Quando tinha apenas 20 anos, Paulo teve um acidente que o deixou em cadeira de rodas. Estudava Biologia na Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD) e veio para a FCUP terminar a licenciatura e assim mais perto de casa.
Após terminar este curso, decidiu continuar na Faculdade de Ciências e frequenta agora o 1º ano do Mestrado em Ciência e Tecnologia do Ambiente.
Para chegar à faculdade, mesmo estando mais perto de casa, encontra desafios de deslocação e, mesmo numa casa cada vez mais inclusiva, deixa algumas sugestões para que se torne ainda mais acessível para todos os estudantes com mobilidade reduzida e também para invisuais.
No Dia Nacional do Estudante, assinalado a 24 de março, damos a conhecer percursos e histórias de estudantes da FCUP, diferentes realidades e perspetivas.
Porque decidiste estudar na FCUP? E o que motivou a escolha do teu curso?
A minha escolha pela FCUP cingiu-se à simples razão de ser mais perto de casa devido à minha condição física. Relativamente ao curso eu sempre tive um gosto por biologia e já estava a tirar a licenciatura em Biologia na UTAD antes de transferir a minha inscrição para a FCUP para terminar a licenciatura, e uma vez que a licenciatura foi tirada aqui decidi que iria tirar o mestrado aqui também. O curso de mestrado é na área de ambiente mais por conveniência, uma vez que tenho uma maior preferência pela área da conservação.
Há quanto tempo usas cadeira de rodas?
Tive o acidente que me colocou numa cadeira de rodas em 31 de Maio de 2010, o que dá aproximadamente 15 anos.
Como é o teu dia a dia enquanto estudante? Quais os maiores desafios com que te deparas?
Atualmente, o maior desafio que encontro é a deslocação, parte da minha deslocação é feita em viatura privada até Rio Tinto, porque os transportes públicas na minha área de residência ainda têm várias falhas em termos de acessibilidades. Em Rio Tinto apanho o metro até ao Porto (Casa da Música) e a partir daí as obras intermináveis da cidade do Porto são o obstáculo. No entanto, obstáculos devido a acessibilidades são o mais comum que eu enfrento e são superáveis desde que haja outras vias por onde chegar ao mesmo destino.
Quando vieste estudar para a FCUP encontraste dificuldades de acessibilidade? Se sim, quais?
Sim, havia alguns locais sem rampa de acesso e aulas em pisos não térreos, mas foram rapidamente resolvidos com a colocação de rampas provisórias até à colocação de definitivas e acesso aos elevadores.
Ainda existem alguns problemas com algumas salas de aula que não estão preparadas para pessoas em cadeira de rodas porque têm uma área mais elevada na frente onde o/a aluno/a ou professor/a fala ao resto do público.
Que sugestões darias para tornar o campus da FCUP mais acessível e inclusivo? E ao nível do ensino superior/U.Porto em geral?
Alteração às salas de aula para as tornar mais acessíveis e inclusivas, não só para pessoas com mobilidade reduzida, mas também para invisuais.
Que conselho darias a outros estudantes com deficiência física que estejam a pensar entrar no ensino superior?
Que antes de se inscreverem numa instituição de ensino superior façam uma visita ao local para verem quais as condições de acessibilidade e ajudas que terão disponíveis para a sua condição.
Quais são os teus objetivos para o futuro?
Poder vir a trabalhar na minha área, sem dúvida.
Para ti, ser estudante da FCUP é…
Uma oportunidade de evoluir como pessoa e como cidadão e uma experiência que me permitirá melhor enfrentar outros desafios que irei encontrar na minha vida futura.