Dezenas de estudantes da Faculdade de Ciências (FCUP) e da Faculdade de Arquitetura (FAUP) da Universidade do Porto participaram, ao longo de uma semana, num hackathon no Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto). O objetivo? Gerar ideias para um jardim terapêutico, promotor de saúde e bem-estar: um espaço terapêutico e de brincar, focado na recuperação dos utentes, em especial das crianças em tratamento.
Na manhã de 11 de abril, foram apresentadas as nove propostas desenvolvidas pelas equipas multidisciplinares no âmbito da HealthScape’25 – a terceira edição de uma iniciativa académica liderada pela FCUP que junta estudantes, docentes, tutores e voluntários com a missão de pensar soluções para espaços públicos da cidade do Porto.
“O trabalho que apresentaram é inspirador e comovente”, reforçou, na cerimónia de encerramento, o presidente do Conselho de Administração do IPO do Porto, Júlio Oliveira.
Não escondendo a emoção, Júlio Oliveira reforçou a importância e a urgência de “criar ambientes que reduzam o stress” dos utentes e promovam o seu bem-estar. “Tem de ser já”, apelou.
As propostas premiadas
A proposta vencedora, intitulada Healing Grounds: Terras de Cura, incluiu uma rede de jardins em torno do campus hospitalar: zonas exteriores projetadas com especial atenção às crianças e aos idosos, duas faixas etárias com necessidades muito específicas no contexto hospitalar.
O projeto foi assinado pelos estudantes Mafalda Mendes, Anna Carolyne Silva, Ana Sofia Ferreira, Carolina Félix, Edgar Garcia Monteiro, Fábio Lopes, Madalena Hörnig e Marta Ribeiro Dias.
Em segundo lugar ficou a proposta Paths to Recovery, da autoria de Márcia Ferreira Lopes, João Gustavo de Oliveira, Samanta Moreira, Francisco Inácio Pinto da Silva, Rita Oliveira Raimundo, Inês Maneca, Daniela Neves e Luísa Silveira.
Neste trabalho, destacaram-se os espaços de brincar para crianças e o jardim com o logotipo do IPO.
A fechar o pódio, em terceiro lugar ficou o projeto Healing Flow: cuidar, curar e viver, criado por Rita Paralvas, José Nogueira Gonçalves, Pedro Jesus, Beatriz Magalhães Coelho, Margarida Madureira, Marta Pinto Ferreira, Ana Rita Pinto, Carolina Ribeiro Lemos e José Ferreira.
Reinventar o exterior do IPO num oásis terapêutico, verde e inclusivo foi a proposta da equipa, Para tal, propõe uma área de estacionamento modular superior aos edifícios existentes, aumentando assim a permeabilidade do solo e resiliência do espaço às alterações climáticas, nomeadamente cheias.
Foram ainda atribuídas menções honrosas aos projetos Caminho da Esperança, Crimson Crossing e Vitafluxo.
A pensar na saúde e no bem-estar dos utentes
O HealthScape’ 25, decorreu entre os dias 7 e 11 de abril. Nesse período, os estudantes visitaram os diferentes espaços do IPO do Porto e foram ouvir as crianças em tratamento. “Elas também fazem parte deste trabalho e ajudaram-nos com ideias”, referiu, na cerimónia de encerramento, José Miguel Lameiras, arquiteto paisagista, docente da FCUP e mentor do evento.
Para desenvolverem as respetivas ideias/propostas, os estudantes utilizaram tecnologia de realidade aumentada e óculos de realidade virtual, redesenhando os espaços sob as perspetivas dos utentes e familiares e profissionais de saúde, focado na saúde e no bem-estar.
Nas propostas apresentadas, o desafio foi também o de libertar espaço pavimentado, dando lugar a espaço permeável para os jardins, através da conceção de um silo de estacionamento.
No processo foram ainda desenvolvidas ideias para a recuperação da ribeira da Asprela (um curso de água que atravessa o terreno do IPO), promotoras da resiliência climática através da mitigação dos riscos de cheia e temperaturas elevadas.
As ideias dariam assim continuidade ao trabalho desenvolvido entre a Universidade do Porto e o Município do Porto no Parque Central da Asprela e no Parque da Quinta de Lamas.
“A convergência de vontades é um catalisador fundamental”
A cerimónia final do HealthScape contou com a presença dos vários parceiros e também com as intervenções do Presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente, José Pimenta Machado, do vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, Filipe Araújo, dos diretores da FCUP e da FAUP, Ana Cristina Freire e João Pedro Xavier, de Teresa Cálix, docente da FAUP que coordenou a iniciativa nessa faculdade, e do Pró-Reitor para a Gestão e Manutenção do Edificado da Universidade do Porto, Mário Pimentel .
“A convergência de vontades entre instituições académicas, municipais e hospitalares é um catalisador fundamental para transformar ideias em realidade”, remata José Miguel Lameiras”.
No final do evento, uma vontade expressa por todos: encontrar o financiamento necessário para que estas ideias – pensadas como sementes – possam mesmo ser plantadas e em breve ganhem forma num jardim real.
Esta iniciativa teve como parceiros o IPO do Porto, a FCUP, a FAUP, a Câmara Municipal do Porto, as Águas e Energia do Porto e o projeto europeu Cocoon e contou com o apoio da empresa Diaplant.