É um parque verde multifuncional e inclusivo, que oferece uma rede de circulação pedonal e uma nova forma de mobilidade suave, ao mesmo tempo que olha para a preservação da natureza. O Parque Alameda de Cartes, desenhado por uma equipa de arquitetos paisagistas da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), abriu, no passado dia 29 de setembro, na sua totalidade, à população.
São ao todo 40 mil metros quadrados de espaços verdes que ligam os bairros do Falcão, do Cerco e do Lagarteiro, a Escola do Falcão, o Campo de Campanhã, a Piscina de Cartes e a Horta das Oliveiras. “Este projeto representa uma forte ligação entre a academia e a cidade, ao criar de raiz um espaço verde que promove a qualidade do espaço público e as dinâmicas sociais, contribuindo também para a resiliência climática da cidade do Porto”, destaca José Miguel Lameiras, arquiteto paisagista responsável pelo projeto.
Em jeito de balanço, o também docente do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da FCUP, não tem dúvidas do sucesso que a iniciativa está a ter junto da população. “O parque está a ser amplamente utilizado, tanto pelos moradores locais como por várias pessoas que o atravessam nos seus trajetos quotidianos e por visitantes. Este espaço desbloqueia várias ligações estratégicas para peões e ciclistas, possibilitando um percurso contínuo desde a zona do Freixo até à Praça da Corujeira, através de caminhos maioritariamente pedonais e cicláveis”, adianta.
Já para Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto, que inaugurou o parque juntamente com o presidente da autarquia, Rui Moreira, este é um parque especial que “liga vidas”. Citado numa notícia publicada no portal de notícias da Câmara Municipal do Porto, denota que o Parque Alameda de Cartes “resolve desafios diários da comunidade, como testemunhámos quando, em fevereiro, um residente com mobilidade reduzida nos relatou como este parque mudou a sua vida ao permitir-lhe sair de casa e passear pela área com facilidade e segurança”.
A pensar na população, o parque terá também, todos os meses, o Campmarket: uma pequena feira de artesanato, produtos biológicos e velharias, onde os moradores se unem para dinamizar o local. A inauguração deu o mote para a primeira edição desta iniciativa.
Este novo espaço verde é também mais uma forte aposta na mitigação e adaptação às alterações climáticas. Foram plantadas cerca de mil árvores e 100% das águas pluviais são geridas e infiltradas localmente, o que promove a recarga dos aquíferos e beneficia a ecologia urbana.
Equipa da FCUP vai acompanhar de perto evolução e manutenção do parque
O Parque Alameda de Cartes é um resultado direto do projeto URBiNAT (Urban Innovative & Inclusive Nature – Healthy Corridor as drivers of housing neighbourhoods for the co-creation of social, environmental and marketable NBS), do programa Horizonte 2020.
A equipa da FCUP integra ainda os docentes Teresa Portela Marques e Paulo Farinha Marques, e os bolseiros de investigação, David Campos, Rosendo Silva e Beatriz Truta, mestres em arquitetura paisagista pela FCUP.
A monitorização do parque, da responsabilidade da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, está já a ser feita, através do acompanhamento do desenvolvimento da estrutura verde, das ações de manutenção, das dinâmicas sociais geradas pelo uso do espaço, e da valorização económica da região.
Para além da FCUP, fizeram também parte do grupo de trabalho o CIBIO/BIOPOLIS, a Universidade de Coimbra (UC), a Give U Design and Art (GUDA), o Centro de Estudos Sociais (CES), a Câmara Municipal do Porto e a empresa municipal Domus Social. Os projetos de especialidades foram desenvolvidos em articulação com a SOPSEC. A gestão do projeto e da obra é da responsabilidade da empresa municipal GOPorto.
A intervenção, cujo início foi anunciado em 2022, correspondeu a um investimento municipal de 2,2 milhões de euros, tendo contado com financiamento europeu ao abrigo do programa Horizonte 2020.
Para José Miguel Lameiras, projetos como este são uma “inspiração” e proporcionam avanços no “conhecimento científico através da investigação em projeto” e também “no ensino da Arquitetura Paisagista na FCUP”. O docente da FCUP antecipa desde já mais projetos de extensão universitária, como o Parque da Quinta de Salgueiros e mais contribuições para encher a cidade do Porto de verde e de bem-estar.