Paulo Mota entrou na FEP em 1992 como estudante da licenciatura em Economia, e em novembro de 1998 começou a sua carreira como assistente estagiário, lecionando as unidades curriculares de Moeda e Financiamento e de Economia Monetária Internacional. Ao longo dos 32 anos de ligação à FEP, dos quais 26 como professor, Paulo Mota desenvolveu uma relação profunda e enriquecedora com a instituição, marcada por colaborações com colegas e alunos de excelência e pelo desenvolvimento de laços de amizade e camaradagem.
Nesta entrevista, Paulo Mota partilha os momentos mais marcantes da sua carreira académica, desde os tempos de estudante até à sua nomeação como Diretor do Mestrado em Economia e Administração de Empresas. Reflete sobre as mudanças e desafios que vivenciou na FEP, destacando projetos importantes como a criação do Mestrado Executivo em Banca, Instrumentos e Mercados Financeiros, que representa uma contribuição significativa para a instituição.
Para além da sua carreira académica, Paulo Mota tem uma ligação profunda ao mundo da ginástica. Iniciou-se na modalidade aos 3 anos e foi atleta de alto rendimento de Ginástica Artística Masculina, vencendo vários campeonatos nacionais e representando Portugal em competições internacionais. Após encerrar a sua carreira como ginasta, continuou envolvido na modalidade como juiz e treinador, recebendo o Prémio “Prestígio Internacional” da Federação de Ginástica de Portugal em 2014.
Nesta conversa, Paulo Mota revela como a ginástica contribuiu para o seu desenvolvimento pessoal e profissional, proporcionando-lhe competências essenciais para enfrentar desafios e alcançar objetivos. A sua trajetória é um exemplo inspirador de dedicação e paixão, tanto no campo académico como desportivo.
Data de entrada na FEP
1992 como estudante da licenciatura em Economia;
Novembro de 1998 como assistente estagiário das unidades curriculares de Moeda e Financiamento e de Economia Monetária Internacional do curso de Economia
Como descreveria a sua experiência e ligação à FEP ao longo destes anos?
É uma ligação já com 32 anos! 26 como professor. A FEP tem-se revelado para mim uma oportunidade para conhecer, interagir e aprender com professores, muitos deles agora colegas, e estudantes de excelência, o que é muito enriquecedor do ponto de vista intelectual. Para além disso, alguns desses colegas tornaram-se verdadeiros amigos. A FEP é, também, um local particularmente agradável para trabalhar, desde o edifício classificado de que gosto particularmente, à simpatia e disponibilidade da generalidade dos funcionários não docentes. Por estas razões, ao que acresce o facto da FEP ser uma das mais prestigiadas instituições da minha cidade, tenho um forte sentido de pertença à nossa Faculdade, e um grande orgulho em me apresentar como “Professor da FEP.”
Quais foram os momentos mais marcantes ou gratificantes da sua carreira na FEP até agora?
Os tempos de estudante na FEP foram particularmente marcantes. Na altura o curso tinha a duração de cinco anos e o grau de exigência e de dificuldade era elevado. Creio que consideravelmente superior ao que acontece atualmente. Aliás, logo na semana da recessão ao caloiro em que participei devidamente pintado pelos “Doutores” com o cifrão (símbolo de economia) na cara, eramos preparados para o que aí vinha, cantado a famosa Ode à Economia, “… são cinco anos ou talvez mais…” Gostei particularmente do curso, e em especial da diversidade de abordagens e ideologias inerentes aos diversos professores, algo que penso se ter perdido um pouco atualmente.
A minha contratação como assistente-estagiário em 1988 representou o culminar de um sonho que era ser professor universitário e em particular na FEP. As primeiras unidades curriculares que lecionei foram Moeda e Financiamento e Economia Monetária Internacional regidas pelo Professor Abel Fernandes, um professor de excelência, com um conhecimento profundo das matérias e permanentemente atualizado. Desde aí tenho lecionado na área da economia monetária, da macroeconomia e dos mercados financeiros.
Naturalmente que o dia da saída da nota da última cadeira da licenciatura algures em junho de 1997, da defesa da dissertação de mestrado sobre o impacto das políticas de gestão da procura sobre o desemprego (22-11-2001), cujo orientador foi o Professor Manuel Luís Costa, e da defesa da tese de Doutoramento sobre a histerese na dinâmica do emprego (30-9-2008), orientada pelos Professores José Varejão e Paulo Vasconcelos, foram momentos importantes no meu percurso na FEP.
A minha nomeação em como Diretor do Mestrado em Economia e Administração de Empresas em abril do ano passado, curso onde tenho lecionado nos últimos anos Políticas Económicas e Mercados e Operações Financeiras, e onde já fui membro da comissão científica é, também, um marco importante na minha carreira na FEP. Representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido e a confiança da parte da Direção da Escola, o que para mim é naturalmente muito relevante.
Existe algum projeto ou iniciativa da FEP de que se orgulhe particularmente?
Sem dúvida que o novo Mestrado Executivo da FEP em Banca, Instrumentos e Mercados Financeiros, acreditado para um período de seis anos, que concebi em conjunto com o Manuel Duarte Rocha é uma importante contribuição para a FEP, e que por isso que me orgulha particularmente. Esta iniciativa fortemente incentivada e apoiada pelo Diretor da FEP – Professor Óscar Afonso, e pela sua equipa diretiva que incluía na altura a Professora Dalila Fontes insere-se numa nova dinâmica que está a transformar a FEP tornando-a mais competitiva, mais ligada ao tecido empresarial e ainda mais atrativa para futuros estudantes.
