Gonçalo tem 26 anos e entrou na Faculdade de Ciências pelo gosto pela Química. Natural de Vila do Conde, é trabalhador estudante e divide os seus dias entre a faculdade, o trabalho e o apoio ao estudo dos seus irmãos mais novos. Apesar das dificuldades em conciliar tudo, o balanço é positivo, até porque sente o apoio e a compreensão, tanto da parte dos professores como da entidade empregadora.

Prepara o seu futuro em lume brando, com o objetivo de fazer o que mais gosta.

No Dia Nacional do Estudante, assinalado a 24 de março, damos a conhecer percursos e histórias de estudantes da FCUP, diferentes realidades e perspetivas.

Porque decidiste estudar na FCUP? E o que motivou a escolha do teu curso?

Quando acabei o Ensino Secundário, não sabia muito bem o que estudar. Estive um ano na Universidade de Coimbra em Engenharia Mecânica, mas percebi que não era o que queria. Então estive um ano a trabalhar, sem estudar, para pensar bem que área queria seguir. Percebi que Química era o curso que mais me interessava porque sempre gostei dessa área.

Há quanto tempo é que concilias o trabalho e os estudos?

Em Coimbra tive bolsa de estudos. Quando voltei a estudar, já não tinha direito a bolsa e para também dar oportunidade aos meus irmãos, fiz acordo de voltar a estudar e ser eu a pagar os meus estudos. Estou a trabalhar a part-time na restauração, com horários rotativos. No meu trabalho, compreendem o facto de estar a estudar e então conseguem fazer um horário durante a semana que não me prejudique.

Vi que não estava a conseguir conciliar tudo e por isso estou a fazer o curso em regime parcial.

Gonçalo concilia o trabalho na área da restauração com a licenciatura em Química na FCUP. Foto: DR

Como é que o teu trabalho tem enriquecido a tua experiência académica ou vice-versa?

O facto de já trabalhar e ter de lidar com pessoas com diferentes personalidades ajuda-me no curso, em que várias unidades curriculares em laboratório e trabalhos de grupo.

Qual foi o momento mais desafiador que enfrentaste ao conciliar trabalho e estudos e como o superaste?

Não teve propriamente a ver com o trabalho, mas com o facto de ter parado um ano: quando eu entrei os meus colegas tinham as bases todas e era de um programa mais antigo. Senti diferença por aí.

As inscrições nas turmas abrem nos horários em que estou a trabalhar e quando me vou inscrever já não vou a tempo para as turmas com os melhores horários para mim. Tenho de falar com os professores, que são compreensivos, para não ir à turma que me inscrevi, mas sim à anterior, para ser mais fácil por causa do meu trabalho.

Acabamos por não ter muitas horas de sono. Como sou de Vila de Conde, tenho de me levantar mais cedo para apanhar o metro, ainda fazer algum percurso a pé para chegar à faculdade e depois nas aulas tenho de me esforçar para ouvir a matéria. Quando saio da faculdade, vou trabalhar e depois é que vou para casa.

Quais são os teus objetivos para o futuro?

Quero conseguir acabar o curso e quanto ao que vou fazer profissionalmente ainda estou dividido: por um lado gosto muito da investigação na área da Química Física e por outro, como tenho irmãos mais novos e sou eu que lhes explico a matéria e dou explicações, percebi que também gosto de ensinar e isso faz-me pensar em seguir o ensino.

Para ti, ser estudante da FCUP é…

Uma honra. Quando soube que tinha entrado na FCUP senti-me honrado por saber que ia estudar numa boa instituição de ensino.