Inês Mimoso, alumna da Licenciatura em Ciências de Engenharia – perfil de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (MIEMM) foi premiada pelo IACOBUS, o programa responsável por fomentar a cooperação transfronteiriça entre a Galiza e o Norte de Portugal, pelo artigo produzido no Centro de Competências em Envelhecimento Ativo e Saudável da U.Porto – Porto4Ageing.
Intitulado “Co-Creation in the Development of Digital Therapeutics: A Narrative Review”, o artigo analisa o papel da cocriação no desenvolvimento de terapêuticas digitais (DTx), que são intervenções digitais baseadas em evidências para o tratamento de doenças. A cocriação envolve a participação ativa de utilizadores e outros stakeholders no processo de design, com o objetivo de melhorar a usabilidade e a eficácia dessas soluções.
Para a investigadora, a cocriação é um meio que contribui para um sistema de saúde mais eficiente e humano. Permite envolver os utilizadores finais – sejam pacientes, profissionais de saúde ou outros stakeholders – em todas as fases do desenvolvimento, garantindo que as soluções digitais não são só tecnologicamente avançadas, mas também são significativas e úteis no dia a dia das pessoas. Ao dar voz a quem realmente vai utilizar estas tecnologias, conseguimos criar produtos mais intuitivos, melhorar a aceitação e a adesão às terapêuticas digitais e, em última instância, contribuir para um sistema de saúde mais eficiente e humano. Estas medidas são essenciais para facilitar a adoção e maximizar o impacto das DTx na área da saúde”.
A alumna FEUP acredita que este uso da tecnologia e de dados podem contribuir para a evolução dos cuidados médicos. “A minha investigação tem um impacto direto na forma como produtos e serviços são desenvolvidos, especialmente na área da saúde, onde é essencial garantir que as soluções digitais sejam eficazes, acessíveis e centradas nas necessidades reais das pessoas. Num mundo onde a tecnologia e os dados têm um papel cada vez maior, na minha opinião, a cocriação ajuda a garantir que essas ferramentas não são impostas de cima para baixo, mas sim desenvolvidas em conjunto com as pessoas que delas precisam”.
No que toca aos desafios de implementação, Inês Mimoso acrescenta que ainda há muito trabalho pela frente. “Apesar do potencial da cocriação, ainda existe pouca investigação sistemática nesta área, especialmente no desenvolvimento de produtos e serviços ligados à saúde. Além disso, a implementação das DTx tem desafios significativos, como os processos regulatórios complexos, desigualdade digital e elevados custos de desenvolvimento. As futuras investigações devem concentrar-se na definição de boas práticas de cocriação, incluindo estratégias para reforçar a privacidade dos dados, padronizar processos e aumentar o envolvimento dos pacientes e stakeholders”.
Próximos passos na investigação
A principal área de investigação de Inês Mimoso é a cocriação e as metodologias participativas, que considera a base fundamental do design, cujos processos são o “ponto de partida, pois permitem identificar necessidades, perceções, desejos e motivações das pessoas”, mas a investigadora está, também, envolvida num projeto de adaptação climática para pessoas idosas que vivem em áreas urbanas vulneráveis, que tem como proponente a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
Este projeto pretende desenhar uma metodologia climaticamente responsiva e localmente participada, tendo a componente de envolvimento da população-alvo — as pessoas mais idosas da zona de São Roque da Lameira.
Para além da FEUP, estão envolvidas neste projeto as Faculdades de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) e a Universidade de Coimbra (UC) como instituições parceiras, e as unidades de investigação Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente (CITTA/FEUP), Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo (CEAU/FAUP) e o Centro de Competências em Envelhecimento Ativo e Saudável (Porto4Ageing), que Inês Mimoso integra.
Programa IACOBUS
O programa “IACOBUS” tem como objetivo principal fomentar a cooperação e o intercâmbio entre os recursos humanos de Universidades, instituições de ensino superior e centros tecnológicos do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal (GNP, AECT), envolvendo professores, investigadores, pessoal de administração e serviços, gestores da inovação, técnicos de investigação, desenvolvimento e inovação (I+D+i), facilitando a partilha de atividades formativas, de investigação e de divulgação.
Este artigo, relacionado com o projeto INNOV4LIFE, têm como foco a inovação em saúde digital e terapêuticas digitais, e resulta da colaboração entre a U.Porto e diversas instituições da região, refletem a missão de promover a interação entre investigação académica e tecnológica e o desenvolvimento de novas soluções que possam construir para a transformação digital da saúde e dos cuidados.
A par da investigação de Inês Mimoso, também o trabalho de Teodora Figueiredo do Porto4Ageing foi distinguido por este programa.

Inês Mimoso e Teodora Figueiredo, premiadas pelo IACOBUS. FOTO: DR.