A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) lidera o consórcio internacional responsável por um projeto pioneiro, financiado em 4.5 milhões de euros, que dará uma visão inédita do impacto da exploração mineira, no solo e na água. Para isso, os investigadores vão utilizar técnicas não invasivas de observação da Terra a partir do espaço, com satélites, drones e outras tecnologias geoespaciais.

“Este é um trabalho pioneiro de investigação que vai explorar a interface entre a água e a terra em termos de prospeção”, conta Ana Cláudia Teodoro, docente e investigadora do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da FCUP, coordenadora do projeto S34I.

A primeira paragem para trabalho de campo será nas Rias Baixas, na Galiza, Espanha. “O objetivo é perceber a transição entre o meio terrestre e o marítimo”, descreve a engenheira geógrafa da FCUP que se especializou em deteção remota nas zonas costeiras.

Este é um dos principais desafios de um projeto de investigação que irá abranger todas as fases do ciclo de vida da mineração, a nível da exploração de matérias-primas críticas como o cobalto, o cobre e o níquel. Ao serviço dos investigadores estarão veículos autónomos submarinos, diversos equipamentos e novos sensores hiperespectrais.

O S34I, financiado pelo programa europeu Horizonte, arranca já este mês de fevereiro e decorre até 2025, altura em que estarão finalizadas um conjunto de recomendações, informações e soluções destinadas à indústria mineira, com impacto na sustentabilidade.

“Queremos contribuir para uma transição verde, mas também para apoiar a aceitação social da mineração e para uma melhor legislação”, detalha Ana Cláudia Teodoro.

Os resultados deste trabalho de investigação serão validados em diferentes locais e em diferentes fases do ciclo de vida da mineração: prospeção em “terra” em Espanha; prospeção costeira na costa atlântica da Península Ibérica; fase de extração na Áustria e fase de encerramento e pós-encerramento na Finlândia e na Alemanha.

No total, o consórcio conta com 19 parceiros, de 12 países da União Europeia, entre academia, empresas, centros de investigação e serviços geológicos nacionais.

Da equipa da FCUP fazem ainda parte os docentes Alexandre Lima e Clara Vasconcelos.