O novo programa CaixaImpulse Inovação em Saúde, da Fundação «la Caixa» em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e colaboração do BPI, financiou nove projetos de investigação biomédica portugueses, sendo que um deles conta com a participação da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), através da docente e investigadora Fernanda Borges e do investigador Daniel Chavarria.
Esta equipa da FCUP integra o projeto “Novos medicamentos que modulam as modificações da tubulina para melhorar o tratamento com Taxol no cancro da mama“, num consórcio liderado por Sónia Silva, investigadora do grupo «Chromosome Instability & Dynamics» do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), e que conta também com o investigador Helder Maiato, igualmente do i3S, e com o investigador Sérgio Sousa do BioSIM, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
O projeto centra-se nos microtúbulos, estruturas poliméricas que desempenham um papel crucial nos processos celulares e que estão frequentemente desregulados nas células tumorais, o que os torna um alvo muito eficaz para os tratamentos oncológicos.
De acordo com a líder do projeto, Sónia Silva, “os medicamentos que têm como alvo estas estruturas, como o Taxol, alteram a sua função normal, impedindo a divisão e a proliferação das células tumorais, sendo, por isso, eficazes nos tratamentos de quimioterapia. No entanto, estes medicamentos estão associados a efeitos secundários graves e os tumores desenvolvem frequentemente resistência a este tipo de fármacos, conduzindo a metástases, que continuam a ser a principal causa de mortalidade dos doentes”.
Em investigações recentes, a equipa que vai desenvolver este projeto descobriu uma relação causal entre modificações específicas das tubulinas, os blocos de construção dos microtúbulos, e o grau de sensibilidade das células tumorais ao Taxol. Este projeto, explica Sónia Silva, “visa identificar novos compostos que possam alterar uma modificação crítica sofrida pelas tubulinas, aumentando assim a sua sensibilidade à quimioterapia à base de Taxol”.
FCUP na otimização dos compostos
A equipa da FCUP irá desempenhar um papel fundamental na síntese e otimização dos compostos identificados, cuja atividade anticancerígena e perfil de segurança serão posteriormente avaliados pela equipa do i3S.
A participação dos investigadores do Departamento de Química e Bioquímica da FCUP neste projeto tem origem na identificação de um composto promissor, em estudos preliminares desenvolvidos com a equipa do i3S através da triagem das suas livrarias de compostos num ensaio de High Throughput Screening (HTS), no âmbito do consórcio da PT-OPENSCREEN. Neste projeto, a equipa da FCUP irá otimizar este composto, em conjunto com o investigador Sérgio Sousa, através do uso de métodos in silico.
Segundo os investigadores, o objetivo final é “desenvolver novas estratégias de tratamento personalizadas e mais eficazes para tratar o cancro da mama, reduzindo simultaneamente os efeitos secundários do Taxol”.
O projeto, a ser desenvolvido nos próximos dois anos, encontra-se na fase 1, em termos de “maturidade”, ou seja está numa “fase de criação de prova de conceito” na sequência de descobertas científicas. A Fase 1 destina-se a apoiar projetos que estejam a gerar uma prova de conceito da hipótese de valor de descobertas científicas para um ou mais potenciais ativos e a iniciar a procura de proteção dos direitos de PI, atribuindo um financiamento de até 50 mil euros.