Ora está a preparar-se para entrar num jipe da Faculdade de Ciências para trabalho de campo, ora está entre laboratórios e também salas de aula. A geóloga Patrícia Santos, de 39 anos, tem, desde o ano 2000, ligação à FCUP, onde fez todo o seu percurso académico. Trabalhou em empresas na área da prospeção mineira e geoquímica de solos e voltou depois à faculdade para fazer investigação, área de que gosta bastante. Afinal, quem corre por gosto não cansa. Patrícia dedica os seus dias a estudar e analisar o impacto ambiental da exploração mineira nos solos.
Departamento
Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território
Há quanto tempo trabalha na FCUP?
Trabalho na FCUP como investigadora desde o final de 2018. Integrei um projeto focado nos impactos ambientais causados por antigas explorações de carvão chamado Coal Mine. Agora estou integrada num projeto semelhante que estuda três áreas mineiras do Norte de Portugal: as minas de carvão, do Pejão, em Castelo de Paiva, as minas de ouro e antimónio, no Alto do Sobrido, em Gondomar, e as minas de tungsténio (também conhecido como volfrâmio), em Regoufe, Arouca.
Como é o seu dia-a-dia na FCUP?
Neste projeto, chamado SHS, em que trabalho desde janeiro deste ano, analisamos os impactes da exploração mineira nos solos. O meu trabalho não é nada rotineiro e tudo depende do tipo de tarefas que estamos a desenvolver.
A Geologia tem uma componente forte de trabalho de campo. Há dias onde temos de nos deslocar para fazer recolha de amostras e há outros em que estamos na FCUP e fazemos mais trabalho de laboratório, de secretária, para análise e tratamento das amostras que foram recolhidas, para interpretação dos dados. Há também um trabalho de cartografia que é feito antes do trabalho de campo para verificarmos onde vamos querer recolher amostras, por exemplo.
Na FCUP, tenho de passar por vários laboratórios, dependendo do que estamos a fazer. Por exemplo, se temos a preparação de amostra, se for de rocha, tem de ser feita na área da moagem, se estamos na peneiração de solos temos de ir para o laboratório de Pedologia, ou se for para análise, temos os laboratórios de química orgânica.
Não há monotonia. Depois ainda tenho a componente lectiva, no âmbito dos contratos de investigação, e dou assistência pontualmente a algumas aulas. Estou também a orientar um estudante que está a terminar a licenciatura em Geologia.
Quais são os maiores desafios no seu trabalho?
Vou falar de dois desafios muito diferentes, mas que de facto são os maiores. Na Geologia, enfrentamos um desafio grande que é o desconhecimento das pessoas daquilo que nós fazemos. Às vezes até não é só nos locais, mas também até a própria comunicação social e público em geral têm um certo desconhecimento do que estamos a fazer. Veem pessoas isoladas a trabalhar e suspeitam sempre se estamos a fazer algo que não devíamos. Geralmente, quando lhes explicamos, elas facilmente percebem.
O outro desafio é transversal a outros investigadores que é a precariedade associada à nossa profissão que muitas vezes impede que as pessoas possam fazer planos a médio e longo prazo.
De que mais gosta na nossa faculdade?
O espírito académico. Esta faculdade tem um ambiente muito descontraído que se nota nos corredores. Temos um ambiente muito diversificado com um espírito grande de entreajuda. E outra coisa que aprecio muito é a vertente solidária desta faculdade: em vários momentos já se viu que a Faculdade de Ciências é muito solidária.
O que a inspira no seu dia-a-dia?
O que me inspira não é de agora. É de há muito tempo. O que me motiva numa perspetiva de trabalho é pensar nos professores que tive, na excelência dos meus colegas e professores. Se eles conseguem fazer tão bem, eu também tenho que desenvolver e tentar fazer bem e o melhor que eu puder.
Uma mensagem para a comunidade FCUP:
Procurem fazer aquilo que vos realiza. Dentro das áreas de formação da FCUP, certamente haverá muita diversidade de caminhos e há alguns que nos deixam mais felizes do que outros. Por isso, o meu conselho é que procurem fazer o que vos faz feliz.