Desmistificar o universo da computação, tornando-o acessível a todos. Este é um dos principais objetivos do curso “Pensamento Computacional e Representação de Informação”, do Centro de Formação ao Longo da Vida da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). O curso arrancará em setembro e Pedro Diniz, docente do Departamento de Engenharia Informática e responsável por esta unidade de formação, explicou em que consiste esta nova aposta.
Um curso com ambição
Tudo começou com o Programa de Formação Multidisciplinar da Universidade do Porto, Impulso Mais Digital (STEAM-UP). Uma vez aberta a submissão de propostas, foi pelo Departamento de Engenharia Informática da FEUP que Pedro Diniz recebeu o desafio de desenvolver um curso que de alguma forma estivesse enquadrado neste programa. “Aceitei o desafio porque pensei ser uma boa oportunidade para desenvolver uma ação de formação para pessoas que não estão muito ligadas a áreas tecnológicas e desmistificar alguns preconceitos que as áreas afins da computação podem ter”, partilha o docente.
O curso é aberto a todos os interessados e tanto a inscrição como a frequência não exigem qualquer requisito de formação prévia. “Existem pelo menos duas unidades curriculares da Universidade do Porto que abordam este tema e, após analisar esses conteúdos e refletir sobre eles, desenhei a estrutura deste curso de modo a passar por uma introdução mais abrangente à computação e, posteriormente, demonstrar que uma das formas de materializar este género de pensamento é através das linguagens de programação que temos, que são de alto nível”, explica Pedro Diniz.
O curso contempla 8 aulas, lecionadas em b-learning, com dois objetivos bem definidos: por um lado, demonstrar que a computação não é “propriedade exclusiva” dos engenheiros de computadores e informáticos, e, por outro, que não trata apenas da matéria dos computadores comuns, que processam dados – há outras formas de computação como a representação da informação em partituras, a computação com plantas.
“Em vez de uma mera introdução à programação clássica, eu gostava de dar uma perspetiva mais holística – inclusive fazer coisas que não são programar, mas pensar, esquematizar. Porque por um lado há o raciocínio e o pensamento computacional, e por outro o processo computacional em si. Como habitualmente as duas são confundidas, pensei ser importante separá-las”, avança Pedro Diniz.
Alguns dos tópicos abordados serão as bases do pensamento computacional, a ligação entre os “mundos” analógicos e digitais como forma de representação da realidade, a representação binária eletrónica, origens e evolução em termos de capacidade de armazenamento e computação, o desenvolvimento da capacidade de conceber programas sequenciais, compreendê-los e explicá-los, detetar e corrigir erros, entre outros.
Uma aposta no futuro
Segundo o docente do Departamento de Engenharia Informática, “a lecionação deste curso, que inicialmente foi concebido para professores do ensino secundário, será um desafio porque muitos dos formandos terão backgrounds diferentes da engenharia, e esta multidisciplinaridade vai envolver ajustar a abordagem de forma a que todo o conhecimento seja acessível a todos”.
As inscrições abrem brevemente e toda a informação ficará disponível na página oficial do FEUP L3. “Por não haver qualquer requisito de formação prévia, gostava muito que se inscrevessem pessoas das mais diferentes áreas e conto que haja alguma variedade de idades, o que poderá ser também um desafio. Se esta edição correr bem, daremos continuidade à lecionação desta formação, caso haja interessados – tenho até já um programa em mente”, conclui Pedro Diniz.