“Quem corre por gosto não cansa”. O provérbio assenta que nem uma luva em Cristiana Marques, do 3º ano da licenciatura em Biologia, que fala da experiência do PEEC com um entusiasmo contagiante. 

Fez o seu estágio extracurricular no 2º ano da licenciatura no Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) na área de paleozoologia e foi descobrir “uma área que nem sabia que gostava”. Às quartas-feiras, durante o segundo semestre do ano letivo 2023/2024, ia com satisfação para o museu, onde lhe passaram pelas mãos dezenas de fósseis de peixes, anfíbios e répteis. Hoje tem uma certeza: a curadoria biológica é o seu futuro!

Conheçam-na no PEEC Views, uma nova rubrica de entrevistas para mostrar o trabalho dos nossos estudantes no âmbito deste programa de estágios que, há mais de 10 anos, abre portas e caminhos ao mundo da investigação em ciências nas suas várias vertentes. 

Porque escolheu frequentar o programa PEEC?

Ouvi falar do PEEC no meu primeiro ano, numa palestra do Núcleo de Biologia (NEBUP) sobre estágios. Já sabia que queria estagiar no Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto desde que entrei no curso. Atirei-me de cabeça e candidatei-me logo no 2º ano, aproveitando o PEEC, porque não conseguia esperar até ao 3º, em que temos hipótese de fazer um estágio curricular. Por acaso não entrei na minha primeira opção, que era ornitologia, no mesmo local, que era o que mais me interessava e tinha colocado em segundo lugar a área de paleobotânica. Falei com a Cristiana [Vieira], que tinha apresentado a proposta e que me perguntou porque tinha escolhido esta área. Expliquei-lhe que, apesar de ter muito carinho pela botânica, o que queria mesmo era trabalhar na área da zoologia. Ela foi uma querida e fez acontecer! Trabalhei com  a Cristiana e com a Isabel Martins, da coleção de paleozoologia, e não podia ter sido melhor! Descobri uma área que nem sabia que gostava! 

Em que consistiu o trabalho desenvolvido e quais os principais resultados?

Estive a fazer o acondicionamento dos espécimes – acondicionar mais de 100 fósseis de peixes, anfíbios e répteis. O trabalho consistiu em imensas coisas diferentes: fotografar todos os espécimes para criar uma base de dados fotográfica, medir, pesar e registar todos os pesos e as alturas e depois tinha de acondicionar, substituindo as caixas antigas por novas, refazer etiquetas com códigos de catálogo novos e regista-los na base de dados. Este trabalho é exatamente aquilo que eu gosto: muito pacífico, calmo e que pude desenvolver de forma autónoma. Foi super giro. 

Nunca tinha imaginado trabalhar na paleozoologia, tinha pensado na zoologia mesmo, com espécies animais e não fósseis de animais, mas foi muito bom e gostei imenso! Acabei por apresentar, este ano, um poster no Encontro de Investigação Jovem da U.Porto (IJUP) sobre o trabalho que realizei, o que foi uma oportunidade muito boa. 

Que mais-valias trouxe o PEEC a nível pessoal e profissional?

A nível pessoal, sinto-me muito mais motivada e tenho a certeza daquilo que quero. Estou muito mais proativa, confiante e tenho mais sentido crítico e ideias. Conheci imensas pessoas e aprendi muito! Proporcionou-me muitas oportunidades de networking dentro das áreas que gosto e isso é muito bom. Recomendo!

Quais as vantagens do PEEC para os estudantes?

No meu ano, não conheço ninguém que tenha feito um PEEC. Conheço pessoas que fizeram estágios extracurriculares, mas não por este programa. O PEEC tem a grande vantagem de poder ficar no nosso diploma quando acabamos o curso e é muito mais organizado. Sendo um programa da universidade, há uma maior responsabilidade tanto da parte dos estudantes como dos orientadores. Um estágio em si é muito bom para percebermos se realmente gostamos de uma área. Foi com o PEEC que percebi que gosto mesmo de pôr as mãos na massa: consigo ver-me a acordar todos os dias e a fazer disto a minha vida!

O PEEC é muito bom para decidirmos as áreas que gostamos e tem uma carga horária muito mais leve do que outros estágios (6 horas semanais). Se não tivesse gostado do trabalho que fiz no PEEC, se calhar o meu estágio no 3º ano já não seria nesta área.

Este ano estou a fazer estágio curricular no MHNC-UP, com uma coleção completamente diferente. Estou na área de entomologia, com orientação do curador José Manuel Grosso Silva. É curadoria biológica, que é o que gosto!

Que conselhos dá aos estudantes que pretendam candidatar-se a este programa? 

É perfeitamente conciliável com a licenciatura, mas tenho noção que é trabalhoso. Por isso, acho que a escolha do tema do PEEC tem de ser mesmo feita com o coração, porque o devemos fazer por gosto e não por obrigação. Faz sentido também colocarem várias opções, porque podem até não ficar na primeira opção que mais gostam e, como eu, adorar o trabalho em que ficaram colocados. 

Na área da Biologia, faz todo o sentido agarrar todas as oportunidades de estágio, porque contam muito para o currículo, mais componente prática e networking. São tudo vantagens que vão fazer a diferença no futuro!

 

[As candidaturas ao programa PEEC para o ano letivo 2024/2025 estão abertas de 28 de outubro a 15 de novembro.]