Sabemos que tem uma ligação profunda à ginástica. Como começou o seu interesse por esta modalidade?
Comecei a praticar ginástica de iniciação aos 3 anos, e natação aos 5 anos no Futebol Clube do Porto (o meu clube do coração). Com esta idade, naturalmente que por iniciativa dos meus pais, que consideram serem dois desportos importantes de formação. Aos 9 anos, depois de ter participado em algumas competições de natação sem grande sucesso optei pela Ginástica Artística (que na altura se chamava Ginástica Desportiva).
Pode-nos falar sobre a sua trajetória como ginasta e treinador de -Ginástica Artística Masculina?
Eu fui praticante de alto rendimento de Ginástica Artística Masculina, tendo vencido o Campeonato Nacional da 1ª Divisão em todos os escalões etários (duas vezes em seniores, 1994, 1995). Participei em várias competições internacionais pela Seleção Nacional, culminado com o Campeonato da Europa de Seniores de 1996 na Dinamarca. O meu clube de formação foi o Futebol Clube do Porto, mas em 1991 o clube acabou com a modalidade devido aos melhoramentos introduzidos no estádio das Antas para o campeonato do mundo de futebol de juniores de 1991, pelo que os meus títulos de seniores foram ao serviço do Futebol Clube de Gaia. Foi uma pena o FC Porto ter acabado com a modalidade, uma vez que tinha na altura o melhor ginásio do país e uma grande tradição na modalidade! Depois de terminar a carreira como ginasta fiquei ligado à modalidade como juiz e também como treinador, atividade que é para mim uma espécie de hobby, que acaba por ocupar todo o meu tempo livre.
Quais foram os desafios mais significativos que enfrentou ao longo da sua carreira na ginástica?
Os treinos de Ginástica Artística são particularmente exigentes quer em termos de intensidade como de horas de prática, porque temos de fazer exercícios em seis aparelhos: Solo, Cavalo c/ Arções, Argolas, Saltos, Paralelas e Barra Fixa. Eu treinava entre 3 a 3½ por dia (seis dias por semana), sendo que nas férias escolares os treinos eram muitas vezes bi-diários. Por isso, foi necessário ter uma grande disciplina e força de vontade para a articular a prática com o curso. Curiosamente, nunca necessitei de fazer qualquer exame fora de época na FEP e conciliei perfeitamente a atividade desportiva com o curso de economia. De qualquer forma, a conciliação dos estudos com a prática, para além da superação de lesões graves (que felizmente não tive na ginástica) é o grande desafio dos desportistas. Curiosamente a minha lesão mais grave (rutura de ligamentos) foi feita num jogo de futebol da então equipa de professores da FEP denominada de 7,4 (quando a nota mínima para ir à oral era de 7.5) redenominada de 9,4 com o fim das provas orais na FEP! De notar que, o jogo em causa não foi contra os estudantes, cujo o fair play era de assinalar, até porque nos ganhavam invariavelmente, mas contra uma equipa de um outro serviço da Universidade do Porto.
Pode destacar algum momento ou conquista que tenha sido particularmente especial para si enquanto treinador ou juiz?
Como juiz internacional de Ginástica Artística Masculina a participação nos Campeonatos do Mundo de 2018 no Qatar, e de 2022 em Liverpool são momentos importantes e especiais. Destaco, também, a minha participação nos Jogos Mundiais Universitários (Universiadas) de Nápoles 2019, uma competição de alto nível que integra apenas atletas que frequentam o ensino superior. Como treinador, os momentos mais altos, para além dos diversos títulos Nacionais, foram a seleção de meus ginastas para a Equipa Nacional que disputou o Campeonato da Europa de 2006, 2008 e 2022 e que participou no Festival Olímpico da Juventude Europeia de 2017.
Recebeu o Prémio “Prestígio Internacional” da Federação de Ginástica de Portugal em 2014. O que significou para si esta distinção?
Esse prémio foi atribuído pela minha carreira com juiz internacional, e em particular pela participação nos Campeonatos da Europa de 2012 (Montpelier) e 2014 (Sofia) e no Festival Olímpico da Juventude Europeia de 2013 (Utrech). Significou para mim o reconhecimento de um envolvimento de longa data na Ginástica Artística Masculina com contributos relevantes para a Federação de Ginástica de Portugal e para o país.
Que impacto acredita que a ginástica teve no seu desenvolvimento pessoal e profissional?
O desporto de alto rendimento e a Ginástica Artística em particular pela sua exigência é fundamental no desenvolvimento da força de vontade, da perseverança na prossecução de objetivos, da concentração e da capacidade de lidar com a ansiedade e o stress de momentos chave. No meu caso não foi diferente. As valências adquiridas na prática desportiva de alto nível ajudam sem dúvida a encarar melhor um exame importante, uma entrevista de emprego ou uma apresentação pública. As competições e estágios internacionais permitem o contacto com colegas e competidores estrangeiros, que para além do conhecimento de novas culturas leva-nos, também, a compreender melhor os outros, e a ter amigos no estrangeiro, o que permite uma visão do mundo mais cosmopolita, que julgo ser importante para a integração dos países e um importante transfere para o mundo dos negócios atualmente global. Neste particular algo semelhante é possibilitado pelos programas de mobilidade de estudantes, como o programa ERASMUS.