É um enorme modelo à escala real de uma árvore pequi (caryocar brasiliense) em vias de extinção, cujo tronco e ramos intrincados foram transpostos para ferro em bruto naturalmente oxidado. Resultado de três anos de trabalho, Pequi Vinagreiro foi a forma encontrada por Ai WeiWei para prestar homenagem ao poder da natureza e aos esforços da humanidade para o conquistar. Trata-se da maior e mais ambiciosa das árvores recorrentes na prática do reputado artista chinês e pode ser apreciada de perto na exposição “Entrelaçar”, patente até dia 9 de julho 2022, em Serralves

Dividida entre o Museu e o Parque de Serralves, esta exposição inédita é composta por duas obras: a Pequi Tree [Pequi vinagreiro] junta-se ainda Iron Roots [Raízes de ferro]. Juntas, as obras “fazem parte de um corpo de trabalho que reflete o interesse e a preocupação de Ai Weiwei com o ambiente e, mais especificamente, com a desflorestação da Mata Atlântica brasileira”. Como todas as obras do artista chinês, é uma mensagem de intervenção política e social.

Aos 63 anos, Ai Weiwei é considerado um dos mais notáveis ativistas sociais da atualidade. (Foto: DR)

O contributo da FEUP

Devido à complexidade da instalação do “Pequi Vinagreiro” foi solicitada a assessoria técnica de Manuel Matos Fernandes, professor catedrático do Departamento de Engenharia Civil e um dos especialistas em Geotecnia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

“Numa primeira fase, a minha colaboração consistiu no aconselhamento da equipa da Fundação de Serralves na caracterização geotécnica do terreno do chamado «Pátio das Abelhas«, para ajudar a decisão da escolha do local de implantação da escultura”, esclarece o docente, sobre uma assessoria que decorreu sem qualquer custo para a Fundação de Serralves.

Seguiu-se o acompanhamento do projeto de engenharia (fundações e estruturas) realizado pelo gabinete do Reino Unido que normalmente trabalha com o artista chinês. Nesta fase de trabalho esteve também envolvido António Adão da Fonseca, professor catedrático aposentado da FEUP.

Mais tarde, já em Serralves, Manuel Matos Fernandes acompanhou o início da execução do projeto para, segundo as suas palavras, “no local selecionado para a implantação, estabelecer a profundidade da base da fundação da escultura”.

Comissariada por Philippe Vergne, diretor do Museu de Serralves e pela curadora Paula Fernandes, a exposição “Entrelaçar” inclui também os trabalhos “Duas Figuras” e “Mutuophagia”, bem como o filme “Uma Árvore”, que serviu como making of da criação de “Pequi Vinagreiro”.