Uma equipa de docentes, estudantes e investigadores da FCUP e do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) participa no projeto europeuEMPHATIC – E-DNA, Microbiomas, Fotogrametria e Hormonas – Técnicas de Avaliação em Cetáceos”, que promete inovar na monitorização da distribuição e do estado de saúde dos cetáceos.

O objetivo deste projeto – que integra o CIIMAR entre os seis parceiros oriundos de quatro países diferentes – é desenvolver protocolos e estudar novos indicadores relevantes para compreender o estado das populações de cetáceos. Em paralelo, pretende disponibilizar estas ferramentas e resultados para responder às necessidades das políticas ambientais da atualidade.

“Os primeiros protocolos focaram-se sobretudo na otimização de metodologias para análise do microbioma e do conteúdo hormonal de sopros, como indicadores de saúde dos cetáceos, e no aprimoramento de tecnologias de ADN ambiental como ferramenta não invasiva para avaliar a distribuição e ocorrência destas espécies”, explica Catarina Magalhães, docente do Departamento de Biologia da FCUP (DBIO-FCUP) e Investigadora Principal do CIIMAR no projeto EMPHATIC

A investigadora esclarece ainda que o ano de 2024 “foi crucial para o delineamento da estratégia de Gestão de Dados, Disseminação e Envolvimento com Stakeholders, aspetos fundamentais para o bom progresso do projeto. Paralelamente, estamos na fase final de desenvolvimento do website do projeto, uma ferramenta essencial para comunicar o nosso trabalho à sociedade”.

Todos os protocolos e as metodologias desenvolvidos no projeto serão compilados numa ferramenta de monitorização para a avaliação da diversidade, distribuição e estado de saúde dos cetáceos. Esta ferramenta incluirá também elementos de capacitação e será distribuída diretamente a entidades relevantes, incluindo decisores políticos e organismos regionais responsáveis por avaliações ambientais, a nível nacional e europeu.

Soluções inovadoras para salvar os oceanos

Em concreto, este projeto pretende implementar novas abordagens que complementam as técnicas tradicionais de monitorização de cetáceos, como o uso ADN ambiental (eDNA), análise hormonal e de microbiomas, assim como a fotogrametria. 

Com o recurso ao eDNA recolhido de amostras ambientais em locais estratégicos, será possível conhecer a distribuição e diversidade das espécies de cetáceos e avaliar o seu estado e variações. Também a fotogrametria, que recorre a fotografias para estudar parâmetros métricos como a forma, dimensões ou a posição destes animais, fará uso veículos aéreos não tripulados (UAVs) para avaliar vários parâmetros da condição corporal das espécies em estudo.

Outras tecnologias, concebidas para serem minimamente invasivas e aplicáveis a animais vivos, irão analisar o microbioma do trato respiratório dos animais para determinar o estado geral de saúde dos indivíduos, assim como o seu estado hormonal para revelar os seus níveis de stress.

Com duração até 2027, o EMPHATIC, liderado pelo Instituto de Investigação Marinha do Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha (IIM-CSIC), representa um passo significativo no intuito comum de proteger os oceanos, nomeadamente os cetáceos, contribuindo para um planeta mais saudável.

Da equipa FCUP e CIIMAR, fazem ainda parte a docente do DBIO-FCUP e investigadora Isabel Sousa Pinto, a estudante do Programa Doutoral em Biologia, Cláudia Rodrigues e a investigadora Ana Mafalda Correia. Integram ainda este grupo de investigação Raul Valente, Luís Afonso, Lourenço Pinto, Benjamín Costas, Maria Paola Tomasino e Joana Costa.

Além do IIM-CSIC e do CIIMAR, o projeto conta com a participação do Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO-CSIC, Espanha), da Universidade de La Rochelle (LRUniv, França), da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM, Portugal) e da Fundação de Investigação CIMA (Itália).

O projeto EMPHATIC é financiado no âmbito do concurso conjunto BiodivMon 2022-2023 da Biodiversa+ (Parceria Europeia para a Biodiversidade), com cofinanciamento da Comissão Europeia, da Fundação Biodiversidade (FB, Espanha), da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT, Portugal), da Agência Nacional de Investigação (ANR, França) e do Ministério da Universidade e Investigação (MUR, Itália).

 

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