Lara Börjesson, 3º ano da licenciatura em Geologia, fez o PEEC no 2º ano do curso e sonha ser paleontóloga. Em busca desse sonho, ainda não tinha acabado o 1º ano, já estava à procura de um estágio para poder trabalhar na área de investigação associada, claro, à paleontologia. 

Lara é a prova de que o PEEC pode ser além da FCUP e da U.Porto. Numa pesquisa, e no seguimento da sua paixão, conseguiu trabalhar com o investigador Pedro Correia, alumnus da FCUP atualmente na Universidade de Coimbra. O trabalho, que contou com muita escrita científica, resultou num artigo, entretanto em revisão para publicação numa revista de referência. 

Conheçam-na no PEEC Views, uma nova rubrica de entrevistas para mostrar o trabalho dos nossos estudantes no âmbito deste programa de estágios que, há mais de 10 anos, abre portas e caminhos ao mundo da investigação em ciências nas suas várias vertentes. 

Porque escolheu frequentar o programa PEEC?

É uma excelente oportunidade que a faculdade permite ter e nem todas as universidades possibilitam fazer um estágio extracurricular durante a licenciatura. Para além disso, é sempre interessante para mim, que quero fazer carreira enquanto investigadora, ter pelo menos uma introdução à investigação, antes de fazer um estágio curricular ou até mesmo antes de fazer a dissertação do mestrado. 

No 1º ano da licenciatura, a partir do 2º semestre, comecei a pesquisar e a falar com professores a ver o que seria possível fazer na área. Acabei por falar com o investigador Pedro Correia, que me propôs trabalhar com um espécime que ele tinha num laboratório na Universidade de Coimbra. Falei também com a professora e investigadora Joana [Ferreira] que submeteu o PEEC oficialmente pela FCUP e me ajudou neste processo. 

É muito recomendado aos estudantes de Geologia procurarem frequentar o PEEC e verem as áreas em que querem trabalhar, porque é uma licenciatura que tem várias áreas diferentes. 

Em que consistiu o trabalho desenvolvido e quais os principais resultados?

O meu trabalho incidiu sobre a descoberta de um fóssil, neste caso de um fragmento da parte médio superior de uma folha encontrado na Bacia Carbonífera do Buçaco, em Coimbra. Ainda não tínhamos a identificação oficial de qual era o género e havia a teoria de que seria do género Lesleya. No meu estágio, ajudei a confirmar que estava correta. O que fiz foi garantir, a partir da bibliografia existente sobre o género Lesleya, que a espécie era realmente desse género. Fiz uma análise comparativa em relação às espécies que já foram encontradas e às espécies “portuguesas” concretamente, de Lesleya iberiensis e Lesleya ceriacoi. Para além disso, trabalhei na escrita do artigo e nas medições para a descrição do espécime. 

A ideia inicial era a de submeter o artigo à revista científica Comunicações Geológicas, do LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia. No entanto, o investigador Pedro Correia achou que o artigo tinha mais qualidade do que a que estava à espera e acabamos por o submeter a uma revista internacional, sendo que se encontra em fase de revisão. 

Que balanço faz do PEEC e que mais-valias ele trouxe ao seu percurso académico e profissional?

O PEEC ajuda muito a ganhar currículo no que diz respeito à investigação e, no meu caso, para os mestrados a que quero concorrer, é necessária alguma experiência profissional e este estágio já conta para isso. 

A nível profissional, o PEEC  ajudou-me a compreender como é que devem ser lidos e trabalhados os artigos, como colocar as referências bibliográficas, como fazer a revisão e a escrita científica. No fundo, permitiu-me ter uma maior noção sobre a escrita, a revisão e a submissão de artigos científicos. Foi muito bom porque adquiri também novos conhecimentos em paleontologia, mais concretamente em paleobotânica. 

Foi também um momento de bastante crescimento pessoal e especialmente desafiante, porque estava, ao mesmo tempo, a frequentar sete disciplinas, devido a uma alteração que houve naquele ano; a dada altura pensei que pudesse não conseguir, mas consegui e agora está a ser revisto e há a hipótese de ser publicado. Fiquei muito contente e é uma espécie de “glória pessoal”. 

Li 46 artigos e foi um trabalho considerável, entre várias reuniões na FCUP e virtuais, para medir o espécime e ter indicações do meu orientador. 

Quais as mais-valias do PEEC para os estudantes?

Em geral, é uma experiência para quem quer seguir investigação, conhecer outras áreas e até para nos divertirmos. Até podem fazer como eu: se há uma área que gostam mesmo, falem com os professores e tentem encontrar algo que realmente vos apaixone e que queiram seguir. É uma experiência profissional e académica incrível e permite uma maior proximidade entre professores e investigadores. 

Que conselhos dá aos estudantes que pretendam candidatar-se a este programa? 

Não deixem o estudo para a véspera dos exames. Se organizarem o estudo, conseguem ter tempo para fazer um estágio extracurricular. 

 

[As candidaturas ao programa PEEC para o ano letivo 2024/2025 estão abertas de 28 de outubro a 15 de novembro.]