“Vegetarianos podem ter menos doenças cardíacas, mas maior risco de AVC”. A notícia foi difundida no início de setembro em vários órgãos de comunicação social nacionais e despoletou imediatamente “ondas de choque” na opinião pública, sobretudo através das redes sociais. Mas será que a informação veiculada era verdadeira, ou cientificamente correta?

É para fazer este “exame” que a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) , em parceria com a Direção-Geral de Saúde (DGS), acaba de lançar o “Pensar Nutrição”, um site inovador que se propõe a “refletir sobre o estado da nutrição em Portugal e a fazer fact-checking das principais notícias na área”.

“Se num passado recente, a maior parte da população tinha uma enorme escassez de informação científica sobre o que comer, hoje, a informação é abundante, embora permaneça, de um modo geral, de muito má qualidade fazendo com que cresça a desinformação e a informação importante permaneça pouco visível”, explica Pedro Graça, diretor da FCNAP. Uma situação “agravada com o advento da internet e das redes sociais, existindo muitos milhares de profissionais de saúde e não só, interessados no tema e a comunicar diariamente sobre nutrição, difundindo estes conceitos para toda a população”.

Dar voz a quem sabe

É neste contexto que o “Pensar Nutrição” pretende ser “um espaço de informação transparente e independente na área da alimentação e nutrição”, resultado do contributo de docentes, investigadores e alumni da FCNAUP. “Esta é uma rede de pessoas que comunicam sobre alimentação baseada na mais recente evidência científica. Queremos que a nossa opinião também tenha voz”, completa Pedro Graça, em declarações à agência Lusa.

Dos conteúdos que alimentam o site, destaca-se então a secção de fact-checking nutricional, focada na “análise crítica de alguns factos selecionados que vão marcando o dia-a-dia na área da nutrição”. Para tal, a veracidade das notícias é avaliada de acordo com um sistema baseado em três etiquetas de classificação (Verdadeiro, Impreciso e Falso).

Dirigido a toda a população, o “Pensar Nutrição” tem como ambição chegar também a “colegas de outras áreas, investigadores e até jornalistas”, que ali podem encontrar um “meio de sustentação para os seus trabalhos”.