Tem o nome de PoET (Paranal solar Espresso Telescope, ou Telescópio Solar do Espresso no Paranal – Chile) e é um telescópio solar que se prevê entrar em funcionamento em 2025. A FCUP irá ajudar na construção deste telescópio, fabricado na sua totalidade em Portugal e que será operado à distância a partir do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP).
O docente do Departamento de Física e Astronomia da FCUP e investigador do IA, Nuno Cardoso Santos, é o investigador principal do PoET. “A assinatura do contrato com o ESO foi um passo fundamental no desenvolvimento do projeto FIERCE, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), com os fundos a serem administrados conjuntamente pelo CAUP, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências (FCiências.ID)”, comenta. O projeto FIERCE (FInding Exo-eaRths: tackling the ChallengEs of stellar activity) procura resolver, de um novo ângulo, o problema do ruído estelar, ruído este que limita bastante a procura e caracterização de outras Terras no Universo.
O acordo para a instalação do PoET no Observatório do Paranal (Chile) do Observatório Europeu do Sul (ESO) foi recentemente assinado pelo diretor geral do ESO e a direção do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), enquanto instituição de acolhimento do polo da Universidade do Porto do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
“O PoET vai-nos permitir observar o Sol e injetar a sua luz no espectrógrafo ESPRESSO, do ESO, instrumento que foi já parcialmente desenvolvido pela equipa do IA. Ao fazê-lo, o PoET vai-nos dar acesso a dados únicos sobre a nossa estrela, que nenhum outro telescópio no mundo consegue obter”, esclarece Nuno Cardoso Santos. Deste modo, a nossa estrela pode ser usada como exemplo para identificar e compreender melhor as fontes do ruído que afetam os dados obtidos para outras estrelas do tipo solar.
Este telescópio solar está já na fase final de design e a construção da cúpula, no Observatório do Paranal, deve arrancar ainda este ano, com a instalação do telescópio planeada para antes do próximo verão.
Em paralelo, a equipa do IA está já a preparar a exploração científica dos dados que vão ser recolhidos. Este trabalho irá incluir vários investigadores e estudantes de doutoramento de diversas áreas, que vão desde a pesquisa de exoplanetas até à física solar e estelar. “É na interface destas várias áreas que esperamos conseguir encontrar respostas para os vários desafios”, remata o docente do DFA.