Sónia Rocha, professora convidada do Departamento de Microscopia do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto, viu recentemente aprovado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) um financiamento de cerca de 200 mil euros, que vai aplicar num estudo no domínio da parasitologia de peixes.

Com início previsto para o primeiro trimestre de 2021, o projeto MyxOmics surge na continuidade do projeto de doutoramento em Ciências Biomédicas que Sónia Rocha concluiu no ICBAS, em 2019. O objetivo passa agora por expandir a investigação em espécies parasitas do grupo Myxosporea, usando ferramentas genómicas.

A realização destes estudos é dificultada pela falta de conhecimento relativo ao ciclo de vida e hospedeiros invertebrados da maioria das espécies de mixosporídeos, nomeadamente no contexto da aquacultura. Durante os últimos anos, a equipa que conseguiu financiamento para este projeto adquiriu experiência que permitiu o esclarecimento de ciclos de vida e de interações parasita-hospedeiro.

Surge assim o projeto MyxOmics, cujo principal objetivo será investigar os mecanismos que regem o reconhecimento e invasão do peixe hospedeiro, mediante uma melhor compreensão da dinâmica do ciclo de vida e subsequente estudo dos padrões de expressão genética envolvidos na ativação dos actinosporos. O estudo será realizado em peixes de elevado valor comercial para a aquacultura portuguesa.

“Ficamos muito contentes e entusiasmados em poder desenvolver o nosso projeto, pois acreditamos que o incremento do conhecimento disponível para a interação entre os mixosporídeos e os seus peixes hospedeiros certamente constituirá uma contribuição valiosa para estudos futuros que pretendam desenvolver estratégias profiláticas e terapêuticas mais eficazes no controlo das mixosporidioses a nível mundial”, projeta Sónia Rocha.

Sónia Rocha tem dedicado o seu trabalho de investigação ao estudo das espécies parasitas de peixes. (Foto: DR)

Para além da investigadora do ICBAS e do i3S, o projeto envolve também Pedro Rodrigues, na qualidade de co-PI e Vice-reitor da U.Porto, e João Neves, investigador do i3S e docente do ICBAS. A estes juntar-se-ão ainda: Pedro Pousão, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e responsável pela Estação Piloto de Piscicultura de Olhão (EPPO); Luís Filipe Rangel, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR); Graça Casal, da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU) e professora afiliada do ICBAS; e Ângela Alves, do Departamento de Microscopia do ICBAS.

A instituição proponente do projeto e unidade de investigação principal é o i3S. O CIIMAR e IPMA são instituições participantes, ao passo que o ICBAS assume o papel de unidade de investigação adicional.

Sobre Sónia Rocha

Para além do doutoramento em Ciências Biomédicas, Sónia Rocha é mestre (MSc) em Ciências do Mar – Recursos Marinhos com especialização em Biologia e Ecologia Marinhas (2011) e licenciada em Ciências do Meio Aquático (2009) pelo ICBAS.

Atualmente, é professora auxiliar convidada do Departamento de Microscopia do ICBAS e investigadora do grupo Iron & Innate Immunity do i3S.

Autora de cerca de 45 artigos científicos originais em revistas internacionais indexadas e dois capítulos de livros, colaborou com mais de 35 investigadores nacionais e internacionais em coautorias de artigos científicos focados, sobretudo, na sistemática, biologia, evolução e filogenia de microparasitas pertencentes aos filos Myxozoa, Microsporidia e Apicomplexa.