Programa vai investir 3,5 milhões de euros na formação de cientistas africanos ao longo dos próximos cinco anos. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

Um consórcio pioneiro, que une a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e outras cinco das principais Escolas de Engenharia do país numa estratégia conjunta e com vista para o mundo e o futuro – e tendo para já como foco os países de língua portuguesa- foi anunciado esta quarta-feira, numa cerimónia presidida pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

O evento contou com os representantes das seis escolas e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) que se junta a esta colaboração. Para além da FEUP, o Consórcio de Escolas de Engenharia (CEE) reúne o Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), a Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM), Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT Nova) e a Universidade de Aveiro (UA).

A colaboração assume linhas de ação comuns em vários domínios, nomeadamente na contribuição para a excelência no ensino, na investigação e inovação. Na prática, o objetivo passará por “formar docentes e investigadores dos países de língua portuguesa, capacitando-os da melhor forma para os desafios do futuro e para as lideranças que poderão exercer”, explica João Falcão e Cunha, diretor da FEUP e nomeado diretor-executivo do Consórcio.

Prova disso mesmo serão as 20 bolsas de doutoramento conferidas anualmente ao consórcio, a serem atribuídas por concurso, e que estarão já disponíveis a partir do próximo ano letivo. A ideia vem sendo trabalhada pelos representantes das escolas de Engenharia há algum tempo, cientes das mais-valias que residem nesta colaboração. “Como se costuma dizer, a união faz a força e, conjuntamente, temos uma capacidade de ensino, inovação e investigação muito maior”, salienta o professor João Falcão e Cunha. “Queremos, com este consórcio, que a Engenharia tenha, cada vez mais, um maior impacto na sociedade e na economia portuguesas, e o reforço da formação é um investimento fundamental para atingirmos esse objetivo”, acrescenta o diretor da FEUP.

Os resultados do Consórcio tornar-se-ão visíveis já em setembro, com a abertura dos concursos para os estudantes de doutoramento. “O que vamos propor é que esse conjunto de alunos, apesar de serem distribuídos pelas várias escolas, sejam acompanhados e se mantenha o contacto entre eles para que se criem laços que no futuro podem vir a ser importantes como forma de ligar as escolas e empresas em que vão trabalhar”, salienta o professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico e membro da comissão executiva do consórcio. Além das bolsas, está previsto que sejam, também, celebrados anualmente, e no âmbito das mesmas, dois contratos para investigadores doutorados.

O MOOC, com o simbólico nome de “Astrolábio”, na área de Sistemas de Informação e Engenharia de Software é outro dos produtos resultantes deste Consórcio.  O curso de ensino à distância conta com o contributo das seis escolas da Engenharia e estará disponível a partir de janeiro de 2020. “Este é também um contributo importante, e identificámos esta área das tecnologias de informação como sendo uma das mais relevantes nos dias que correm”, explica o professor Arlindo Oliveira.

O Centro UNESCO, com a designação de Ciência LP – Centro Internacional para a Formação Avançada em Ciências Fundamentais de Cientistas oriundos dos Países de Língua Portuguesa, também apresentado esta quarta-feira pela FCT, é um reforço e simultaneamente um pilar dos objetivos do CEE. O mesmo tem como objetivo dar formação avançada aos cientistas, numa primeira fase de língua portuguesa, e se as necessidades identificadas assim o justificarem em outras línguas. O propósito é melhorar a capacidade de investigação e de educação dos candidatos que vêm destes países. As bolsas de doutoramento e a contratação de investigadores por parte dos consórcios serão feitas em articulação com o Centro UNESCO.

Os objetivos e a composição do CEE não são estanques, como salientam os professores Arlindo Oliveira e João Falcão e Cunha.  Também o público-alvo das bolsas de doutoramento poderá variar consoante as oportunidades que forem surgindo. “Pode acontecer que haja oportunidades com a Ásia ou com a América, por exemplo”, realçam. “O nosso objetivo é reforçar a visibilidade e o reconhecimento público do papel fundamental da Engenharia no desenvolvimento sustentável social e económico”.

A sessão desta quarta-feira contou também com a presença da ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação de Angola, Maria do Rosário Sambo, do ministro da Educação Nacional e Ensino Superior da Guiné-Bissau, Daurtarin Costa e da ministra da Educação, Família e Inclusão Social de Cabo Verde, Maritza Rosabal Peña.

Aproveitando o momento e a sua essência, foi também assinado um protocolo de cooperação entre a Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) e o Consórcio de Escolas de Engenharia (CEE) para “estimular a modernização progressiva e a reestruturação do ensino da engenharia no contexto universitário europeu”.  De acordo com o professor Arlindo Oliveira, “o Consórcio serve também para que as grandes escolas de engenharia portuguesas possam agir em sintonia no que respeita às grandes opões a tomar na definição dos novos currículos desta área, que entrarão em vigor em setembro de 2019, assim como nas abordagens a utilizar no ensino da engenharia”.