Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE) propõe-se a regenerar três culturas pouco exploradas do Nordeste Transmontano: a lentilha, o tremoceiro e o trigo-sarraceno; e a reformular e reinventar novos alimentos a partir delas, enriquecendo-os com os benefícios das águas termais.
O projeto “3Rs-Regenerar, Reformular e Reinventar: culturas esquecidas para alimentos saudáveis e sustentáveis” está entre os premiados da iniciativa Projetos de I&D mobilizadores, no âmbito no domínio temático de Novas culturas e produtos naturais do Programa Promove – O futuro do Interior, financiado pela Fundação La Caixa, e realiza-se em colaboração com o município de Macedo de Cavaleiros.
“Este projeto surgiu com o intuito de promover a biodiversidade, explorar recursos endógenos e desenvolver alimentos mais saudáveis e sustentáveis”, descrevem as investigadoras responsáveis pelo projeto Ana Fernandes e Joana Oliveira, do LAQV-REQUIMTE, e Iva Fernandes, do LAQV-REQUIMTE e também docente da FCUP.
Um dos objetivos é criar produtos apelativos para que essas culturas voltem a ser mais utilizadas, tornando-se rentáveis aos agricultores. “Se produzirem trigo-sarraceno vão ter mercado para adquirirem os seus produtos.”, exemplificam.
Trata-se de uma estratégia, destacam as cientistas, “do campo à mesa”: “tentamos implementar culturas que sejam benéficas para o ambiente socioeconómico daquela região, mas que também sejam vantajosas para o consumidor em relação ao tipo de alimentos que vão passar a ingerir”.
Entre as várias tarefas a realizar nos próximos três anos estão a criação de orientações para fornecer aos agricultores sobre como cultivar de forma rentável as culturas da lentilha, do tremoceiro e do trigo-sarraceno e o estudo e desenvolvimento de novos produtos a partir desses alimentos em combinação com a água termal, que é característica da cidade de Chaves.
A equipa da FCUP e LAQV-REQUIMTE, da qual também faz parte o docente e investigador, Victor Freitas, irá caracterizar o perfil nutricional e físico-químico de culturas agrícolas e avaliar o impacto dos processos biotecnológicos na produção de novos alimentos e o seu potencial efeito para a saúde humana. Assim saberão como melhor tomar partido destes elementos no desenvolvimento de novos produtos que também nascerão na Faculdade de Ciências, entre pães, massas alimentícias, bebidas funcionais, queijos, etc.

A equipa de investigadoras responsável pelo projeto integra (da esquerda para a direita) Joana Oliveira, Iva Fernandes e Ana Fernandes.
Este projeto, financiado em cerca de 310 mil euros, é multidisciplinar e agregador de conhecimento e ambiciona o desenvolvimento socioeconómico regional e nacional. Suportado por um consórcio de entidades complementares, nomeadamente o LAQV-REQUIMTE, CIMO-Centro de Investigação de Montanha, AquaValor -Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia da Água e a empresa BIOLOCAL.