O caminho trilhado pelos diversos desportistas que passam por esta rubrica costuma ser constante e único, mas no caso de Bárbara Rodrigues, esse percurso é feito no pavilhão desportivo ou na praia.
Seja numa equipa de seis jogadoras no Castêlo da Maia Ginásio Clube, ou com uma parceira na areia, a voleibolista acredita que estas duas vertentes do desporto a ajudam a ser melhor.
A estudante do Mestrado em Engenharia Informática e Computação fala do orgulho em representar a equipa da sua terra, do impacto que o desporto tem na sua personalidade, e da ligação existente entre jogadoras.

Os primeiros jogos ao serviço do Esmoriz Ginásio Clube.
Como é que o Voleibol surgiu na tua vida?
Tinha cerca de nove, dez anos quando pedi aos meus pais para praticar algum desporto, já que na escola qualquer desporto me captava a atenção e era algo que eu nunca recusava fazer. Vivo em Esmoriz, na altura muito perto do pavilhão do Esmoriz Ginásio Clube (EGC), e como a minha mãe já tinha praticado a modalidade, concordamos que seria um bom desporto para experimentar.
O que é gostas mais na prática do Voleibol?
Sou uma pessoa de carácter competitivo, por isso todos os treinos/jogos crio sempre objetivos, cativando-me na sua prática diariamente. Para além disso, adoro o registo de equipa/grupo que o voleibol oferece, sendo um dos desportos mais coletivos, as relações que criamos dentro e fora de campo são sempre especiais.
Representas o Castêlo da Maia Ginásio Clube, uma das equipas com mais campeonatos conquistados. Jogar por um clube histórico como este é uma responsabilidade acrescida?
Claro que sim. É um clube que já está na 1ª divisão há algum tempo, com uma longa história por trás, isso sem dúvida que acarreta responsabilidade para quem o representa, por respeito à sua história, mas também às pessoas que estão ligadas de alguma forma ao clube.

Bárbara Rodrigues cumpre a primeira temporada ao serviço do Castêlo da Maia Ginásio Clube.
Para além do Voleibol de pavilhão, também praticas Voleibol de praia. Como é que surgiu essa oportunidade?
Vivo na Praia de Esmoriz, uma cidade em que no verão os miúdos jogam mais vólei do que propriamente futebol na praia. Desde cedo que o “bichinho” de jogar voleibol de praia despertou, e quando tinha cerca de 15 anos participei pela primeira vez no campeonato nacional de Voleibol de Praia, acabando por conseguir conquistar o título de vice-campeã nacional. A partir daí nunca mais deixei de o praticar, sendo obrigatório no verão, quer na desportiva com amigos, quer de forma mais competitiva nas etapas realizadas por todo o país.
Ao serviço da U.Porto, conquistaste uma medalha de ouro de voleibol de praia em duplas femininas. O que é que sente alguém que representa a este nível a sua universidade e faculdade?
É sempre muito bom ser reconhecido pelo nosso trabalho, ainda por cima representar uma universidade de tanto prestígio como a U.Porto. É de realçar todo o apoio que a comitiva U.Porto nos disponibiliza, que também muito contribui para o nosso sucesso.

Bárbara Rodrigues sagrou-se campeã nacional universitária em 2024, com Matilde Moura.
Entre voleibol no pavilhão e na praia, para além da diferença natural no piso de jogo, qual é a principal diferença entre ambas?
Para além de um conjunto de regras que diferencia estas duas modalidades, ao contrário do Voleibol de pavilhão, o voleibol de praia é jogado em duplas, que acaba por ser a grande diferença que obriga a que ambos os jogadores sejam muito competentes e dotados em todos os tipos de ações. Pelo número elevado de jogadores no vólei de pavilhão (6×6), os atletas acabam por se especificar numa ação em específico, procurando ser exímios no seu trabalho. Alguns focam-se no ataque, outros na defesa e outros na distribuição do jogo, que é o meu caso. Quando jogo voleibol de praia, acabo por ter de apresentar uma boa performance em todos estes campos. Já que temos de saber “fazer tudo”, o voleibol de praia ajuda-me a ser uma atleta mais completa, e também me dá certas “skills” para o vólei de pavilhão.
Qual é o momento mais alto da tua carreira até agora?
Gosto sempre de salientar alguns títulos como o de campeã nacional sub-21 (2020-2021), campeã nacional sénior da Segunda Divisão (2022-2023), e alguns 1.ºs lugares alcançados em etapas nacionais jovens. Mas sobretudo, subir o meu clube de formação (EGC) à Primeira Divisão (após 20 anos) e poder representá-lo no escalão mais alto do voleibol com a bancada repleta de adeptos é, sem dúvida, um privilégio.
Já contas com uma carreira bastante completa aos 23 anos. Esperavas ter este tipo de desempenho quando começaste a carreira?
Quando comecei a praticar a modalidade nem sequer pensava muito no futuro, só quando comecei a ficar mais velha, talvez por volta dos 14 anos, é que percebi que gostaria de alcançar níveis superiores e estaria disposta a conciliar os meus estudos/trabalho juntamente com a prática da modalidade.

