Inovar, mas manter o rigor e ter os laboratórios a postos para que os estudantes possam preparar-se para o futuro e fazer o melhor trabalho possível nas aulas. Esta é a missão diária de Telmo Francisco, 32 anos, técnico superior no Departamento de Química e Bioquímica e também alumnus da FCUP.
A rubrica “Meet the Staff” dá a conhecer quem são e o que fazem os membros da nossa Faculdade.
Departamento
Química e Bioquímica
Há quanto tempo trabalha na FCUP?
Há quase 4 anos. Terminei a licenciatura em Química em 2014 e depois fiz o mestrado em Tecnologia e Ciência Alimentar aqui na FCUP e em Braga, na Universidade do Minho, que concluí em 2016. Nos anos seguintes dediquei-me à investigação, até que, em abril 2021, surgiu a oportunidade de vir trabalhar para o Departamento de Química e Bioquímica como técnico superior.
Como é o seu dia-a-dia na FCUP?
É muito atarefado. Trabalho em equipa com as nossas assistentes e técnica operacional, que são quase as nossas “mãos”! Temos um trabalho diário que vai desde a preparação dos laboratórios até à preparação de soluções e elas dão-nos um apoio muito grande. Trabalham no DQB há muitos anos e aprendi(o) imenso com elas!
Sou responsável pela preparação de laboratórios para as aulas em três áreas, cada uma com dois laboratórios associados: Química Inorgânica, Química Física e Química Analítica. Ter o laboratório organizado e limpo, o trabalho nas bancadas bem estruturado tendo em conta o plano de aulas, o material em boas condições e devidamente rotulado é meio caminho andado para que, quando os estudantes chegam à aula, se sintam mais responsáveis pelo seu trabalho, que ele dá bons resultados e que se aproximam dos da literatura científica. Fazemos aquele trabalho que é invisível: fica feito, mas não se vê o processo. O pico do semestre é muito rotineiro: repor soluções, preparar alguma solução que falte e tentar conjugar tudo para que nada falhe.

Telmo Francisco também ajuda a preparar experiências científicas para visitas de escolas. Foto: SIC.FCUP
Para além disso, faço a receção de encomendas, o inventário do que nós temos, os pedidos de material e a sua gestão dentro do orçamento do departamento e a testagem de trabalhos práticos. Ultimamente, temos ainda procurado reinventar os laboratórios com alguns trabalhos novos e novas técnicas, com maior aplicabilidade. Temos apostado muito na segurança dos laboratórios e essa é uma tarefa que também ocupa muito o nosso tempo: fazer as fichas de segurança, fazer a rotulagem, atualizar os pictogramas e garantir que as regras são cumpridas. Pontualmente, preparo também experiências demonstrativas quando recebemos visitas das escolas. Com experiências simples e muito visuais que os alunos e os professores gostam, conseguimos abranger vários conceitos químicos, é uma forma de divulgar a área da Química e ver como eles ficam agradados é muito gratificante.
Quais são os maiores desafios no seu trabalho?
Diria que são as dificuldades na gestão dos materiais, a burocracia e os prazos de entrega. Para contornar esta situação, tenho preparado tudo com um ano de antecedência: compro tudo o que vou precisar para o ano seguinte porque, assim, mesmo que haja dificuldades nos prazos de entrega, sei que à partida chegam a tempo.
O que gosta mais na nossa faculdade?
Gosto do entrosamento entre a investigação e as aulas – não vivem um sem o outro e são elos que nunca se podem quebrar: são meio caminho andado para um futuro melhor para estudantes e investigadores. Gosto muito do que tem sido feito em termos de capacitação das equipas. A faculdade tem feito um trabalho fenomenal e desde que entrei tenho visto uma evolução enorme em todos os serviços. Gosto do facto de termos uma componente de aulas práticas muito forte. São aulas que não são baratas, mas são fundamentais e estão na nossa génese e não podemos perder isso. Devemos inovar, mas manter sempre o rigor que nos carateriza.
O que o inspira no seu dia-a-dia?
O meu gosto pela Química vai muito além da simples compreensão das reações e dos fenómenos que regem o mundo natural. É uma paixão que se reflete também no ambiente dos laboratórios que coordeno, onde tenho a oportunidade de deixar o meu cunho pessoal. A liberdade e a autonomia que me são dadas para tomar decisões permitem-me não só garantir o bom funcionamento dos laboratórios, mas também procurar constantemente formas de os melhorar e inovar. Esse voto de confiança inspira-me a fazer sempre mais e melhor, a encontrar novas soluções e a criar um espaço de aprendizagem cada vez mais dinâmico e enriquecedor. Saber que o meu trabalho contribui para a experiência e formação dos alunos dá-me motivação diária para continuar a evoluir e a procurar a excelência.
Mas a minha inspiração não vem apenas da ciência. São as pessoas à minha volta, a família que me apoia, os amigos, os animais, a fotografia que me permite captar momentos, a natureza, o campo, as viagens que me levam a novas culturas e a incessante vontade de descobrir o mundo que realmente me movem. Tudo isto se cruza com a minha curiosidade e desejo de conhecimento, impulsionando-me a evoluir, dentro e fora do laboratório.

Foto: SIC.FCUP
Uma mensagem para a comunidade FCUP:
Uma faculdade como a nossa só funciona se houver interligação entre departamentos, entre pessoas, porque acaba por ser uma máquina muito bem oleada. Só com o esforço e dedicação de todos é que conseguimos evoluir e trabalhar ainda melhor. Vivemos num mundo em constante evolução e temos de nos readaptar e trabalhar em conjunto. O esforço de todos – alunos, professores, funcionários – dá origem a um futuro melhor!
Qual o seu objeto de laboratório preferido na área da química e porquê?
Um exemplo de um dos que mais gosto é o gobelé. Simples, versátil e indispensável, é um símbolo da experimentação química. Utilizado para misturar, aquecer ou medir soluções, representa a base do trabalho em laboratório – um ponto de partida para descobertas e aprendizagens. Gosto especialmente da sua praticidade e resistência, que refletem a natureza dinâmica do laboratório, onde a curiosidade e a inovação caminham lado a lado. Tal como no meu dia-a-dia, onde procuro sempre melhorar e inovar, o gobelé adapta-se a diferentes contextos, tornando-se um elemento essencial no processo de ensino e investigação.