O estudante António Xavier Correia, atualmente a frequentar o Programa Doutoral em Química, foi distinguido com o Prémio Cidadania Ativa 2025, atribuído pela Universidade do Porto, na categoria de “Empreendedorismo” pelo trabalho de investigação no âmbito do desenvolvimento de terapias alternativas para o tratamento da Doença de Parkinson (DP).
O investigador ajudou a desenvolver terapias mais seletivas para esta doença e com menos efeitos secundários, que permitam diminuir as doses terapêuticas de levodopa – o fármaco de eleição para o tratamento da DP, mas que precisa de ser combinado com outros medicamentos. O objetivo é apresentar alternativas para diminuir os seus efeitos adversos, ou até mesmo de forma a substituir o uso de levodopa e agonistas dopaminérgicos nos estados iniciais da doença, produzindo uma contribuição relevante para a sociedade.
O uso crónico da levodopa diminui a sua eficácia ao longo do tempo, implicando o aumento das doses terapêuticas e, consequentemente, o aumento dos seus efeitos adversos que, frequentemente, podem piorar a condição dos pacientes, principalmente em estados avançados da DP. Para além disso, o grande número de medicamentos utilizados neste regime terapêutico podem causar confusão aos pacientes, que muitas vezes têm demência associada à DP, e às pessoas que fazem o seu acompanhamento em casa.
Trabalho com forte impacto na sociedade
“Este projeto revela um grande impacto para a sociedade, apresentando potencial para melhorar o estado de saúde e a qualidade de vida dos indivíduos, e consequentemente diminuindo o fardo económico provocado pela DP e outros transtornos neurológicos relacionados com a dopamina”, destaca o estudante na sua candidatura ao prémio. “Descobrimos vários compostos bioativos e no desenvolvimento de rotas sintéticas baratas e escaláveis para a produção de heterociclos com interesse industrial e na otimização de reações para evitar a utilização de reagentes altamente tóxicos, contribuindo, assim, não só para a sustentabilidade química, mas também para facilitar a aplicação industrial da tecnologia, comparando favoravelmente com metodologias clássicas“, detalha.
O potencial terapêutico desta tecnologia aplica-se também a transtornos neurológicos relacionados com a dopamina, como é o caso da depressão, discinesia tardia, síndrome das pernas inquietas, dependência de drogas e outros vícios, obesidade e défices de atenção, entre outros.

Foto: Egídio Santos
O elevado nível de inovação e maturação desta tecnologia resultou já em pedidos de patente em Portugal (PT119904) e em Espanha (P202530122).
Trabalho âmbito do projeto de investigação Dynapro
O jovem investigador integrou uma equipa de cientistas liderada por Ivo Dias, no âmbito do projeto de investigação financiado pela FCT intitulado DynaPro: Probing Dynamic Chirality to the Rescue of Melanostatin in Parkinson’s Therapy (2022.01175.PTDC), que decorreu entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024. Parte da sua dissertação do mestrado em Bioquímica, na FCUP, foi realizada também neste âmbito com a síntese orgânica e caracterização estrutural de vários compostos bioativos que foram posteriormente caracterizados toxicologicamente e farmacologicamente.
“Este prémio representa o reconhecimento de todo o tempo e dedicação que investi neste projeto e dos excelentes resultados científicos que foram obtidos”, comenta o estudante da FCUP e investigador do Laboratório Associado para a Química Verde – LAQV-REQUIMTE.
Sobre o Prémio Cidadania Ativa
O Prémio Cidadania Ativa da Universidade do Porto, criado em 2014, distingue os estudantes que se destacam pelo seu papel cívico extracurricular.
A distinção, que visa reconhecer projetos de relevância nas áreas da solidariedade social, empreendedorismo, políticas pedagógicas, desporto, saúde e bem-estar, e defesa do ambiente, inclui uma menção no diploma e um prémio monetário no valor de mil euros.