Bárbara Rodrigues ao serviço do Esmoriz Ginásio Clube.
Até onde esperas chegar na tua carreira desportiva?
Gostaria principalmente de conseguir ser um exemplo para quem anseia chegar ao nível sénior. A par disso gostaria de acumular mais alguns títulos e experiências.
Que ídolos é que tens nesta modalidade?
Distribuidora do Brasil, Macris e da Tailândia, Nootsara Tomkom!
Estás a frequentar o Mestrado em Engenharia Informática e Computação. Estás a gostar de estudar nesta área?
Sim! Acho mesmo que acertei em cheio na minha escolha. Gosto muito de trabalhar com o que tenho aprendido aqui na FEUP.

Bárbara Rodrigues no SC Braga – Castêlo da Maia, da 14.ª jornada da Liga Solverde.pt Feminina.
O que é que te fez escolher a FEUP e a área da Informática e Computação? Sempre foi um objetivo para ti entrar aqui na FEUP?
Não sabia muito bem se iria gostar do curso, mas sempre gostei de tecnologia e desde cedo me mostrei interessada em mexer em computadores. A FEUP era sempre a minha primeira opção, pela qualidade e prestígio que esta faculdade representa.
Encontras algum paralelismo entre o voleibol e a engenharia?
Dedicação e trabalho são atributos comuns aos dois, pela dificuldade e exigência que ambos representam. Assim como na engenharia, o raciocínio é um fator determinante também no voleibol, já que quem o pratica sabe bem a complexidade deste desporto, principalmente na função que desempenho no campo (distribuidora).
Como é que é concilias os trabalhos diários com os estudos na FEUP?
Organização é uma palavra crucial neste processo de conciliação dos estudos/trabalho com o desporto. Mas sem dúvida que também temos de fazer alguns sacrifícios, abdicando de alguns convívios, por exemplo, mas tudo depende das prioridades que definimos neste processo. Por vezes, ao sair de casa de manhã, sei que só à noite é que volto, por isso tenho de me organizar e preparar tudo o que preciso de levar para o dia, seja material de estudo ou equipamentos de treino. Nestas situações, tento aproveitar tempos mortos entre aulas, ou até ter de sair para ir treinar, acabando por ter de estudar nas instalações da FEUP, ou em alguns cafés mais recatados.
O que é que mudarias para poder facilitar esta conciliação?
Poder escolher um horário que encaixasse perfeitamente na minha rotina de treinos seria o ideal. Ter o estatuto de estudante-atleta já facilita muito, mas muitas vezes as opções que nos são dadas não correspondem 100% ao que seria o ideal para cada caso específico. A opção de apenas ser avaliada no final do semestre, ou pelo menos ter a opção de escolher se pretendo, ou não, obter avaliação por frequência seria muito útil, uma vez que estudantes-atletas não tem tantas benesses como, por exemplo, um trabalhador-estudante. No entanto, muitos de nós acabamos por ter tantos compromissos e tempo despendido quase como um, e em alguns casos, podemos até ser remunerados como tal.
Quais é que são os grandes objetivos para a tua vida enquanto jogadora e engenheira?
Procuro sempre evoluir enquanto atleta, e espero conseguir alcançar carreiras de valor quer no desporto, quer no trabalho. Continuar a aprender e a divertir-me fazendo o que gosto sempre!