Um estudo que acaba de ser publicado na revista ZooKeys, que tem como primeira autora Costanza Piccoli, estudante Programa Doutoral em Biodiversidade, Genética e Evolução da FCUP, revela a descoberta de uma nova espécie de osga no planalto centro-sul de Madagáscar.
A nova espécie pertence ao género Paroedura e foi encontrada em zonas rochosas rodeadas por pequenas áreas florestais da Reserva de Anja e de Tsaranoro, no planalto centro-sul de Madagáscar. Esta zona é também muito conhecida dos escaladores pelas suas enormes cúpulas graníticas.
Sendo uma espécie especialista em deslocar-se em zonas rochosas, foi batizada com o nome científico Paroedura manongavato, resultante das palavras Malagasy “manonga” (trepar) e “vato” (rocha).
“A descrição desta espécie representa mais um passo no crux (na gíria da escalada, a secção mais difícil de uma via) da resolução taxonómica deste género de osgas, que atinge um total de 25 espécies descritas, todas vivendo exclusivamente em Madagáscar e Comores”, refere Costanza Piccoli, que está a desenvolver a sua investigação no grupo BIOEVOL do BIOPOLIS-CIBIO.
Até ao momento, as análises morfológicas e genéticas indicam que esta espécie só se encontram nestas duas manchas florestais isoladas. Estes locais, distam cerca de 25 quilómetros e apresentam uma morfologia peculiar, com enormes blocos graníticos junto a falésias rochosas e rodeados de vegetação.
A sobrevivência de P. manongavato, considerada como espécie microendémica por estar restrita a uma área de distribuição muito estreita, depende assim da preservação destas pequenas manchas florestais.
Os autores do estudo propuseram uma avaliação do seu estatuto de conservação como Criticamente em Perigo, uma categoria atribuída a espécies ameaçadas de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza.
Este estudo evidencia a importância da realização de inventários herpetológicos em Madagáscar de forma a melhorar a nossa compreensão da diversidade das espécies de repteis de Madagáscar.