não consigo pensar em nada que mudaria. No entanto, por vezes é mais complicado gerir todos os trabalhos que tenho da faculdade com os treinos diários, momentos de provas… nestas fases é notoriamente mais complicado, mas sendo algo com o qual convivo há algum tempo, vou-me adaptando às circunstâncias da melhor forma possível.

Quais é que são os grandes objetivos para a tua vida enquanto canoísta e engenheiro?
No fundo os meus objetivos passam por ser a minha melhor versão tanto como engenheiro como canoísta. Acima de tudo, quero desfrutar daquilo que faço e que tanto gosto, tirando o melhor proveito destas duas áreas da minha vida.
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