A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) assinalou, no passado dia 9 de outubro, o seu 113.º aniversário, de regresso ao nobre Auditório Ferreira da Silva, e num campus mais sustentável e amigo do ambiente, quase um ano depois de uma celebração em passagem pela casa-mãe, Reitoria da U.Porto.
A cerimónia, dedicada ao tema “A Ciência no ensino superior”, trouxe várias reflexões sobre a importância do ensino para a sociedade e a tecnologia e a necessidade de haver alterações e uma maior adaptação naquele que é um mundo em mudança.
Na abertura da sessão solene, a Diretora da FCUP, Ana Cristina Freire, fez questão de frisar as três dimensões e componentes da Ciência: transformadora, transdisciplinar e translacional. No seu discurso, referiu a evolução das Instituições do Ensino Superior (IES) em consequência das constantes transformações externas na sociedade. É necessária uma alteração de paradigmas em que se baseiam o ensino universitário e a investigação científica e também no modo como as IES se devem posicionar face à sociedade.
Uma mensagem muito frisada pelo orador convidado Pedro Nuno Teixeira, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e investigador do Centro de Investigação de Políticas de Ensino Superior que destacou o papel das IES numa altura de grande aceleração do nível tecnológico. Lembrou ainda que o futuro “exige maior qualificação” e defendeu que é necessário “reinventar o ensino superior para acompanhar as mudanças tecnológicas”.
“Repensar o perfil de conhecimentos, competências e literacias”
Com uma apresentação muito voltada para o impacto da digitalização do mercado de trabalho, o ex-secretário de Estado do Ensino Superior, que exerceu funções até abril deste ano, afirmou que irá haver, necessariamente, uma alteração das tarefas a desempenhar, pois, com a automação, o mundo do trabalho poderá mudar “radicalmente” e que o progresso tecnológico favorece naturalmente quem tem mais competências.
“Nunca houve tantas expectativas quanto ao papel da universidade num país como Portugal”, destacou, relativamente ao número crescente de alunos a optar por uma formação ao nível universitário. Em jeito de remate, ressalvou, por isso, a importância de antecipar as alterações que vão afetar o mercado de trabalho e já repensar o perfil de conhecimentos, competências e literacias relevantes na formação inicial.
Para além de Pedro Nuno Teixeira, também tomaram a palavra o Presidente da Associação de Estudantes, Bruno Cardoso, o colaborador Paulo Ferreira, representante dos colaboradores técnicos da FCUP e o Reitor da Universidade do Porto, António Sousa Pereira.
Uma distinção a dobrar
Numa cerimónia que contou com vários momentos de homenagem, houve ainda lugar para a distinção de dois docentes da FCUP que destacaram pelos seus contributos para o prestígio da Faculdade de Ciências, José Miguel Lameiras e Rolando Martins.
José Miguel Lameiras, docente do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território e arquiteto paisagista, tem desenvolvido projetos de parques verdes urbanos promotores de resiliência climática da cidade do Porto. Destaca-se a coordenação do projeto do Parque Alameda de Cartes, em Campanhã, recentemente inaugurado e a participação no desenvolvimento dos Parques do Campus Universitário da Asprela.
Já Rolando Martins, professor do Departamento de Ciência de Computadores e fundador de várias spin offs da Universidade do Porto ligadas à cibersegurança e democratização da Inteligência Artificial, tem sido Investigador Principal em projetos de investigação de grande relevância para a FCUP e para a Universidade do Porto, nomeadamente o Theia, em co-promoção com a Bosch, com um orçamento global de 28 milhões de euros.
Houve ainda tempo para entregar o prémio aos vencedores do Concurso de Fotografia que, este ano, que teve como tema “Campus FCUP: o nosso Olhar”. Destaque ainda para o trabalho do doutoramento em Matemática de André Cruz Carvalho, que mereceu o prémio atribuído pela Fundação Engenheiro António de Almeida.
Na sessão solene do Dia da FCUP também não faltaram momentos musicais, com a atuação da Ópera na Academia e na Cidade.
As celebrações dos 113 anos da FCUP terminaram com uma atuação muito especial e conjunta das duas tunas da faculdade: a Cientuna e a Tuna de Ciências do Porto.