A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) foi recentemente distinguida com um financiamento de 900 mil euros, no âmbito do programa europeu H2020, para liderar o projeto SurfSAFE. Trata-se de uma iniciativa que irá envolver várias universidades europeias no desenvolvimento de soluções inovadoras – baseadas em biofilmes – para aumentar a segurança microbiana na indústria alimentar.

Coordenado pelo investigador Filipe Mergulhão, do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE), sediado no Departamento de Engenharia Química da FEUP,  este projeto europeu tem como objetivo principal “aumentar a capacidade científica do Laboratório de Engenharia de Biofilmes (do inglês BEL) nos campos da modificação de superfícies e análise de biofilmes”.

Pretende-se deste modo “estabelecer uma rede europeia líder, capaz de orientar o futuro desenvolvimento de superfícies anti-sujamento e antimicrobianas, de modo aumentar os níveis de higiene e segurança alimentar”, explica Filipe Mergulhão, assegurando ao mesmo tempo que “o nosso foco é garantir produtos seguros e de boa qualidade aos consumidores”.

Do projeto fazem também parte Nuno Azevedo (investigador sénior) e Luciana Gomes e Ana Pereira (investigadoras juniores).

Um desafio para a indústria

A presença de biofilmes em instalações de processamento alimentar representa hoje um enorme desafio para a indústria do setor. Isto porque os biofilmes têm uma função protetora aos microrganismos que hospedam, diminuindo a eficácia dos tratamentos de desinfeção.

De acordo com uma sociedade de microbiologia do Reino Unido, as alterações na maneira como os alimentos são produzidos, processados e oferecidos aos consumidores podem afetar a segurança dos alimentos. Uma análise detalhada aos desenvolvimentos recentes e futuros em processamento de alimentos, fabricação de produtos alimentares e cadeia de fornecimento admitiu que as inovações futuras no processo de fabricação – particularmente a deteção, controle, embalagem e armazenamento -, vão ser cruciais para enfrentar as ameaças à segurança alimentar colocadas por microorganismos e as suas toxinas.

A presença de biofilmes em instalações de processamento alimentar constitui um dos maiores desafios para a indústria do setor. (Foto: DR)

A comunidade científica sabe que os biofilmes apresentam uma grande tolerância a agressões externas, nomeadamente a agentes antimicrobianos químicos. A tolerância inerente dos biofilmes a biocidas químicos tem suscitado o interesse no desenvolvimento de métodos alternativos de controlo de patogénicos alimentares.

Além da FEUP, o projeto SurfSAFE integra também a Universidade de Copenhaga (Dinamarca), o University Medical Center Groningen (Holanda) e a Manchester Metropolitan University (Reino Unido).